Mesmo com um pagamento de dividendos relativamente elevado – e a possibilidade de seguirem altos no futuro – o risco de investir na Petrobras (PETR4) ganha mais espaço nos debates de mercado com a proximidade das eleições.
Em entrevista ao Almoço com Gestor, quadro semanal do YouTube do Suno Notícias, o gestor Luiz Guerra, que é responsável pelos fundos Logos Total Return e Logos Long Biased, disse que, mesmo no cenário atual, prefere deixar as ações da Petrobras de fora da carteira por causa do ‘risco binário’.
Com Lula (PT) à frente em diversas pesquisas eleitorais, especialistas discutem os efeitos nas ações da companhia. Na sua visão, com a nebulosidade de como seria um eventual governo de Lula e como a Petrobras seria gerida, é melhor deixar os papéis da estatal fora da carteira.
“Não temos na carteira hoje. Achamos que ficou muito ‘binário’ o caso. O Lula tem tido como porta-voz para falar sobre a Petrobras o [José Sérgio] Gabrielli, que é ex-presidente da companhia. Os mais antigos, como eu, sabem que [a gestão de Gabrielli] traumatizou muita gente do mercado. E agora ele tem coragem de vir com o mesmo discurso. A questão é a alocação de capital. A Petrobras alocou muito mal o capital durante a sua história”, afirma Guerra.
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Segundo o gestor da Logos Capital, se Lula fosse eleito, o cenário ‘não seria positivo’ para a Petrobras, embora isso possa mudar ao longo da corrida eleitoral e de um eventual mandato.
O especialista também pontuou que, na questão de alocação de capital, a “Petrobras só não quebrou porque é estatal”, citando o endividamento volumoso da petroleira em anos passados.
“A Petrobras quase quebrou. O Lula e o Gabrielli estão com o mesmo discurso, o que é muito ruim. Torço para que eles se corrijam e percebam que a política [de gestão da Petrobras] foi muito errada lá atrás, mas não temos visto isso”, segue.
Privatização do refino, por Bolsonaro, seria ‘ponto positivo’, diz gestor
Citando o candidato opositor, Jair Bolsonaro (PL), Luiz Guerra destaca que a agenda de privatização poderia ocasionar um destravamento de valor das ações PETR4.
“O Bolsonaro tem falado em privatizar. Esse tem sido visto como o caminho mais correto por nós e pelo mercado. A possibilidade, na verdade, é ingrata e é difícil, porque a empresa é uma gigante do setor. Se você fatiar a empresa, estruturar, acho que consegue [realizar a privatização da Petrobras]. Se você vender refino, inclusive, acaba com a interferência política”, analisa.
Segundo o gestor, em uma eventual privatização do refino – como ocorreu em Mataripe, com a RLAM, que foi vendida como política de desinvestimento da empresa – a situação melhoraria para a empresa.
Contudo, destacou que o discurso do Lula é justamente de investir mais em refino, o que poderia prejudicar o desempenho futuro da companhia.
“O discurso de Lula é de investir mais em refino. As refinarias investidas pelo governo do PT [Partido dos Trabalhadores] foram investimentos absolutamente horrorosos. Abreu e Lima foi a maior delas, com bilhões de dólares desperdiçados, sendo inclusive uma parceria com o governo venezuelano”, pontuou.
A obra citada pelo especialista havia sido orçada em US$2,3 bilhões, contudo, teve um custo total de US$ 19,5 bilhões no final.
Como está a Petrobras
Atualmente, segundo dados do Status Invest, a companhia soma um dividend yield (DY) de 52,2%. Ou seja, os dividendos da Petrobras foram de R$ 16,6 nos últimos 12 meses, ante uma cotação atual de cerca de R$ 31,90 dos papéis.
Além disso, nos últimos 12 meses a Petrobras soma uma valorização de 112%, com cotação máxima de R$ 34 nas últimas 52 semanas.