Petrobras (PETR4): variação do preço do petróleo teve grande impacto nas operações no 2T23, diz diretor-financeiro
Em teleconferência de resultados realizada na manhã desta sexta-feira (4), o diretor-financeiro e de relações com investidores da Petrobras (PETR4), Sérgio Caetano Leite, disse que a variação do petróleo Brent impactou as operações da estatal no segundo trimestre, mas que a companhia segue com resultados robustos.
Entre os meses de abril e junho, a Petrobras registrou um lucro líquido de R$ 28,782 bilhões, queda de 47% na comparação com o mesmo período de 2022, influenciada especialmente pela redução média de 4% nos preços do petróleo Brent e de 40% nos crack spreads internacionais de diesel, além da menor receita com exportações.
Na teleconferência, Leite destacou que a variação do petróleo do tipo Brent, que teve uma queda anual de 31% entre os meses de abril e junho, impactou as operações da estatal. Mesmo assim, apesar das adversidades externas, ele garantiu que a companhia segue com resultados robustos.
O diretor financeiro afirmou também que a Petrobras inaugurou uma nova gestão de portfólio, visando o longo prazo. “Trabalharemos com desinvestimentos, investimentos e parcerias”, disse, acrescentando que contratos de desinvestimentos serão mantidos.
Petrobras: política de dividendos prevê pagamentos extraordinários
Na sequência dos resultados divulgados na quinta-feira (3), o conselho de administração da Petrobras aprovou o pagamento de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP), no montante de aproximadamente R$ 15 bilhões, ou R$ 1,149304 por ação, tanto para as ordinárias quanto para as preferenciais.
Segundo o diretor financeiro, a atual política de dividendos prevê o pagamento de dividendos extraordinários, mas que a decisão vai depender da análise das finanças da companhia no curto, médio e longo prazo.
“Essas análises vão ficar para o fim do ano, quando teremos uma visão melhor para 2023”, pontuou Leite, acrescentando que o excesso de caixa pode ser usado para isso. “O nível de caixa está confortável e não há perspectiva de mudança radical de gestão de caixa“.
Programa de recompra de ações pode ser concluído antes do prazo
Em fato relevante divulgado nesta sexta-feira (4), a Petrobras aprovou um programa de recompra de até 157,8 milhões de ações preferenciais pelo prazo de 12 meses, o equivalente a 3,5% do total de ações em circulação (“free float“) da companhia.
Segundo a estatal, o programa tem por objetivo “a aquisição de ações preferenciais de emissão da Petrobras, para permanência em tesouraria com posterior cancelamento, sem redução do capital social”.
Na teleconferência, o diretor financeiro afirmou o programa piloto terá duração de doze meses, mas que a companhia espera concluí-lo antes do prazo. “A ideia é que ele não provoque grandes flutuações de preço. É a primeira vez usando recompra como remuneração aos acionistas”.
‘Negócio atraente’, diz Petrobras sobre Braskem
No início de julho, a Petrobras solicitou acesso ao virtual data room da Braskem (BRKM5), iniciando o processo de due diligence, ou seja, uma análise mais profunda e completa sobre os números da Braskem.
Apesar disso, tanto a diretoria executiva quanto o conselho de administração da Petrobras não tomaram qualquer decisão sobre o processo de venda ou de aumento de participação na petroquímica.
De acordo com Sérgio Leite, a Petrobras enxerga a questão da Braskem de forma estratégica. “É um negócio atraente e alinhado à nossa estratégia de longo prazo. Várias companhias integradas têm um braço integrado da petroquímica. Isso traz valor e uma segurança ao longo prazo”, ressaltou.
Plano estratégico 2024/2028 segue sendo construído
No início de junho, a Petrobras aprovou sua revisão para seu próximo plano estratégico, que deve vigorar de 2024 a 2028. Dentre outras diretrizes, o novo plano estratégico da Petrobras prevê investimentos de 6% a 15% em baixo carbono, ante 6% do plano anterior.
Os elementos do plano visam preparar a Petrobras para o compromisso com um “futuro mais sustentável, na busca por uma transição energética justa e segura no país, conciliando o foco atual em óleo e gás com a busca pela diversificação de nosso portfólio em negócios de baixo carbono”, disse a empresa em nota.
Além disso, os investimentos devem ser financiados pelo fluxo de caixa operacional, em níveis equivalentes às outras companhias do setor.
Na teleconferência, Sérgio Leite afirmou que a companhia segue trabalhando na construção do plano estratégico, fazendo referência a um questionamento sobre o nível de caixa da companhia. “Vale lembrar, contudo, que trabalhar com caixa inferior de US$ 8 bilhões, o caixa ótimo, está mantido”.
Petrobras: aumento do refino permitiu captura de margens
William França, diretor de processos industriais da Petrobras, reforçou o aumento das vendas de combustíveis no período, impulsionado por maior competitividade, e que o aumento do refino permitiu que à companhia capturar margens. “Evitamos exportação de petróleo e fazemos o refino no Brasil”.
Ainda de acordo com França, o segmento downstream da Petrobras – que compreende as atividades de refino, transporte, armazenamento, distribuição e revenda de derivados – conseguirá bater “recordes sucessivos” em relação ao refino de diesel.
“Em junho e julho batemos, e em agosto vamos bater recorde de produção de diesel novamente. A unidade adaptada da Refinaria Duque de Caxias (Reduc) está pronta para produzir diesel S10”, acrescentou.
Claudio Schlosser, diretor de logística da Petrobras, acrescentou que no mês de julho, 80% do diesel importado por terceiros veio da Rússia. “Aumentamos o uso do nosso parque de refino, mas também complementamos o estoque com importações. Olhamos a importação do diesel russo com cuidado”.
Cotação de Petrobras
Cotação PETR4