Em um ano marcado por volatilidade no cenário interno e global, o investidor pode encontrar muitos desafios para tomar a escolha certa, de acordo com seu perfil e apetite ao risco. Com Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) em momentos diferentes, André Blanco, gestor da Rio Bravo Investimentos, vê o cenário atual como difícil e repleto de incertezas. Mas pondera: “Muitos acham que tudo já está precificado, mas não podemos prever o que virá amanhã”, diz em entrevista ao Suno Notícias, durante o quadro Almoço com Gestor, no canal do site no YouTube.
Não só o investidor pode não saber para qual caminho seguir, mas as principais autoridades dos bancos centrais ao redor do mundo também encaram a dúvida. O Banco Central do Brasil deixou a questão clara na última ata do Copom, em 9 de agosto. Da mesma maneira, o Federal Reserve, dos Estados Unidos, aguarda dados da economia local para ter ideia dos próximos passos em relação aos juros.
Além das questões macroeconômicas, com guerra e crise energética na Europa, o cenário eleitoral mexe com o mercado financeiro no Brasil. “Com os juros no patamar de 13,75%, fundos de crédito e um fundo sistemático são opções interessantes para se proteger desse período atual, de tantas incertezas, e acumular ganhos. Do ponto de vista da renda variável, nem sempre dá para acertar o timing, então é interessante sempre estar presente no mercado, de acordo com seu perfil de risco”, aponta Blanco, que destaca a importância da diversificação na hora de investir.
Mais do que uma alocação específica e importante, a carteira como um todo fará a diferença, explica o gestor. “A diversificação de investimentos é importante nesses momentos, já que alguns ativos, como um fundo sistemático, vão se aproveitar de uma alta do mercado ou oferecerão proteção em um momento de queda. É uma parceria boa entre renda fixa e renda variável”, lista.
Petróleo e mineração: em qual investir?
Atualmente, Petrobras e Vale são as empresas mais relevantes da bolsa de valores brasileira, uma vez que detêm a maior participação no Ibovespa, principal índice acionário da B3 (B3SA3). A petroleira tem peso de 5,1% nas ações ordinárias e 7,7% nas preferenciais, enquanto a mineradora fica com 12,4%.
André Blanco, que gere o Rio Bravo Sistemático FIC FIM, lista o setor de ‘utilities’ – serviços, que inclui empresas de energia e saneamento – para o radar do investidor. “Temos uma alocação maior nessa área, que paga mais dividendos e, portanto, tem uma postura mais defensiva”, diz. Além disso, o segmento é visto como ‘descontado’ atualmente, o que pode ser um fator atrativo ou de cautela: “Vai do perfil do investidor avaliar se essa é a hora de fazer a alocação, dado o cenário geral do mundo e do país”, pondera.
Na gestão do fundo, não são feitas grandes apostas, muito pela tecnologia sistemática utilizada, com algoritmos, sistemas e modelos matemáticos. “Não há uma análise direcionada a nomes específicos, mas sim um olhar mais amplo. Analisamos a qualidade do setor no momento e o desempenho da empresa dentro dele”, explica Blanco.
Do lado positivo do mercado atualmente, a dinâmica de petróleo é atrativa para o gestor, apesar da crise energética na Europa. “Ainda há espaço para empresas desse ramo, com a Petrobras no foco, principalmente após o pagamento dos dividendos”, observa. Na outra ponta, com as instabilidades na China, com lockdowns e setor imobiliário freando, o pessimismo é em relação a empresas que lidam com minério de ferro, a exemplo da Vale, CSN (CSNA3) e Usiminas (USIM5).