O novo Plano Estratégico da Petrobras (PETR4) mantém a companhia no caminho que a tornou uma das mais lucrativas do setor, mas os analistas encontram-se assustados com o futuro da companhia. Na visão do BTG Pactual (BPAC11), a empresa tem a “menor visibilidade” em anos por causa do risco político atrelado as decisões do governo do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Embora a leitura geral seja muito positiva, sentimos que os investidores pagarão muito pouco pela execução completa do novo Plano Estratégico (PE). Além disso, o governo recém-eleito tem criticado a atual estratégia de alocação de capital da Petrobras, e a equipe de transição energética chegou a pedir à empresa que adiasse o anúncio de um novo PE”, disseram os analistas do BTG Pedro Soares, Thiago Duarte e Bruno Lima.
A visibilidade do futuro da Petrobras é a menor em anos, há muitas dúvidas sobre sua alocação de capital e política de preços de combustível, e o espaço para alavancagem é grande.
Em relatório divulgado na quinta (1º), os especialistas alertaram que essa atitude do governo petista “sugere fortemente que revisões futuras são muito prováveis”.
“Acreditamos que a abordagem da Petrobras para outros setores além do upstream mudará significativamente, o que pode alterar substancialmente o risco-retorno, bem como o nível de retorno esperado no curto e médio prazo”, comentaram.
O BTG Pactual tem recomendação neutra sobre os papéis da Petrobras, assim como o Goldman Sachs.
O banco global de investimentos argumentou que, mesmo com a avaliação atraente dos rendimentos dos dividendos da Petrobras, reconhece “o aumento da incerteza sobre as políticas a serem adotadas nos próximos anos”.
“O governo recém-eleito poderia potencialmente mudar o foco da venda de ativos e do retorno de capital aos acionistas para novos caminhos de crescimento e prováveis subsídios aos combustíveis”, comentaram os analistas Bruno Amorim, Joao Frizo e Guilherme Costa Martins.
Petrobras: XP vê incertezas na estrada
Do outro lado, a XP conta com recomendação de compra para esses papéis, mas avisou ao mercado que a ação conta com um alto risco político.
“O retorno aos acionistas da Petrobras provavelmente dependerá de dividendos futuros. Para 2023, acreditamos que os dividendos ainda podem ser bons, pois leva tempo para a Petrobras mudar radicalmente o rumo de suas práticas. Porém, a partir de 2024, dependerá da política de preços de combustíveis (e da vigência da lei das estatais)”, destacaram os analistas Andre Vidal e Helena Kelm.
Os profissionais do mercado ressaltaram que a petroleira “apresentou uma das mais bem-sucedidas reviravoltas corporativas do mundo”.
No entanto, o cenário mais provável é de uma mudança no rumo dos planos nos próximos meses e anos. O fluxo de notícias negativos provavelmente significa que a Petrobras permanecerá barata, a menos que haja uma forte mudança nas diretrizes econômicas do governo recém-eleito (o que parece extremamente improvável neste estágio).
Itaú BBA analisa por outro ângulo
Nas análises enviadas ao mercado, o Itaú BBA decidiu focar no que está escrito no Plano Estratégico, e não no contexto político atrelado ao andamento da Petrobras.
Os analistas Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de Mello ressaltaram que o novo plano “mantém-se consistente com o anterior, sem alterações anunciadas na política de dividendos, práticas de gestão de dívida, programas de desinvestimentos ou política de preços”.
Os especialistas argumentaram que o principal destaque do novo PE é o anúncio do investimento em energias renováveis, como a eólica e o hidrogênio.
“No nossa opinião, este é um marco significativo na estruturação da empresa para estudar e amadurecer essas oportunidades para formar novos projetos a serem incluídos nos próximos planos de negócios”, disseram eles.
Por volta das 10h30 desta sexta (2), as ações da Petrobras operavam em alta de 0,35%, avaliadas em R$ 25,68, segundo o Status Invest.
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