Em reunião nesta quarta-feira (4), os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, Alexandre Silveira, de Minas e Energia e Rui Costa, da Casa Civil, fecharam um acordo para pagar os dividendos extraordinários da Petrobras (PETR4) que foram retidos. As informações são da coluna da Malu Gaspar, do jornal O Globo.
A apuração de bastidores mostra que a decisão foi por distribuir 100% dos dividendos extraordinários da Petrobras, que representa uma cifra de R$ 43,9 bilhões.
A decisão teria sido acordada pelos ministros em reunião nesta quarta (3).
Agora, essa decisão deve ser levada ao Presidente da República, Lula (PT). A avaliação é de que o mandatário deve aprovar a medida.
Após isso, esse tema será levado para a apreciação do Conselho de Administração da Petrobras, em uma reunião que ocorrerá no dia 19 de abril.
Na votação que optou pela não distribuição dos proventos, 6 dos 11 conselheiros decidiram reter, sendo representantes do Governo Federal, que é acionista majoritário. Jean Paul Prates, CEO da companhia, se absteve.
À época, Lula chegou a declarar que teve “uma conversa séria com a administração da Petrobras” sobre os tema e que não atenderia “à choradeira do mercado”.
- Dólar cai com indicadores antes de discurso de dirigentes do Fed
- B3 (B3SA3): Ações disparam com Selic e ‘efeito gringo’; entenda
- Petrobras (PETR4): Mercadante é cotado para comandar estatal, diz coluna
- Petrobras (PETR4) recebe indicações para assentos nos conselhos fiscal e de administração; saiba mais
Para a formação de maioria atualmente, Haddad teria conversado previamente com Prates sobre o assunto e o CEO teria relatado que o plano de investimentos da companhia não seria executado por completo, o que faria sobrar caixa.
Esse cenário foi o suficiente para os ministros cederem para o pagamento de proventos.
Prates e Lula irão se reunir nesta sexta-feira (5).
Decisão sobre dividendos da Petrobras é ‘vitória de Haddad’
A avaliação, segundo a apuração do Globo, é de que essa decisão representa uma vitória do ministro da Fazenda.
Isso, pois ele estaria defendendo o pagamento de dividendos ao passo que Costa e Silveira estariam defendendo a retenção dos recursos.
A não distribuição dos dividendos da Petrobras após a divulgação do balanço do quarto trimestre de 2023 representou uma frustração relevante para o mercado, que tinha grandes expectativas para a distribuição.
Com isso, esse evento foi um dos grandes catalisadores para a queda de PETR4 em março.
Além disso, vale destacar que, dado que a União é o maior acionista da Petrobras atualmente, ela receberia uma fatia expressiva – 30%, cercad e R$ 13 bilhões – destes dividendos.
Isso, em um contexto que a Fazenda está em uma encruzilhada para zerar o déficit primário neste ano.
O cenário mostra um embate entre Haddad e Prates, que tem uma visão acerca dos rumos da Petrobras, enquanto Costa e Silveira tem posições diferentes acerca da estratégia da estatal.
“Acredito que em alguma medida é uma vitória do Ministério da Fazenda conseguir esses dividendos haja visto que é um governo que não está muito preocupado em reduzir gastos, ou seja, busca o equilíbrio fiscal por meio de aumento de receitas e, claro, o dividendo distribuído da Petrobras vai uma parte direcionada pro governo, que é um dos principais acionistas da empresa. Então é um reforço de caixa, é uma receita aí que ajuda no equilíbrio fiscal do país”, comenta Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed.