Petrobras (PETR4): entenda o que frustrou os analistas no balanço do 1T24; ações caem no Ibovespa
Em relatórios mais recentes sobre a Petrobras (PETR4), analistas pontuaram que os principais indicadores do primeiro trimestre de 2024 (1T24) vieram abaixo das expectativas. Em relação ao pagamento de dividendos, as opiniões das casas foram mistas. As ações da estatal caem nesta terça-feira (14) no Ibovespa.
No intradia, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) caíam 3,05%, cotadas a R$ 40,35, enquanto as ações ordinárias (PETR3) recuavam 3,40%, a R$ 42,64.
Cotação PETR4
A Petrobras anunciou um lucro líquido de R$ 23,7 bilhões no primeiro trimestre de 2024 (1T24), conforme novo balanço trimestral divulgado nesta segunda-feira (13).
O lucro da Petrobras no 1T24 foi 37,9% menor que o registrado no mesmo período de 2023. Sobre o trimestre imediatamente anterior (1T23), a queda no resultado é de 23,7%.
Uma dos principais fatores que levaram a esse resultado, segundo o balanço da Petrobras, foi a queda nos volumes de vendas. Além disso, o lucro mais baixo também está associado a queda na cotação do petróleo, assim como da margem do diesel.
Em relatório, o Safra pontuou que o resultado da Petrobras ficou abaixo das suas expectativas, com destaque para o Ebitda, que caiu 17% em relação ao 4T23, devido à queda nos volumes de petróleo e derivados e também devido à redução do preço do petróleo e das margens do diesel.
O banco também ressalta que o lucro líquido ficou abaixo da previsão de R$ 31,6 bilhões, refletindo a perda de resultados operacionais, maiores despesas financeiras e perdas cambiais. Em relação aos dividendos – que totalizaram R$ 13,45 bilhões – o Safra avaliou que eles ficaram em linha com a política da empresa, mas superiores à previsão da casa de R$ 10 bilhões.
“Apesar dos resultados abaixo do esperado, acreditamos que a atenção do mercado estará majoritariamente no potencial pagamento de dividendos extraordinários e incluirá gradualmente o calendário para o arranque dos novos FPSOs que deverão apoiar o guidance de produção”, acrescenta o Safra.
XP sobre resultado da Petrobras: mais fraco do que o esperado, mas ainda assim bom
Em relatório, a XP pontuou que o Ebitda da Petrobras ficou 6% abaixo das expectativas da casa, enquanto o lucro líquido ficou em linha. Para o banco, não houve uma razão única para a diferença de Ebitda, mas sim uma combinação de pequenos itens, incluindo despesas ligeiramente superiores às esperadas.
“A empresa também anunciou dividendos que foram um pouco menores do que esperávamos. A geração de fluxo de caixa livre permaneceu atraente (19% anualizado), embora ajudada por um capex menor do que o esperado”, escreve a analista Helena Kelm.
A XP avalia, ainda, que a baixa alavancagem e o forte fluxo de caixa da Petrobras suscitam a questão de saber para onde fluirá o excesso de geração de caixa. “Em nossa opinião, será uma combinação de potenciais fusões e aquisições (por exemplo, investimentos na refinaria de Mataripe ou na Braskem) e dividendos extraordinários no final do ano”, acrescenta Kelm.
“Também esperamos que o capex aumente organicamente nos próximos anos, mas não no curto prazo. Assim, esperamos que os próximos dividendos se mantenham a um nível semelhante ao do 1T24 (cerca de 10% de yield anualizado com base na política de dividendos), mas há potencial para subir para o FCFE yield (18% anualizado) se as potenciais aquisições não se concretizarem”, completa a XP.
BTG: Petrobras apresentou conjunto fraco de resultados
Para o BTG, a Petrobras iniciou 2024 relatando um conjunto fraco de resultados, com Ebitda abaixo da previsão da casa e do consenso em 14% e 7%, respectivamente.
O banco observou ainda que o capex da Petrobras no 1T24 totalizou US$ 3 bilhões e que se anualizado, resultaria em investimentos anuais de US$ 12,2 bilhões, ou 34% abaixo do guidance para 2024. Mesmo quando ajustado à sazonalidade do primeiro trimestre (média de 23% do investimento anual nos últimos 7 anos), ainda sugere que a empresa desembolsará 30% menos recursos do que a sua meta, diz o BTG.
