Petrobras (PETR4): aumento do refino poderia diminuir importações, indica estudo do governo
Um estudo elaborado pela EPE (Empresa de Pesquisa Energética) indica que a Petrobras (PETR4) e outras refinarias privadas do Brasil poderiam ampliar a produção nacional de combustíveis e diminuir a necessidade de importação, o que melhoraria a oferta dos produtos e diminuiria os preços na bomba.
Segundo informações da Folha de S. Paulo, que obteve o estudo, o aumento no volume processado nas refinarias da Petrobras e de outras empresas brasileiras reduziria a dependência externa dos combustíveis.
A EPE simulou um cenário em que as refinarias operariam com o fator de utilização em 100%. Essa ampliação do refino aos níveis máximos elevaria a produção de óleo diesel em até 15%, com incremento de 113 mil barris por dia e redução de 43% nas importações líquidas.
A produção nacional de gasolina poderia subir em até 10%, injetando no mercado mais 48 mil barris por dia. Com isso, a importação líquida diária cairia dos atuais 35 mil barris para 13 mil barris de gasolina por dia.
No caso do diesel, controlaria os preços que já acumulam alta de 40,54% nos postos, nos últimos 12 meses até fevereiro. Já para a gasolina, devolveria ao Brasil o posto de exportador líquido do combustível, o que também aliviaria a pressão nos preços.
A Petrobras afirma que desconhece o estudo e que a importação dos combustíveis é necessária para suprir a demanda no mercado interno, assim como o uso da paridade de preços de importação (PPI) para regular essa balança comercial.
Em último comunicado, a estatal afirmou que a utilização das refinarias no mês de março alcançou 91% de capacidade, com carga máxima nas unidades disponíveis para produção de diesel e gasolina.
O estudo da EPE, que é uma empresa pública, vinculada ao Ministério de Minas e Energia (MME), inclui 12 unidades de produção da Petrobras, que concentram 83,8% da capacidade analisada da petroleira. Outras seis refinarias privadas, com fatias menor de produção, também foram consideradas.
As simulações não chegam a medir o efeito do aumento na produção sobre o preço dos combustíveis, nem os custos financeiros para as empresas, informa a Folha. O documento representa “um exercício teórico e preliminar sobre todo o parque nacional de refino e não apenas sobre as refinarias da Petrobras”.
Petrobras diz que análises são equivocadas
Para a Petrobras, as análises estão equivocadas, visto que a base de comparação deve ser a carga máxima de operação, e não a capacidade autorizada pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), respondeu à Folha.
Além disso, a petroleira ressaltou que suas refinarias estão operando em sua capacidade máxima, “considerando as condições adequadas de produção, segurança, rentabilidade e logística”. Para tanto, a empresa considera o rendimento de cada unidade, os níveis de segurança da operação e também a capacidade de armazenamento e transporte dos insumos e combustíveis já refinados.
“No caso das refinarias operarem acima da capacidade adequada, há risco de problemas como, por exemplo, a produção excessiva de produtos de baixo valor e menor demanda; dificuldades para o armazenamento de produtos; ou indisponibilidade logística para escoamento dos derivados”, afirmou a Petrobras ao jornal.
A companhia ainda afirmou que “o nível de utilização das refinarias da Petrobras não define o preço dos combustíveis no Brasil”.