O presidente da Petrobras (PETR4), Roberto Castello Branco, disse que acha “surpreendente que ainda no século XXI estejamos discutindo sobre a paridade de preços com o mercado internacional”. A fala do executivo vem à tona em meio à polêmica do aumento dos preços dos combustíveis realizado na última semana e que culminou em sua demissão.
Na teleconferência sobre o resultado divulgado ontem, Castello Branco relembrou que “o Brasil não tem os combustíveis mais caros do mundo”. “Não é achismo, são estatísticas. Os preços de gasolina e diesel no País estão abaixo dos preços globais, mesmo corrigindo pela renda per capita”, afirmou. As ações da Petrobras operam em alta neste pregão.
O executivo cita um relatório da Global Petrol Price, o qual mostra que os preços de diesel e gasolina no Brasil ficam abaixo das médias globais. O executivo, entrentanto, reitera que os impostos sobre os combustíveis são muito altos no Brasil
“Não existe preço caro ou barato, existe preço de mercado. Preços abaixo do mercado geram consequências, previsíveis e imprevisíveis, mas todas negativas. A experiência de fugir da paridade de importação foi desastrosa, a Petrobras perdeu US$ 40 bilhões com isso”, afirmou o presidente da estatal.
A diretoria da empresa salientou na teleconferência, a qual o SUNO Notícias esteve presente, que ao longo de 2020 a Petrobras realizou 38 ajustes no preço da gasolina — 19 para cima, e 19 para baixo. No saldo final, o preço da gasolina terminou 2020 com uma queda de 4% em comparação ao término de 2019. O diesel, por sua vez, caiu 13%.
Segundo ele, a paridade com os preços internacionais permanecerá vigente até o fim de seu mandato e de sua diretoria, previsto para o fim de março. Nesse sentido, Castello Branco disse que “não tem informações sobre a transição, mas será tranquila e efetiva. Nosso compromisso não é com nossos empregos, mas sim com a Petrobras”.
Pagamentos da Petrobras a acionistas ainda é pobre, diz CEO
A Petrobras também anunciou, na noite da última quarta, o pagamento de R$ 10,3 bilhões em dividendos, equivalentes a R$ R$ 0,78 por ação ordinária e preferencial em circulação, com base no resultado anual de 2020. O pagamento, que será realizado no fim de abril, “ainda é pobre”, de acordo com Castello Branco.
“A remuneração aos acionistas nos últimos anos tem sido pobre, mas é o que conseguimos fazer”, disse. Ele e sua diretoria ressaltaram o processo de desinvestimento e redução de dívidas que a companhia tem passado nos últimos dois anos, com o objetivo de elevar a eficiência da empresa para pagar maiores proventos.
O balanço da empresa trouxe uma redução em US$ 11 bilhões a dívida bruta, ainda próximo dos US$ 80 bilhões, como no fim de 2019. A ideia para este ano é terminar com US$ 67 bilhões em dívida.
Parte desse trabalho é condicionado à venda de ativos e refinarias, pauta da gestão de Castello Branco. Segundo ele, após a turbulência das últimas semanas possíveis compradores se mostraram inseguros, mas não recuaram nas negociações.
Por volta das 11h50 desta quinta, as ações preferenciais da Petrobras operavam com uma alta de 1,52%, a R$ 24,75, ainda cerca de 8% abaixo do patamar da última sexta-feira (19), data em que Bolsonaro anunciou a demissão do executivo.