Petrobras (PETR4): Pires desiste de ser novo presidente da estatal; governo confirma

O indicado pelo governo para ser o novo presidente da Petrobras (PETR4), Adriano Pires, desistiu de assumir o controle da estatal petroleira em meio aos atritos que a direção da companhia vive com o governo federal. As informações são da coluna da jornalista Malu Gaspar, em O Globo. O Ministério das Minas e Energia confirmou ter recebido carta de Pires declinando do convite para assumir a presidência da estatal.

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Adriano Pires, que havia sido indicado na última semana para ser o novo presidente da Petrobras, comunicou nesta manhã o Palácio do Planalto da decisão de não concorrer mais ao posto.

A decisão de Pires segue caminho parecido à do presidente do Flamengo, Rodolfo Landim, que havia sido indicado pelo Ministério de Minas e Energia para concorrer à presidência do Conselho de Administração da Petrobras.

Adriano Pires. Foto: Arquivo Pessoal
Adriano Pires era a escolha do governo para chefiar a Petrobras (PETR4). Foto: Arquivo Pessoal

Em nota, após a derrota do clube para o Fluminense na final do Campeonato Carioca, Landim disse: “Apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso país, e da enorme honra para mim em exercer este cargo, […] resolvi abrir mão desta indicação, concentrando todo meu tempo e dedicação para o ainda maior fortalecimento do nosso Flamengo.”

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Segundo o jornal, tanto Landim quanto Pires decidiram renunciar ao posto após questões de conflito de interesses.

Pires atende, entre os clientes, o empresário e sócio de distribuidoras de gás Carlos Suarez, que é também amigo de décadas de Rodolfo Landim. O indicado do governo para a presidência da estatal também atende a Abegás, associação do setor, e a Compass, concessionária de gás do empresário Rubens Ometto, e de diversas outras empresas do setor.

Por conta disso, os nomes de Landim e Pires teriam dificuldades em passar pelo comitê interno da Petrobras que avaliaria se ambos têm condições de ocupar os postos aos quais foram indicados.

Mais cedo, segundo a coluna, os relatórios da Diretoria de Governança e Conformidade da Petrobras sobre o histórico executivo de Landim e Pires “assustaram” o ministro das Minas e Energia, Bento Albuquerque, e técnicos da Corregedoria Geral da União pela possibilidade de danos à imagem da Petrobras.

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Adriano Pires informa o governo que desiste de assumir o comando da Petrobras

Indicado para a Presidência da Petrobras, Adriano Pires desistiu oficialmente de assumir o comando da empresa depois de o governo Bolsonaro receber informações de que o nome dele não passaria no “teste” de governança da empresa. Ele enviou nesta segunda-feira, 4, uma carta ao ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, em que oficializa a desistência em assumir a presidência da petroleira.

No documento, Pires agradece a indicação e reafirma o “compromisso de continuar nessa luta” pelo desenvolvimento do mercado de óleo e gás. Diz que não poderia conciliar o cargo com as atividades de consultoria que já desempenha, atualmente, para empresas do setor.

A desistência vem depois de o Estadão revelar que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu que Pires fosse impedido de assumir o cargo enquanto não houvesse uma investigação do governo (Controladoria-Geral da União e Comissão de Ética) e da Petrobras sobre a atuação dele no setor privado. Ele foi indicado pelo governo como o terceiro presidente da Petrobras. Antes do general Silva e Luna (que ainda está no cargo), o comando era de Roberto Castello Branco.

Como sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Pires tem contratos de longo prazo com petroleiras e empresas de gás, como a Cosan. Ele teria que abrir mão dos negócios. Segundo fontes, Pires achou que daria simplesmente para passar para o filho, o que não é permitido pelas regras de governança da estatal. Com o impedimento, ele decidiu abrir mão do comando da Petrobras. Na carta ao ministro, disse que não teria como concluir esse processo em “tão pouco tempo”.

Com o alerta da Petrobras apontado conflito de checagem, os patrocinadores da indicação de Pires no governo foram retirando o apoio. “O cara é um conflito ambulante”, resumiu uma fonte do Palácio do Planalto. Alinhado com o ministro das Minas e Bento Albuquerque, a indicação de Pires também é vista com restrições por integrantes da equipe econômica que participaram das negociações da lei do gás. Na votação da Medida Provisória que permitiu a privatização da Eletrobras, Pires se aproximou de lideranças do Centrão, entre eles, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), que teria pavimentado o acesso dele e de Pires ao gabinete de Bolsonaro. Hoje, Lira defendeu o nome de Pires e criticou quem viu conflito de interesse. “Tem que ser arcebispo para ser diretor da Petrobras”, ironizou.

