A informação de que Caio Paes de Andrade está sendo cotado para presidir a Petrobras (PETR4) sofre oposição de lideranças do setor de óleo e gás, segundo um empresário ouvido pela Bloomberg Línea sob a condição de não ser identificado.
A fonte participou de um encontro entre empresários e executivos do setor no Rio de Janeiro e um dos problemas apontados foi a falta de experiência de Paes de Andrade na área. Alguns dos presentes na reunião questionaram o fato de Paes de Andrade nunca ter trabalhado em nenhuma empresa de óleo e gás e não ter comandado uma companhia de grande porte, com milhares de funcionários e uma rotina de contratos bilionários.
Paes de Andrade é secretário de Desburocratização do Ministério da Economia e próximo do ministro Paulo Guedes. Vem sendo cotado para o cargo há algum tempo, mas não teria conseguido avançar devido a resistências do setor de óleo e gás.
Segundo seu currículo público, Paes de Andrade é formado em Comunicação Social pela Unip, pós-graduação em Administração por Harvard, nos Estados Unidos, e mestrado na mesma área pela Duke University, também nos EUA.
Dedicou a maior parte de sua carreira a empresas de tecnologia e já trabalhou em fundos de private equity. No governo Bolsonaro, antes de ser secretário de Guedes, foi presidente do Serpro, o Serviço de Processamento de Dados do governo federal.
Segundo o relato do empresário à Bloomberg Línea, a indicação de Paes de Andrade está sendo encarada como um remendo político até terminar o mandato do presidente Jair Bolsonaro. Já de pessoas próximas à Petrobras, o receio é que a indicação de Paes de Andrade se torne munição contra a empresa.
A oposição a Bolsonaro deve criticar a nomeação de alguém próximo a Guedes, mas sem currículo reconhecido para o posto. E internamente, o receio é que ele não tenha condições de se impor na empresa, dada sua falta de familiaridade com o setor e com a empresa.
O episódio é mais um capítulo da disputa política em torno da Petrobras. Na semana passada, o general Silva e Luna foi dispensado da presidência da empresa. O governo enviou à estatal sua lista de indicados para compor o conselho com o nome de Adriano Pires para CEO e Rodolfo Landim para presidente do conselho de administração. Ambos desistiram do convite alegando que suas atividades no setor privado os colocaria em situação de conflito de interesse, caso fossem para a Petrobras.
Com o impasse no comando da empresa, há articulações para que o general Silva e Luna seja mantido na presidência da Petrobras. A assessoria do general, no entanto, negou ter sido procurada com qualquer proposta e disse que continua com o processo de desligamento.