Magda Chambriard: “Petrobras (PETR4) precisa zelar pela produtividade e acelerar a atividades de exploração”

Em sua primeira entrevista coletiva desde que assumiu o cargo, Magda Chambriard, a nova presidente da Petrobras (PETR4), enfatizou nesta segunda-feira (27), em meio a especulações sobre possíveis alterações na diretoria da estatal, a necessidade de a empresa ser rentável e acelerar atividades de exploração de petróleo. Magda confirmou ainda a possibilidade de realizar mudanças na diretoria, sugerindo uma revisão na estrutura interna da empresa para melhor atender às demandas do mercado e aos interesses dos acionistas, sejam eles privados ou governamentais.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/11/1420x240-Banner-Home-3.png

Chambriard também destacou a importância de buscar novas reservas de petróleo, apesar das preocupações levantadas por organizações ambientalistas diante da crise climática e desastres naturais recentes, como as cheias no Rio Grande do Sul.

Na coletiva, a presidente ressaltou que a Petrobras é uma empresa de “economia mista“, o que significa que possui capital aberto na Bolsa de Valores, com acionistas privados, mas é controlada pelo governo federal, assim como outras estatais.

“Gerir essa empresa para dar lucro é muito fácil. E colocar a empresa à disposição dos acionistas dentro da lógica empresarial”, disse.

Chambriard afirmou que ainda não tomou decisões sobre mudanças na diretoria da Petrobras, mas reconhece que é natural que novos gestores busquem profissionais mais alinhados com sua visão. Ela também disse que ainda não teve tempo de se aprofundar no tema dos dividendos, que foi motivo de controvérsia durante a gestão de seu antecessor, Jean Paul Prates.

Temos que zelar pela produtividade, é essencial repor reservas, diz presidente da Petrobras

A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse por mais de uma vez, em sua primeira entrevista coletiva, que o foco de sua gestão vai ser acelerar a atividades de exploração (procura) de petróleo para repor as reservas da estatal. Ela lembrou que as reservas de óleo da empresa, ainda muito baseadas no pré-sal, entram em declínio a partir de 2030.

“Enquanto empresa de petróleo, temos que pensar em repor reservas. Produzir petróleo em águas ultra-profundas é o que sabemos. O foco não poderia ser outro que não zelar pela produtividade. E, para isso, é essencial repor reservas”, disse.

“A sobrevivência da Petrobras tem um grande componente que é a produção desses reservatórios, tempestiva, com máximo aproveitamento, majoração do potencial dos recursos, mas reposição de reservas. Para nós, é essencial repor reservas, continuar explorando petróleo no litoral brasileiro. A Margem Equatorial está nesse contexto, o litoral do Amapá e o do Rio Grande do Sul estão nesse contexto”, disse.

Para além dessas chamadas “novas fronteiras”, Magda disse haver espaço para novas descobertas no próprio pré-sal, ainda que não seja nada tão grande como foram os campos do passado, entre os quais citou Tupi, de onde vem a maior produção da empresa.

Ela não descartou a internacionalização da exploração, ao lembrar que se trata de uma empresa internacionalizada, mas disse que a prioridade total é a geração de riqueza no litoral brasileiro. No ano passado, a Petrobras anunciou a volta das atividades na costa oeste da África, onde adquiriu participação em blocos da Shell em São Tomé e Príncipe e negocia para entrar no litoral da Namíbia, como revelou o IIBroadcast(sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado).

Petrobras e o Ministério do Meio Ambiente

Questionada sobre a resistência do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e do Ibama em liberar a exploração nessas áreas, Magda disse que a pasta de Marina Silva precisa ser mais esclarecida sobre essa necessidade premente da Petrobras de repor reservas.

“O Ministério do Meio Ambiente precisa ser mais esclarecido sobre a necessidade de o Brasil explorar a Margem (Equatorial) e perfurar esses poços, até para liderar a transição”, disse sobre o MMA.

Sobre isso, a nova presidente da Petrobras ainda afirmou que o cuidado da empresa vai muito além do que demanda a lei ambiental, o que vai ficar claro pela condução da empresa no tema. Ela também garantiu que a Petrobras vai seguir investindo na diversidade de fontes de energia capazes de garantir o futuro da companhia.

Fornecedores nacionais

Magda também lembrou que terá como função reforçar a cadeia de fornecedores nacionais, assunto que acompanha há muitos anos, desde os tempos na Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).

“Todos os contratos têm igualdade de oportunidades para fornecedores nacionais e estrangeiros. Vamos ter que honrar a igualdade de oportunidades entre fornecedor nacional e externo”, disse Magda.

