Petrobras (PETR4): Com ruído político, XP recomenda compra ao ver ações ‘ainda mais baratas’

A Petrobras (PETR4) sofreu uma nova mudança no seu comando, com a demissão do presidente na noite desta segunda-feira (23). Com o ‘barulho político’ e a provável oscilação nas ações, a XP Investimentos vê uma janela de compra.

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Segundo o relatório da XP, a demissão do atual presidente da Petrobras não deve impactar a política de preços e as regras de governança atual impedem mudanças drásticas dentro da estatal.

Nesse contexto, a casa projeta uma valorização de 32% para as ações da Petrobras e mantém recomendação de compra com preço-alvo de R$ 47,80. O otimismo também se estende às ADRs, listadas em NY, que têm preço-alvo de US$ 18,40.

“Mesmo com tanto barulho político, ainda vemos o caso da Petrobras como assimétrico, respaldado por um múltiplo muito baixo (2,4x EV/EBITDA 2022 ante 3,4x das grandes petrolíferas ocidentais) e um forte fluxo de dividendos (yield de 24 % para 2022 e ~100% para os próximos 5 anos)”, diz o parecer da corretora, assinado pelo Head de Óleo, Gás e Materiais Básicos, André Vidal, e pela analista de política Junia Gama.

Segundo a análise, a Lei das Estatais e o estatuto da Petrobras ‘blindam’ possibilidades de interferência, além de evitarem um possível subsídio aos combustíveis como foi feito no passado.

Ainda assim, a casa destaca o caráter negativo da notícia por conta da “rotatividade de executivos”, já que o atual presidente da petroleira ficou somente 40 dias no cargo.

A ‘ressalva’ é que o indicado pelo governo, Caio Paes de Andrade, é “fortemente ligado a Paulo Guedes“, que não é a favor de mudanças na política de preços de combustíveis da Petrobras. Os analistas destacam que, no cenário atual, Guedes ganha a ‘queda de braço’ ao manter sua influência na estatal, atualmente a maior companhia do Brasil.

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Já em fevereiro, durante a demissão de Silva e Luna, Guedes havia sugerido o nome de Andrade, que foi vetado pelo então ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Contudo, no início deste mês, logo após a alta do diesel, Albuquerque foi exonerado do MME pelo presidente Jair Bolsonaro (PL). Agora a pasta é comandada por Adolfo Sachsida, que era ex-secretário de Guedes.

“Guedes consegue voltar a ter influência sobre a empresa — algo que perdera desde que Castello Branco foi demitido ano passado. Uma troca que tem mais a ver com a relação de confiança entre esses atores do que uma sinalização de que algo irá mudar”, diz a XP.

“A princípio, a mudança deve ter os mesmos efeitos que no comando do MME: trocam-se os chefes, mas as políticas permanecem as mesmas. Na nota oficial, a pasta finaliza dizendo que o governo ‘renova o seu compromisso de respeito à governança da Empresa, mantendo a observância dos preceitos normativos e legais que regem a Petrobras”’, segue.

A corretora conclui que, no que depender de Paulo Guedes e Sachsida, a solução para combater a volatilidade dos preços dos combustíveis não passará por uma alteração na política de preços da Petrobras.

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Entenda a ‘dança das cadeira da Petrobras’

Com a demissão feita pelo Planalto, José Mauro Coelho foi dispensado do cargo e deve ser substituído por Caio Mário Paes de Andrade – que ainda deve ter seu nome aprovado pelo Conselho de Administração da companhia.

A decisão de Bolsonaro vem em meio a novas críticas do presidente no que tange às mudanças e reajustes da estatal.

Apesar de negar a possibilidade de interferir na política de preços e da ‘blindagem’ por meio de leis e regras de governança, o presidente já havia criticado presidentes e executivos por conta de decisões do gênero, como quando pediu para que Silva e Luna “aguardasse mais um dia” antes do reajuste de preço na gasolina, o que não foi feito.

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Da mesma forma, na gestão atual, que ficou somente 40 dias, as críticas seguiram.

“A Bolívia cortou 30% do nosso gás para entregar para a Argentina. Como agiu a Petrobras nessa questão também? O gás, se tiver que comprar de outro local, é 5 vezes mais caro. Quem vai pagar a conta? E quem vai ser o responsável? É um negócio que parece orquestrado para exatamente favorecer vocês sabem quem”, disse Bolsonaro a apoiadores recentemente.

Desempenho de PETR4

No pregão da véspera, antes da troca de presidente, que foi anunciada no fim do dia, as ações preferenciais da Petrobras, PETR4, tiveram alta de 11%. A cotação, contudo, sofre influência dos dividendos da companhia, que gera oscilação por conta dos ‘descontos’.

Da mesma forma, a queda de 12% nas ADRs da Petrobras listadas em Nova York apresentam queda de 12% em meio à data corte de dividendos. Ou seja, a oscilação é fruto principalmente dos dividendos, mas também conta com as reação dos mercado ante a mudança de presidente.

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Eduardo Vargas

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