A futura presidente da Petrobras (PETR4), Magda Chambriard, fará mudanças na diretoria da estatal, mas deve preservar parte dos executivos. Um dos que devem permanecer no cargo, conforme apurou o Broadcast (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), é o diretor de Transição Energética e Sustentabilidade, Mauricio Tolmasquim.
Na terça-feira pela manhã, Tolmasquim se encontrou com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, na Base Aérea do Galeão, no Rio. Silveira acompanhava o embarque de eletricistas para auxiliar na reconstrução da rede no Rio Grande do Sul. O encontro foi um pedido do ministro, que queria falar de gás natural.
A conversa durou alguns minutos e foi interpretada como uma sinalização positiva para Tolmasquim em meio às mudanças na estatal, sob Magda Chambriard e mais alinhada à pauta do governo federal.
Além dos projetos de transição energética da Petrobras (PETR4), Tolmasquim cuida da gestão do gás produzido pela companhia, à exceção das unidades de processamento de gás (UPGNs), sob responsabilidade de Willian França, diretor de Processos Industriais. A maior oferta de gás ao mercado pela Petrobras é um ponto de pressão da Esplanada sobre a estatal, sobretudo do Ministério de Minas e Energia.
Tolmasquim, dizem pessoas próximas à sucessão na estatal, tem boa relação com Magda, além de fiadores dentro do PT. A leitura é de que, para uma nova presidente da Petrobras com muita experiência em petróleo, mas pouca entrada no setor da energia elétrica – área em que a empresa pretende atuar -, Tolmasquim seria um quadro estratégico. Respeitado no setor, o ex-presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) foi coordenador do grupo de trabalho de Minas e Energia na transição de governo.
Diretor da Petrobras sob pressão
Mas o executivo não é unanimidade no governo, sendo alvo de críticas do próprio PT. Membros da Federação Única dos Petroleiros (FUP), por exemplo, já reclamaram publicamente de falta de evolução dos projetos. A tendência, portanto, é de que ele seja pressionado a promover mudanças na diretoria e a acelerar projetos para aplacar as queixas de lentidão que se multiplicaram nos últimos meses.
Também alvo de queixas relacionadas à lentidão no andamento de projetos, obras e pouca atenção ao conteúdo local nos empreendimentos, o diretor de Engenharia, Inovação e Tecnologia, Carlos Travassos, pode não ter a mesma sorte. Suas chances de permanecer à frente da área que lida com os fornecedores da estatal são consideradas baixas em razão de fortes resistências dentro do PT.
Funcionário de carreira com 33 anos de Petrobras, Travassos conta com o respaldo de parte dos conselheiros e da própria empresa, mas não deve resistir às críticas, que também passam por encomendas à indústria naval muito aquém do esperado pelo governo e pelo próprio presidente Lula.
Uma das reclamações mais objetivas se refere ao número considerado baixo de novos navios de transporte colocados no plano estratégico – quatro -, enquanto os críticos estimam haver uma demanda potencial superior a 20 embarcações na subsidiária de transporte da estatal, a Transpetro.
Outra queixa se deve ao prazo estimado para a conclusão da fábrica de fertilizantes de Três Lagoas (MS) – Travassos fala em até cinco anos, tempo considerado excessivo para áreas do governo. A gestão dos nomes da diretoria foi facultada à futura presente da Petrobras por Lula, mas pessoas próximas dizem que ela terá de submeter as mudanças também aos ministros Alexandre Silveira (Minas e Energia) e Rui Costa (Casa Civil).
*Com Estadão Conteúdo
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