A privatização da Petrobras (PETR4) ainda é improvável, considerando o cenário eleitoral e a necessidade de uma governabilidade em grandes patamares, segundo analistas do Itaú BBA.
Isso, pois diferente de outros projetos, a privatização da Petrobras necessitaria de um apoio de mais de 60% do Congresso nacional para ser balizada, ante uma maioria simples exigida para a maioria dos outros processos legislativos.
A análise do BBA se dá em um comparativo com o processo que foi feito com a Eletrobras (ELET3) recentemente, que foi concluída ainda que tenham sido postos alguns entraves judiciais em tribunais como o TCU.
“Em ambas as discussões, a complexidade do processo foi apontada, sem uma linha do tempo clara para cada passo e sendo altamente dependente de apoio do Congresso”, afirmam os analistas do BBA.
Além disso, vale lembrar que a privatização, segundo a casa, ficaria relativamente dependente do preço do petróleo, sofrendo influência direta da cotação do Brent – em atuais US$ 91.
“Se, por exemplo, os preços do petróleo caírem e os combustíveis voltarem para seus níveis históricos, a privatização provavelmente sairia de foco”, dizem os especialistas.
Outro ponto destacado é a urgência de demais agendas para um eventual novo governo – ou até mesmo para um segundo mandato do atual.
Isso pois há reivindicações por uma reforma administrativa, além da retomada da discussão sobre os impostos cortados – que desgastaram a relação do Planalto com governos e afetaram os cofres públicos de forma direta.
Por fim, o teto de gastos também deve ser um dos focos, dadas as propostas de auxílios pelos candidatos e o aumento das promessas do atual presidente, Jair Bolsonaro (PL), em distribuir valores cada vez mais altos, pressionando a situação fiscal do país.
‘Farra dos dividendos’ da Petrobras pode acabar
Tendo feito pagamentos bilionários ao longo do último trimestre, a Petrobras chegou a ser eleita a maior distribuidora de dividendos no mundo pela gestora Janus Henderson.
Mas, recentemente, uma queda nos preços internacionais do barril de petróleo levantou dúvidas sobre a capacidade da empresa em manter a remuneração de seus acionistas enquanto o preço da commodity está em baixa.
Para André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP, o impacto negativo da baixa do petróleo na remuneração dos acionistas da Petrobras deve ocorrer.
Meirelles afirma que o aumento de cerca de 40% na cotação do petróleo brent durante o primeiro semestre deste ano foi um dos grandes responsáveis pela recente distribuição de R$ 88 bilhões em dividendos pela Petrobras.
“Por isso, a queda no preço do barril de U$ 120 para U$ 95 nos últimos três meses deve impactar negativamente a performance operacional e a distribuição de dividendos da empresa”, completa.
Já Paulo Feldman, economista e professor da USP, crê que os preços do petróleo devem continuar em baixa no ano que vem, principalmente devido à provável redução da atividade econômica global.
Mas ele acredita que, mesmo com o período de baixa nos preços do petróleo, a Petrobras é capaz de se preparar para mantar uma boa remuneração a acionistas.
“A Petrobras é uma empresa muito bem administrada e altamente competente, que sabe avaliar muito bem as situações e se preparar para o que ocorre. Ela continuará sendo rentável e continuará remunerando seus acionistas de forma adequada”, disse sobre a Petrobras.