“Embora não estejamos prevendo quaisquer mudanças no plano de negócios da Petrobras, acreditamos que os modelos probabilísticos da empresa usados para modelagem de capex subestimam os riscos de atrasos causados pela alta complexidade e por terceiros envolvidos nos projetos de produção da empresa”, destacam os analistas Pedro Soares, Thiago Duarte e Bruno Lima. “Vemos riscos negativos nas nossas estimativas de investimento, provavelmente representando riscos positivos nas nossas estimativas de fluxo de caixa”, acrescentam.
Ainda de acordo com o BTG, menos paradas para manutenção e adição de uma nova plataforma no segundo semestre de 2024 deverão impulsionar a produção nos próximos 9 meses, gerando maior alavancagem operacional e levando o aumento de custos a uma espiral descendente.
Neste sentido, combinado com investimentos menores e uma posição de caixa de aproximadamente US$ 18 bilhões (acima do ideal), o banco acredita que isso deverá suportar pagamentos mais elevados (e potencialmente extraordinários) no futuro.
“Além disso, a recente decisão do Supremo Tribunal do Brasil reforça a nossa visão de riscos políticos menores e de que os fundamentos do petróleo devem prevalecer cada vez mais na avaliação da tese de investimento da Petrobras”.
O BTG tem recomendação de ‘compra’ para as ações da Petrobras, com preço-alvo a R$ 47,00.
Genial: geração de caixa da Petrobras no 1T24 foi ‘razoável’
Em relatório sobre os resultados da Petrobras, a Genial acredita que a geração de caixa livre da empresa no 1T24 foi bem razoável, mesmo em um trimestre com margens de refino sob pressão e que com a normalização da paridade de preços ao longo do 1T24, imagina que vá melhorar ao longo do ano.
Aos atuais níveis de preço, a casa enxerga a estatal negociando a 3,0x EV/Ebitda 24E e com rendimento em dividendos 2024E de 14%.
“Julgamos números interessantes e razoáveis tendo em vista o risco-retorno de se investir em uma petroleira estatal. Ressaltamos que a possibilidade do rumorada do governo seguir distribuindo dividendos extraordinários no 2S24 deve ser acompanhada de perto e tende a ser um gatilho interessante para a empresa ao longo do ano”, escreveu o analista Vitor Sousa.
No geral, a casa avaliou os resultados da Petrobras como negativos – ainda que seja cética a qualquer realização expressiva nas ações da PETR4 no próximo dia de negociação. “Os números da empresa vieram abaixo das nossas estimativas e do consenso, devido principalmente a retenção de preços dos derivados no segmento de refino ao longo do 1T24”, acrescenta a Genial.
A Genial tem recomendação ‘manter’ para os papéis da Petrobras, com preço-alvo a R$ 47,00.
Goldman Sachs sobre Petrobras: Ebitda ajustado ficou em linha com projeções
Para o Goldman Sachs (GSGI34), o Ebitda ajustado da Petrobras – que foi de R$ 62 bilhões – ficou em linha com as projeções da casa, mas 9% abaixo do consenso da Bloomberg para o trimestre.
O Goldman tem recomendação de ‘compra’ para as ações de Petrobras, com preço-alvo a R$ 48,30 para as ações ordinárias (PETR3) e R$ 43,90 para as ações preferenciais (PETR4).
Citi mantém visão conservadora sobre a tese de Petrobras após balanço
Também em relatório, o Citi avalia que o mercado deve reagir negativamente aos resultados do 1T24 da Petrobras, que vieram abaixo do esperado.
“Mantemos nossa visão mais conservadora sobre a tese, devido ao risco de alocação de capital, tendência de preços de petróleo mais fracos e menor rendimento de dividendos e fluxo de caixa livre para a empresa (FCF), apoiando nossa recomendação neutra”, afirmam os analistas Gabriel Barra e Andrés Cardona.
O Citi reiterou recomendação neutra para Petrobras, com preço-alvo de US$ 15 por American Depositary Receipt (ADR), o que representa um potencial de queda de 12% ante o fechamento de segunda-feira (13).