A Petrobras (PETR4) teve um 2022 marcante no que se refere à sua distribuição de dividendos.
Tendo feito pagamentos bilionários ao longo do último trimestre, a Petrobras chegou a ser eleita a maior distribuidora de proventos no mundo pela gestora Janus Henderson.
Além disso, a empresa se tornou queridinha nas mais variadas carteiras recomendadas de dividendos montadas por diferentes corretoras.
Mas, recentemente, uma queda nos preços internacionais do barril de petróleo levantou dúvidas sobre a capacidade da empresa em manter a remuneração de seus acionistas enquanto o preço da commodity está em baixa.
É fato que, desde o início da guerra na Ucrânia, o preço do petróleo atingiu patamares elevados. Até o início do mês de fevereiro, antes da invasão russa, os preços do barril de petróleo Brent rondavam os US$ 93.
A partir disso, oscilaram majoritariamente acima dos US$ 103.
Mas, nos últimos três meses, os preços internacionais do mesmo produto, que bateram os US$ 120 ao final de maio, caíram para cerca de US$ 95– na semana passada, a cotação chegou a bater US$ 88.
Dividendos da Petrobras podem sentir impacto
Para André Meirelles, diretor de alocação e distribuição da InvestSmart XP, o impacto negativo da baixa do petróleo na remuneração dos acionistas da Petrobras deve ocorrer.
Meirelles afirma que o aumento de cerca de 40% no preço do Brent durante o primeiro semestre deste ano foi um dos grandes responsáveis pela recente distribuição de R$ 88 bilhões em dividendos pela Petrobras.
“Por isso, a queda no preço do barril de U$ 120 para U$ 95 nos últimos três meses deve impactar negativamente a performance operacional e a distribuição de dividendos da empresa”, completa.
O diretor, entretanto, ressalta que, apesar dessa recente queda, o barril segue negociado em patamares elevados.
“Considerando seu preço nos últimos cinco anos, os estoques de petróleo permanecem relativamente baixos e a OPEP+ decidiu recentemente pela redução do volume diário ofertado”, diz.
“Isto, talvez, indique que, mesmo com a expectativa de redução na atividade econômica global, o preço do petróleo se mantenha em patamar elevado”.
Mas a estatal pode dar a volta por cima
Já Paulo Feldman, economista e professor da USP, crê que os preços do petróleo devem continuar em baixa no ano que vem, principalmente devido à provável redução da atividade econômica global.
Mas ele acredita que, mesmo com o período de baixa nos preços do petróleo, a Petrobras é capaz de se preparar para mantar uma boa remuneração a acionistas.
“A Petrobras é uma empresa muito bem administrada e altamente competente, que sabe avaliar muito bem as situações e se preparar para o que ocorre. Ela continuará sendo rentável e continuará remunerando seus acionistas de forma adequada”, disse.
O economista não vê a Petrobras correndo riscos preocupantes atrelados ao preço do petróleo por acreditar que a gerência da estatal é capaz de driblar este obstáculo para mantendo uma boa eficiência operacional.