Em entrevista recente ao Estado de S. Paulo, o atual indicado ao cargo de Presidente da Petrobras (PETR4), Adriano Pires, afirmou ser “muito difícil encontrar alguém que vá para a estatal para segurar preço”.
A sua indicação veio em meio aos solavancos do Planalto contra a Petrobras por conta da alta do preço da gasolina – o que tem custado capital político ao presidente Jair Bolsonaro (PL). Ao passo que Rodolfo Landim figurava como um nome que potencialmente mudaria a política de preços da estatal, Adriano Pires adotou postura diferente que em publico e defendeu manter a atual política de preço.
Atualmente, a Petrobras segue o preço de paridade internacional, igualando o preço de repasse às refinarias com o preço de exportação, e absorvendo as oscilações do preço do petróleo. A política foi definida em meados de 2016, no governo de Michel Temer (MDB).
“Do presidente Temer para cá, a empresa passa a ter uma política de tendência de mercado internacional. Se alguém for para Petrobras e segurar preço de combustível está colocando o seu CPF na mesa”, disse ao Estadão.
Na mesma ocasião, Pires também defendeu a adoção de subsídio ao diesel e gás, mas se manifestou preocupado com o texto do projeto que está na casa legislativa. “Esse artigo é horrível porque no fundo está promovendo uma intervenção de preços”, comentou.
Sobre o imbróglio com Bolsonaro, Pires foi evasivo e disse: “Se ele faz qualquer tipo de intervenção na Petrobras, de fato, ele é igual ao Lula”.
Além disso, lembrou que na última troca de presidente da Petrobras o mercado havia ficado receoso com uma possível mudança na política de preços.
“Quando ele [Bolsonaro] tirou o Roberto Castello Branco, todo mundo acreditava que o general Silva e Luna ia fazer isso e não fez”, citou.
“Acho que o risco de intervenção na Petrobras antes das eleições é muito baixo por duas razões. A primeira é que a regulamentação e o compliance da empresa após a Lava Jato dificultam muito que tanto a diretoria quanto o Conselho de Administração tomem ações que possam prejudicar os acionistas.”
“Segundo, se o presidente Bolsonaro interviesse na empresa, seria acusado de fazer a mesma política que Lula”, disse, em postagem no seu LinkedIn alguns momentos antes de sua nomeação ser oficializada.
Quem é Adriano Pires?
Com experiência no ramo de energia e petróleo, Adriano Pires é economista, sócio-fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE) e atua coordenando projetos e estudos para a indústria de gás natural, a política nacional de combustíveis,.
A sua última passagem em um cargo público do governo foi como assessor da diretoria da ANP (Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis).
Ações da Petrobras fecham em queda, ADRs sobem
As ações da Petrobras fecharam o pregão da véspera em queda de 1,43% aos R$ 31,60. Nos últimos trinta dias, as ações preferenciais da estatal, negociadas sob o ticker PETR4, caem 8,85%.
Em partes, isso se dá pela retração da cotação do petróleo, que sofre com a volatilidade por conta da Guerra na Ucrânia. O Brent, referência para a estatal, caiu a US$ 109 no pregão de ontem após ter beirado US$ 140 nas semanas anteriores.
Hoje há alta de 1,38% nos contratos, a US$ 114.
As ADRs da Petrobras, negociadas na NYSE, sobem 0,99% no premarket, sinalizando uma abertura em US$ 14,32.