Quatro conselheiros informaram a Petrobras (PETR3;PETR4) que não pretendem ser reconduzidos ao colegiado na próxima Assembleia Geral Extraordinária (AGE). João Cox Neto, Nivio Ziviani, Paulo Cesar de Souza e Silva e Omar Carneiro da Cunha Sobrinho pediram para deixar os postos de conselheiros da estatal.
A saída dos conselheiros acontece após a decisão do presidente Jair Bolsonaro indicar o general Joaquim Silva e Luna no comando da Petrobras para o lugar de Roberto Castello Branco por críticas à política de preços da petroleira. O mandato de Castello Branco acaba em 20 de março. A troca foi interpretada pelo mercado como interferência do governo na estatal.
Em Fato Relevante, a companhia informa que Cox Neto e Ziviani alegaram razões pessoais para a decisão. Já Souza e Silva só declarou que por conta de seu mandato ser “interrompido inesperadamente, peço, por favor, para não ser reconduzido ao Conselho de Administração na próxima Assembleia”. Ele ressalta o “excelente trabalho” desenvolvido pela diretoria e funcionários, e elogia também o presidente do colegiado, Eduardo Leal.
Já a mensagem de Omar Carneiro da Cunha revela insatisfação com a decisão do presidente da República de promover uma troca no comando da estatal, com a indicação de Silva e Luna para o lugar de Castello Branco.
“Em virtude dos recentes acontecimentos relacionados às alterações na alta administração da Petrobras, e os posicionamentos externados pelo representante maior do acionista controlador da mesma, não me sinto na posição de aceitar a recondução de meu nome como Conselheiro desta renomada empresa, na qual tive o privilégio de servir nos últimos sete meses”, diz Cunha.
Ele faz muitos elogios a Castello Branco e o atual conselho, que “se manteve aderente às estratégias devidamente aprovadas, e seguindo os mais altos níveis de governança e de conformidade com os estatutos da empresa, e aos mais altos padrões de gestão empresarial”.
“A mudança proposta pelo acionista majoritário, embora amparado nos preceitos societários, não se coaduna com as melhores práticas de gestão, nas quais procuro guiar minha trajetória profissional”, afirma o conselheiro.
A Petrobras lembra que a recondução destes conselheiros havia sido proposta pela União, e que eventuais substitutos indicados pelo governo serão submetidos ao Comitê de Pessoas.
Presidente da Petrobras indicado pelo governo precisa passar pelo aval dos acionistas
Em resposta a ofício enviado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Petrobras detalhou o processo de análise do nome de Joaquim Silva e Luna, indicado para a presidência da estatal.
No comunicado, a companhia lembra que a indicação será analisada pelo Comitê de Pessoa, que tem oito dias para concluir os trabalhos. O prazo pode ser prorrogado por mais oito dias.
A Petrobras lembra que o comitê terá a função de auxiliar os acionistas, opinando sobre o preenchimento de requisitos e a ausência de vedações, e verificar a conformidade do processo de indicação. A AGE será convocada 30 dias depois do edital de convocação.
(Com informações do Estadão Conteúdo)