Em reuniões com representantes do Ministério da Economia, Pires defendeu os interesses das empresas ao patrocinar os “jabutis” (medidas estranhas ao projeto, como a exigência na contratação de térmicas) que foram colocados na nova legislação, o que irritou os negociadores do Ministério da Economia. É muito lembrado com ironia artigo escrito por ele que diz tratar de um completo equívoco técnico chamar de “jabutis” as modificações feitas pelos parlamentares, porque as mudanças mais se pareciam com “corujas”, que representam sabedoria, inteligência e visão.

Na época da escolha de Pires para o comando da Petrobras, o sentimento foi de perplexidade no time do ministro da Economia, Paulo Guedes. O maior conflito de interesse de Pires é a ligação com o empresário Carlos Suarez, dono de distribuidoras de gás, e Rubens Ometto, da Cosan.

Após indicação de Pires, funcionários da Petrobras comemoram a desistência com a avaliação de que governança estava sendo suficiente para impedir nomeações que possam complicar os rumos da empresa. Em nota, o Ministério de Minas e Energia afirmou que ainda não recebeu “nenhum comunicado oficial” da desistência.

Além de Pires, o empresário Rodolgo Landim já tinha comunicado o governo na madrugada de sábado para domingo que decidiu recusar a indicação para presidir o conselho de administração da Petrobras porque também recebeu avisos de que não passaria no teste de governança. Landim havia sido indicado para o cargo em 28 de março, junto com o nome de Pires para a presidência da estatal. Em carta endereçada ao ministério, Landim, que também é presidente do Flamengo, afirma que, “apesar do tamanho e da importância da Petrobras para o nosso País, e da enorme honra para mim em exercer este cargo”, decidiu abrir mão da indicação e concentrar-se na administração do time.

Governo só recebeu comunicado oficial de desistência de Adriano Pires no final da tarde

O Ministério de Minas e Energia emitiu nota oficial em que nega ter conhecimento da desistência de Adriano Pires para comandar a Petrobras. “O Palácio do Planalto e o Ministério de Minas e Energia não receberam nenhum comunicado oficial do Senhor Adriano Pires nesta segunda-feira (04/04)”, diz a assessoria de imprensa da pasta. Mas, às 19h20, confirmou ter recebido a carta

No entanto, como mostraram o jornal O Estado de S. Paulo e o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), Adriano Pires já tinha desistido de assumir o comando da estatal depois de o governo receber informações de que o nome do indicado não seria aprovado pela política de governança da empresa.

O escolhido pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, é sócio fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), que tem contratos de longo prazo com petroleiras e empresas de gás, como a Cosan, o que poderia configurar conflitos de interesse.

Guedes, sobre comando da Petrobras: ‘Eu estou sem luz’

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira, 4, que está “sem luz” sobre quem deve assumir o comando da Petrobras após a saída do general Joaquim Silva e Luna. Ao ser questionado pela imprensa no Rio de Janeiro se já havia uma “luz” sobre o sucessor para o comando da petroleira, Guedes se esquivou e disse: “Eu estou sem luz”.

Guedes já havia dito na semana passada que a troca no comando da estatal não era problema dele – Guedes minimizou o impacto da demissão, na véspera, do presidente da Petrobras.

“A Petrobras é do Ministério de Minas e Energia. Quem indica o presidente é o presidente da República junto com o ministro de Minas e Energia“, afirmou o ministro então, durante um evento em Paris.

O sucessor indicado para a presidência da Petrobras, Adriano Pires, desistiu de assumir o comando da empresa depois de o governo Bolsonaro receber informações de que o nome dele não passaria no “teste” de governança da empresa, segundo apurou o jornal Broadcast/Estadão junto a fontes credenciadas.

A desistência vem depois de o Estadão revelar que o Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) pediu que Pires fosse impedido de assumir o cargo enquanto não houvesse uma investigação do governo (Controladoria-Geral da União e Comissão de Ética) e da Petrobras sobre a atuação dele no setor privado.

Ações da Petrobras

Após a notícia de que Pires havia declinado o convite, as ações da Petrobras acentuaram a queda. Às 16h33, os papéis ordinários (PETR3) tinham queda de 0,85% enquanto os preferenciais (PETR4), desvalorização de 0,79%.

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Com informações do Estadão Conteúdo

Pedro Caramuru

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