Petrobras (PETR4): ações seguem atrativas, apesar da queda de hoje, diz banco; entenda por quê
O Conselho de Administração da Petrobras (PETR4) convocou na última quinta (16) uma reunião extraordinária para discutir os preços dos combustíveis, congelados e defasados nas refinarias em relação ao mercado internacional. Na manhã desta sexta-feira (17), a empresa anunciou reajuste da gasolina e diesel, válido nas refinarias a partir de sábado (18). O presidente Jair Bolsonaro, o presidente da Câmara Arthur Lira e o ministro da Casa Civil Ciro Nogueira responderam ao aumento com ataques e dura críticas à diretoria da estatal. O risco político e a repercussão do anúncio fizeram as ações desabarem nesta sexta, a quase 10%.
Na perspectiva do Goldman Sachs, apesar do aumento de 5,2% para gasolina e 14,2% para o diesel, os valores ainda estão 11% e 27% abaixo da paridade internacional, respectivamente. Apesar do cenário adverso para a companhia, com preços ainda defasados e em crise o governo — com pedidos para a troca imediata do comando da Petrobras – e do Legislativo, que ameaça taxar lucros da estatal, o banco vê oportunidades na compra das ações da Petrobras.
O crack spread (diferença entre o preço do petróleo e os produtos derivados do petróleo dele extraídos) da Petrobras contra o barril de petróleo Brent está saudável, na opinião dos analistas do GS, em aproximadamente US$ 60/bbl para o diesel e US$ 11/bbl para a gasolina.
“Para referência, o desconto médio vs. preços internacionais a paridade foi de -9/-15% para diesel/gasolina em 2021, enquanto os spreads médios de crack foram USD 12/bbl e USD 9/bbl, respectivamente”, diz o relatório.
O banco de investimento destaca que o aumento comunicado pela Petrobras já era parcialmente esperado pelo mercado, com base no fluxo de notícias dos últimos dias. Entretanto, “notamos que o anúncio de hoje não foi suficiente para fechar o gap contra a paridade de preços de importação de combustíveis”, afirma.
O Goldman Sachs reitera a recomendação de compra das ações da Petrobras. Apesar da queda de quase 10% no intradia do Ibovespa, diz que ainda há atratividade carregada nos ativos, embora menor do que no início do ano. “Nós observamos que, no curto prazo, vemos espaço limitado para intervenção do governo dentro da companhia. Por fim, observamos que esse aumento de preço pode gerar mais ganhos de estoque para as distribuidoras de combustíveis — Vibra (VBBR3), Ipiranga e Raizen (RAIZ4) — em nossa cobertura”, destaca o texto.
O preço alvo da Petrobras do banco de investimentos é de R$ 38,80 e R$ 36,10 para ações ordinárias e ações preferenciais, respectivamente.
Em relação aos riscos, os analistas listam:
- Preços do Brent abaixo do esperado;
- Valorização do real;
- Produção abaixo do esperado;
- Intervenção governamental na fixação de preços de combustíveis.
Cotação da Petrobras após reajuste
No mercado acionário, a reação do reajuste não foi boa.
Para a equipe de Research da Ativa Investimentos, apesar da movimentação da empresa ser compreensível pela defasagem frente aos preços internacionais, o que é positivo para as finanças da companhia, há pontos que merecem atenção.
“Em contrapartida, entendemos que a ação foi desenvolvida por lideranças que estão de saída da companhia, o que impede a dissolução das assimetrias referentes ao tema para os próximos meses”, dizem os analistas. “Apesar da iminência da continuidade deste risco, seguimos com recomendação de compra em PETR4, entendendo que a precificação do papel ainda apresenta positiva relação risco x retorno.”
Às 13h50, as ações da Petrobras operam em queda de 8,58%, a R$ 29,50 (PETR3), e 8,32%, a R$ 26,66 (PETR4).