O presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, declarou que o Brasil já está atrasado no processo de exploração da Margem Equatorial.
Durante o evento Seminário Brasil Hoje, da Esfera, que ocorre em São Paulo nesta segunda (22), o presidente da Petrobras defendeu ferrenhamente a liberação regulatória para a estatal explorar a Margem Equatorial.
“Essa é uma decisão de estado brasileiro que já ultrapassou demais o processo de licenciamento ambiental. Estamos respeitando a ministra Marina Silva, o Ibama, mas tenho que dizer que não se trata só disso”, disse o CEO da estatal.
Dos primeiros passos do processo de exploração ao primeiro barril produzido há uma janela de 6 a 8 anos, considerando a necessidade da construção de uma plataforma FPSO e outras medidas burocráticas e estruturais.
Segundo Prates, os países que estão na mesma região da Margem Equatorial começaram a explorar petróleo na região e estão produzindo hoje.
“Já estamos atrasados. O que os países de lá têm em comum? Todos começaram a explorar em meados de 2015 e hoje já produzem. Foram mais de 60 poços perfurados lá”, disse.
Jean Paul Prates citou os números mais recentes da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), de que as reservas do Brasil estão na casa dos 16 bilhões de barris de petróleo, volume recorde.
Nesse contexto, o Brasil levaria de 13 a 14 anos para consumir a totalidade dessas reservadas, dado que produz e consome cerca de 1 bilhão de barris ao ano e tem sempre um crescimento marginal ao ano anterior.
É inviável frear petróleo no curto prazo, diz presidente da Petrobras
Segundo o executivo, é inviável frear o consumo de petróleo no curto prazo de forma abrupta – tese defendida por movimentos ambientalistas que pressionam pelo não licenciamento de novas zonas de exploração.
“É simplesmente inviável. Aliás, a própria IEA [Agência Internacional de Energia, na sigla em inglês] estima que teremos hidrocarbonetos nos combustíveis e na energia por pelo menos 40 anos”, disse.
Prates considera que há duas opções: ou explorar novas fronteiras, incluindo a Margem Equatorial e também a Bacia de Pelotas, ou esgotar as reservas e entrar em um cenário de parar de ser autossuficiente e pagar royalties a outros países.
Citando um exemplo que considera de sucesso, Prates detalhou a operação do Campo de Urucu, localizado no Campo da Amazônia.
Com 20 mil empregos gerados e tornando a Petrobras a maior contribuinte do estado do Amazonas – além de R$ 40 milhões anuais em royalties -, o campo não teve nenhum incidente ambiental em cerca de 35 anos de operação.