Petrobras (PETR4) tem preço-alvo elevado, com dividendos históricos e “números impressionantes”

Na noite de quinta-feira (28), a Petrobras (PETR4) divulgou seus resultados do segundo trimestre de 2022 (2T22), com lucro líquido alcançando a cifra de R$ 54,3 bilhões, muito acima da expectativa do consenso do mercado – mas não foi só isso que impressionou os analistas. Os dividendos históricos de R$ 87,8 bilhões foram considerados muito fortes pela XP Investimentos, Itaú BBA e Ativa Investimentos.

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As ações da Petrobras disparam um dia após a publicação dos resultados do 2T22: às 14h30, PETR4 sobe 6,69% e PETR3 avança R$ 7,20.

A Petrobras reportou um Ebtida ajustado de US$ 20 bilhões (margem de 58%), 17% acima do consenso geral e +23% sobre a estimativa da XP Investimentos, principalmente em razão de efeitos no efeito do giro de estoque.

Os analistas da corretora também destacam que a margem Ebitda foi melhor do que o esperado para Refino, Transporte e Comercialização (RTC), de 15% — 13% na estimativa da XP, e Gás & Energia (G&E), que registrou 18% contra a projeção de -2% da XP.

Na visão do Itaú BBA, o Ebitda ajustado para o segmento de RTC ficou em 18% acima da expectativa, que era de US$ 4,2 bilhões, devido ao efeito do giro de estoque. “O segmento se beneficiou da maior utilização das refinarias e fortes margens de refino no trimestre”, diz o relatório do banco de investimentos.

“Petrobras registrou números muito fortes neste 2T22”, começa o relatório da Ativa Investimentos, destacando o RTC, G&E e ainda o setor de Exportação e Produção: “Em E&P, a valorização do Brent compensou os menores volumes e o aumento no lifting cost”, afirmam os analistas.

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Relação do fluxo de caixa e dividendos da Petrobras

O fluxo de caixa livre da Petrobras ficou em US$ 13 bilhões (15% yield no trimestre, 60% anualizando), o que permitiu que a empresa anunciasse o valor recorde de US$ 17 bilhões em dividendos (20,8% de yield), “sem comprometer sua posição financeira (Dívida Líquida/EBITDA atual de 0,6x)”, de acordo com a XP.

“Os dividendos têm proporcionado um bom retorno total sobre as ações aos investidores, apesar do ruído político, que mantém os preços das ações (e múltiplos) deprimidos”, aponta o relatório da XP.

Já para o Itaú BBA, já era esperado um valor excepcional em dividendos (com a estimativa de R$ 4,4 por ação), mas o que número anunciado foi surpresa, apesar da estimativa otimista. O banco de investimentos esperava um rendimento de 15% para o trimestre.

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A Ativa Investimentos ressalta que. mesmo com dividendos fortes da Petrobras, a distribuição não prejudica a solidez financeira da empresa. “Conforme
salientamos, a distribuição está embasada na fortíssima geração de caixa auferida no trimestre, bem como aos recebimentos oriundos do programa de desinvestimentos da companhia e da assinatura de acordo de coparticipação referentes aos campos de Sépia e Atapu”, afirmam os analistas.

Em desinvestimentos, o número alcançou US$ 6,8 bilhões, mais a compensação de acordos de coparticipação.

A XP reitera a recomendação de compra das ações da Petrobras, sendo negociadas a 1,7 vez o Enterprise Value/Ebitda de 2022, com preço alvo de R$ 47,3 para ações preferenciais e ordinárias. Também recomendando a compra, o Itaú BBA e a Ativa apontam preço alvo de R$ 43 e R$ 41, respectivamente.

BB-BI também questiona se os mega-dividendos vão prejudicar os investimentos da empresa

O BB Investimentos também chamou atenção para o 2T22 da Petrobras, que “superou expectativas financeiras”. O banco questiona: “O alto volume de dividendos não afetará investimentos no longo prazo?”

O relatório argumenta: “A Petrobras reportou ontem (28) seus resultados do 2T22 com números acima das expectativas do mercado, incluindo uma geração de caixa recorde e dividendos extraordinários, representando um yield trimestral de 19,6%.”

O Ebitida apresentou, segundo o BB-BI, um crescimento de 26% ante o trimestre anterior, superando em 5% o consenso de mercado, enquanto o lucro líquido aumentou 22% t/t (43% acima do consenso), o que favoreceu a distribuição de dividendos de R$ 6,73 por ação. “O incremento de 12% t/t nas cotações do petróleo tipo Brent, assim como a elevação de 22% t/t nos preços de derivados básicos no mercado interno colaboraram para os números terem superado as expectativas, com bons resultados vindo também do aumento de exportações, ainda que a cotação do dólar tenha sofrido uma queda de 5,9% ante o real no período”, diz ainda o relatório.

O time de análise pondera: “Vemos com cautela esse movimento de maior dependência das exportações e perspectiva de menor atuação em outros segmentos, já que isso funciona muito bem em ciclos de alta dos preços da commodity, mas concentra os riscos em futuros momentos de baixa, ao reduzir a diversificação das receitas.”

E conclui: “Sobre os dividendos, vale apontar que, embora não diretamente associado, esse movimento ocorre paralelamente à manutenção de um programa de venda de alguns ativos que possuem retornos superiores ao custo de capital e uma alavancagem já muito baixa, elementos que permitiriam, em nossa opinião, um posicionamento da companhia em investimentos focados na diversificação das receitas em mercados promissores e voltados para a transição energética, como eólicas offshore, hidrogênio verde, biocombustíveis, entre outros, o que priorizaria um aumento dos retornos de longo prazo em detrimento da atual elevada distribuição.”

Conclui o BB-BI: “Mais uma vez vemos a Petrobras reportando números robustos, que mantém a companhia com múltiplos descontados (EV/EBITDA em 2,1x, ante média de 2 anos de 3,4x e pares em 3,3x) e seguindo como a maior pagadora de dividendos da bolsa brasileira, ainda que no nosso entendimento isso tenha implicações para o
crescimento e atuação estratégica para o longo prazo a depender da dinâmica e ciclos da commodity nos próximos períodos. De toda forma, esse resultado confirma uma
Petrobras otimizada operacionalmente, forte geradora de caixa e com endividamento totalmente sob controle.”

Esse desconto nos múltiplos, acrescentam os analistas, mostra que os investidores ainda estão cautelosos com a possível volatilidade relacionada às eleições, preferindo não pagar os múltiplos históricos da companhia, o que sugere uma cautela do mercado sobre a manutenção de tal patamar de resultados no futuro, ou mesmo os riscos em relação aos preços de commodities, entendendo que os elevados níveis atuais, responsáveis por resultados tão fortes, podem não se repetir novamente.

Por fim, “nosso preço-alvo de R$ 38,50 reflete um petróleo de US$ 100 para este ano, com uma queda para US$ 83 em 2023 e US$ 67,60 para o longo prazo. Ainda
sobre os preços de petróleo, vemos a manutenção de um cenário apertado (tight market). Isso implica em manutenção de preços elevados no médio prazo, já que, mesmo com os receios de uma recessão nos Estados Unidos (o que prejudicaria a demanda global), ainda há forte restrição na oferta, dadas as ssanções aos produtos
russos, relevantes para o volume global.”

Cotação

A ação preferencial da Petrobras dispara na sessão do Ibovespa, às 14h20, com +6,69, cotada a R$ 34,53.

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Victória Anhesini

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