Presidente quer acelerar produção de petróleo e diz que é injusto culpar pré-sal por desastres climáticos

Magda Chambriard fez uma vigorosa argumentação em favor da ampliação da produção de petróleo pela Petrobras e do aumento das atividades de exploração para expandir as reservas. De acordo com ela, a exploração de petróleo no pré-sal representa 26% da balança comercial do Brasil.

No entanto, ela observou que o pico de produção dessas reservas é previsto para ocorrer por volta de 2030. Portanto, ela defendeu veementemente a expansão das atividades de exploração para possibilitar a produção em novas áreas. Além disso, Chambriard defendeu a exploração da chamada Margem Equatorial, localizada no litoral norte do país, apesar das questões ambientais que cercam essa região.

“Temos de tomar cuidado com as reposições da reserva. E está fora de cogitação a importação. É trazer a necessidade de explorar novas fronteiras, como a questão do Amapá, na Margem Equatorial, e Pelotas, no Sul do Brasil”, pontuou.

Questionada sobre os impactos da produção de petróleo no clima e, mais especificamente, sobre as cheias ocorridas no Sul do país, Magda Chambriard defendeu que desastres naturais como esse podem ser resultado de uma combinação de diversos fatores. Entre eles, ela mencionou a prática de aterrar áreas que anteriormente eram alagadas.

A presidente da Petrobras enfatizou que não é justo culpar exclusivamente a produção de petróleo no pré-sal por eventos climáticos extremos como as cheias. Segundo ela, é importante considerar todos os aspectos envolvidos e buscar soluções integradas para mitigar os impactos ambientais e prevenir futuros desastres.

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/11/1420x240-Banner-Home-2-1.png

Política de preços da estatal deve ser mantida

Magda Chambriard reiterou o compromisso de dar continuidade à política de preços dos combustíveis, seguindo a linha de “abrasileiramento” implementada por seu antecessor, Jean Paul Prates, em cumprimento à promessa de campanha do presidente Lula. Essa política, segundo ela, resultou na redução dos preços internos e proporcionou estabilidade ao consumidor, sem prejudicar a Petrobras.

Na coletiva de hoje, Chambriard indicou uma possível mudança de abordagem em relação à transição energética, um dos principais focos da gestão de seu antecessor. Ela abordou pouco o tema e, quando questionada, mencionou iniciativas como a captura de carbono.

O governo espera que a presidente priorize uma série de projetos, incluindo a recompra de refinarias, encomendas a estaleiros nacionais e o apoio à criação de um polo gás-químico em Minas Gerais, estado de origem do ministro Alexandre Silveira (Minas e Energia). Chambriard afirmou estar ciente das promessas de campanha do presidente e se comprometeu a tentar cumpri-las, mas sempre mantendo o foco na saúde financeira da companhia.

“Recentemente, tivemos um cenário com preços de gasolina, de diesel e dos derivados em geral elevadíssimos. O presidente Lula, em sua campanha eleitoral, prometeu abrasileirar os preços. E como isso foi feito? Ora, é justo eu cobrar de um produto que eu não importo o mesmo preço de um produto do mercado internacional que paga preço de frete, de seguro, de risco de importação, de ganho de importador? Tudo isso está presente em uma grande formulação que abrasileirou o preço dos combustíveis”, acrescentou.

A atual política de preços dos combustíveis da Petrobras foi adotada em maio do ano passado e representou o fim do Preço de Paridade Internacional (PPI), que vinha sendo adotado há mais de seis anos. Desde 2016, os preços praticados no país se vinculavam aos valores no mercado internacional tendo como referência o preço do barril de petróleo tipo brent, que é calculado em dólar. Essa prática gerou distribuição de dividendos recordes aos acionistas da empresa. No atual modelo, a Petrobras não deixa de levar em conta o mercado internacional, mas incorpora referências do mercado interno.

Entre as prioridades destacadas pela nova presidente estão a busca por novos mercados para o gás natural e a garantia de “igualdade de condições” para fornecedores nacionais de equipamentos. A gestão anterior da Petrobras foi criticada por optar pelo arrendamento de plataformas, serviço majoritariamente oferecido por empresas estrangeiras.

Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo

https://files.sunoresearch.com.br/n/uploads/2024/11/1420x240-Banner-Home-4.png

Murilo Melo

Compartilhe sua opinião

Receba atualizações diárias sobre o mercado diretamente no seu celular

WhatsApp Suno