O que Jair Bolsonaro (PL) e Luiz Inácio Lula da Silva (PT) devem fazer com a economia, caso sejam eleitos à presidência do Brasil, é uma das perguntas que mais mexem com mercado com a proximidade das eleições.
Silvio Cascione, diretor da Eurasia Brasil, sabatinado no Bloomberg Línea Summit nesta quarta-feira (14), disse o que pode ocorrer com a Petrobras (PETR4), a inflação e a situação fiscal do país com a eventual vitória de Lula ou Bolsonaro nas eleições presidenciais.
Em mesa dividida com Karina Saade, Head da BlackRock Brasil, e Marcus Vinícios Gonçalves, diretor da Frankling Templeton, sobraram para Cascione as perguntas mais quentes, envolvendo os primeiros colocados nas pesquisas eleitorais.
Logo de início, Cascione expôs o cenário com o qual trabalha a Eurasia na previsão das eleições. O candidato Lula tem 65% de probabilidade de vitória em um eventual segundo turno, enquanto Bolsonaro tem 35%.
E apesar de um atual viés de baixa para Lula, devido a uma recente melhora econômica na gestão Bolsonaro, “até agora, não há dados para mudar esta probabilidade”, disse.
Petrobras com Bolsonaro pode ser privatizada?
Segundo o especialista, em um eventual segundo mandato, Bolsonaro continuaria com a agenda de colocar à venda todas as estatais possíveis.
“A Petrobras seria o carro chefe das privatizações no segundo mandato”, disse.
Cascione afirma que a empresa, no cenário com Bolsonaro, deve maximizar remuneração a acionistas e ser preparada para a venda.
“No caso de Lula, as estatais não estão à venda. Elas são parte de estratégia do estado na indução do crescimento econômico”, contrapôs.
Em um cenário com Lula na presidência, a estatal provavelmente se voltará para áreas como refino e gás natural, das quais vem se retraindo.
O palestrante pontuou, inclusive, que partes do núcleo petista têm falado que a empresa atuaria em setores onde a Eletrobras (ELET3), privatizada na gestão Bolsonaro, estava, como os renováveis.
“Deve, pouco a pouco, ela deve se transformar em uma empresa energética, indo além do petróleo e gás. Para o acionista, menos dividendos e mais investimentos no longo prazo“, disse.
Política monetária não muda
Cascione foi enfático ao dizer que, independente do resultado do pleito, a política monetária não deve sofrer mudanças drásticas.
“A independência do Banco Central não muda e foco para atingimento da meta de inflação também não”, disse.
Ele lembra que, em 2002, Lula indicou o liberal Henrique Meirelles para a presidência do BC, “podendo muito bem indicar figura para manter o BC no mesmo trilho”.
Já a fiscal…
O diretor foi direto ao ponto para falar de diferentes cenários sobre a política fiscal no Brasil após as eleições.
Para o diretor, mesmo que o mercado esteja “traumatizado” com a quebra do teto de gastos por parte da gestão Bolsonaro, ainda existem diferenças relevantes a serem exploradas entre os dois planos de governo.
Enquanto o petista visa aumentar o tamanho do estado, Bolsonaro deve retraí-lo.
“Se Lula tem espaço fiscal, a tendência é aumentar gasto. Se Bolsonaro tem espaço fiscal, a tendência é cortar imposto”, cravou.