As ações preferenciais da Petrobras (PETR4; PETR3) tiveram uma queda de 11,8%, enquanto as ordinárias da petroleira (PETR3) recuaram 12,6% na semana, conforme o fechamento do mercado nesta sexta-feira (17). Com isso, a Petrobras perdeu, só nesta semana, R$ 68,1 bilhões em valor de mercado devido à queda significativa das ações.
Analistas financeiros dizem que a baixa na Petrobras se deve à troca do presidente Jean Paul Prates e pelo receio de intervenção do governo federal na empresa. O executivo foi demitido por Lula na terça-feira (14), após controvérsias relacionadas à distribuição de dividendos extraordinários.
Nos últimos três dias, o valor de mercado da Petrobras diminuiu R$ 55,3 bilhões, equivalente ao preço da Sabesp (SBSP3), segundo dados da Elos Ayta Consultoria. O valor de mercado da Petrobras reduziu para R$ 487,6 bilhões. As ações preferenciais da Petrobras apresentaram alta de 5,66% desde o início do ano, e as ordinárias valorizaram 5,75%. Nos últimos 12 meses, as ações PETR4 valorizaram 76,14% e as PETR3 subiram 61,20%.
O presidente Lula demitiu Jean Paul Prates aproximadamente um mês após surgirem rumores sobre sua saída, em meio a debates no governo sobre a distribuição de dividendos extraordinários relativos ao exercício do no ano passado.
A demissão gerou uma reação negativa no mercado, com preocupações sobre uma maior influência do governo federal na gestão da estatal. O primeiro sinal de descontentamento ocorreu logo após o anúncio da demissão, com a queda de quase 7% das ADRs da Petrobras no pós-mercado em Wall Street, após o fechamento do Ibovespa.
No dia seguinte, a fuga de investidores continuou, resultando em uma perda de R$ 34 bilhões ao fechamento do Ibovespa na quarta-feira (15).
O Ministério de Minas e Energia indicou Magda Chambriard, ex-diretora da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), para assumir o cargo. No entanto, sua nomeação ainda precisa ser aprovada pelo conselho de administração, um processo que deve levar em média 15 dias, conforme informado pela Petrobras.
Até lá, Clarice Coppetti, diretora executiva de Assuntos Corporativos, deve continuar no comando da Petrobras.
Citi diz que estatal tem capacidade de gerar caixa, mas alerta sobre riscos
A mudança na presidência da Petrobras levanta questionamentos sobre a continuidade dos pagamentos de dividendos, embora até o momento a estatal tenha mantido sua reputação como boa pagadora, disse relatório do Citi publicado na quarta-feira (15). Gabriel Barra, analista do banco, ressaltou que a capacidade de sustentação desses pagamentos é uma incógnita.
Por outro lado, o Citi destacou os pontos positivos, incluindo a capacidade de geração de caixa da Petrobras, impulsionada pelo aumento da produção e dos preços do petróleo, além do controle do endividamento.
Outro aspecto positivo apontado é a crença dos investidores de que a Petrobras não conseguirá executar integralmente seu plano de investimentos, o que pode aliviar a pressão sobre suas finanças. A velocidade de implementação desse plano foi um dos motivos atribuídos à saída de Jean Paul Prates da presidência da estatal.
Entretanto, os analistas alertam para os riscos associados à mudança de liderança da Petrobras, apontando para a possível deterioração da governança como um fator negativo para as ações. Com esta sendo a 42ª mudança de CEO em 70 anos de história da empresa, a estabilidade executiva torna-se uma preocupação.
O Citi, em seu relatório, mantém uma recomendação neutra para as ações da Petrobras, destacando a expectativa de mudanças na alta administração no curto prazo, com a nova CEO assumindo o cargo em breve.
Petroleira atualiza valores de dividendos com pagamento neste mês
A Petrobras anunciou na quarta-feira (15) a atualização dos valores a serem pagos aos acionistas na primeira parcela de dividendos relativos a 2023. Segundo a estatal, o valor por ação foi ajustado de R$ 0,5501 para R$ 0,5725.
A empresa diz que os acionistas da Petrobras que compunham a base acionária até 25 de abril terão direito a receber esse pagamento. Em comunicado ao mercado, a petroleira afirmou que o pagamento passou por correção da taxa básica de juros, a Selic, entre 31 de dezembro de 2023 e 20 de maio deste ano.
Além disso, a segunda parcela, referente aos dividendos extraordinários da Petrobras, também sofreu alteração, passando de R$ 0,8496 para R$ 0,8841. Essa distribuição, informa a Petrobras, deve considerar a base acionária de 2 de maio.
Ambos os pagamentos da Petrobras estão agendados para ocorrer em 20 de maio.