A Moody’s alertou que a Petrobras (PETR4) pode enfrentar maiores riscos de crédito se o governo começar a usá-la para cobrir o déficit fiscal, controlar os preços de combustíveis e conter a inflação. Em relatório, a agência cita uma série de medidas implementada pela administração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre elas mudanças na política de dividendos.
A instituição pondera que a estatal dispõe de mecanismos de governança que a protegem parcialmente de interferências. Segundo a análise da Moody’s sobre a Petrobras, as alterações no conselho executivo e nas estratégias de investimentos não tiveram impacto material na qualidade de crédito.
“Haveria implicações negativas para o crédito se a qualidade da governança corporativa da Petrobras diminuísse, aumentando a sua vulnerabilidade a mudanças políticas”, adverte.
A agência de risco ressalta ainda que mudanças nos planos de negócios da Petrobras ou na alocações de recursos que enfraqueçam métricas financeiras também seriam negativas para o crédito da companhia.
Moody’s: rating da estatal não é afetado por mudança na perspectiva do Brasil
A Moody’s informou que o rating corporativo da Petrobras não é diretamente afetado pela melhora na perspectiva da nota soberana do Brasil para positiva. A avaliação reflete os “riscos intrínsecos” da estatal, particularmente a crescente evidência de interferência do governo nas decisões da companhia, segundo a agência.
Atualmente, a instituição atribui rating Ba1 à Petrobras, com perspectiva estável. A classificação está um degrau acima da nota Ba2 do País, como resultado do perfil de crédito “consideravelmente mais forte” e a capacidade da empresa de enfrentar cenários econômicos adversos.
A Moody’s vê probabilidade baixa de que a Petrobras entre em default da dívida, por causa das métricas financeiras “sólidas”, limitada exposição a riscos cambiais e menor dependência de fontes de financiamento domésticas.
Estratégia de negócios permitiu à Petrobras reduzir dívida e melhorar métricas, afirma agência
A execução do programa de vendas de ativos da Petrobras e a estratégia de negócios dos últimos anos permitiram à estatal reduzir significativamente o nível de dívida e melhorar as métricas de crédito nos últimos anos, afirma a Moody’s.
Em relatório, a agência destaca que essa realidade deixou a companhia em posição “muito confortável” para lidar com eventual quadro de volatilidade. “As fortes métricas de crédito e liquidez da Petrobras sustentam seu rating, com a alavancagem caindo para 1,2x em 2023, de 4x em 2017, e um bom perfil de liquidez”, diz.
A instituição projeta que a petroleira terá geração de caixa de cerca de US$ 35 bilhões em 2024, o suficiente para cobrir o vencimento anual de cerca de US$ 3 bilhões em dívida e gasto de capital de US$ 19 bilhões no período. Assim, o passivo ficará abaixo de US$ 65 bilhões, de acordo com a análise.
“A Moody’s continua assumindo moderada dependência de default entre a Petrobras e o governo”, acrescenta.
Com Estadão Conteúdo