Petrobras (PETR4): após anúncio de retomada de fábrica no Paraná, BBA define preço-alvo por ação
Depois que a Petrobras (PETR4) informou na quinta-feira (6) que sua diretoria executiva aprovou a reativação da sua fábrica de fertilizantes Araucária Nitrogenados S.A. (Ansa), localizada no Paraná, hibernada desde 2020, o Itaú BBA relembrou em relatório os prejuízos consistentes que a petroleira teve com a indústria desde sua aquisição em 2013.
O prejuízo da operação da fábrica Ansa em 2020, quando a Petrobras decidiu pausá-la, era superior a R$ 400 milhões, segundo comunicado divulgado à época.
Isso, no entanto, não abalou a visão dos investidores: a equipe do banco tem recomendação de market perform para as ações da Petrobras, desempenho dentro da média do mercado, que é equivalente à neutra. O preço-alvo é de R$ 43 para a ação ao fim de 2024, e US$ 17,60 para os ADRs – ante os R$ 37 das ações preferenciais PETR4 e os US$ 14,54 dos recibos negociados hoje em Nova York.
O anúncio da retomada da unidade no Paraná da Petrobras vem quase duas semanas depois da posse da nova presidente-executiva da Petrobras, Magda Chambriard, que assumiu a liderança da estatal com a missão de acelerar investimentos, a pedido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O local havia sido colocado à venda pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, mas o processo foi cancelado com a chegada do PT ao governo, que considera a área de fertilizantes estratégica para a Petrobras.
O objetivo do governo é que a Petrobras desempenhe um papel fundamental na criação de empregos e geração de renda no país. Além do setor de fertilizantes, a indústria naval também é uma das áreas prioritárias para o governo brasileiro, para impulsionar a economia e promover a criação de empregos.
Os passos requeridos para reiniciar a operação da fábrica devem ser iniciados de imediato. Com essa determinação, a empresa também permite que a Ansa negocie e faça a contratação dos ex-funcionários, sujeita à aprovação do acordo pelo Tribunal Superior do Trabalho (TST).
Tanto os acordos trabalhistas quanto a realização das licitações e contratações foram postergados aguardando uma nova decisão da diretoria executiva, quando os procedimentos estiverem definidos.
A paralisação da Ansa causou a demissão de 396 trabalhadores. Na ocasião, a Petrobras explicou que o custo da matéria-prima utilizada na fábrica (resíduo asfáltico) estava mais elevado do que o valor dos produtos finais (amônia e ureia).
Localizada ao lado da Refinaria Presidente Getúlio Vargas (Repar), a Ansa possui capacidade de produção de 720 mil toneladas/ano de ureia e 475 mil toneladas/ano de amônia, além de 450 mil m³/ano do agente redutor líquido automotivo (Arla 32).
A empresa informou que não conseguiu encontrar compradores para a fábrica e decidiu manter a unidade hibernada “em condições que garantam total segurança operacional e ambiental, além da integridade dos equipamentos”. A previsão é de que a operação da Ansa seja reiniciada no segundo semestre de 2025, conforme a Petrobras.
Petrobras deve obras de outra unidade de fertilizantes
A decisão de retomar a Ansa foi feita no dia 17 de abril, em reunião feita pela diretoria executiva da estatal, quando a petroleira ainda era liderada por Jean Paul Prates. À época, o presidente da Petrobras disse ao jornal O Globo que a empresa planejava “recuperar uma [fábrica] por uma”.
“Se for viável, e faremos que seja viável, vamos dar a solução viável e lucrativa para cada uma das unidades de fertilizantes. Vamos recuperar com governança, ouvindo TCU [Tribunal de Contas da União]. Parece que estamos recuperando coisas proibidas, por causa do passado”, disse Prates.
Além da Ansa, há expectativas em relação à retomada das obras da Unidade de Fertilizantes Nitrogenados III (UFN-III) no município de Três Lagoas, no Mato Grosso do Sul (MS).
Segundo informações do jornal, a Petrobras tem mantido diálogos com a empresa chinesa Sinopec para a continuidade da UFN-III. A construção da unidade teve início em 2011 e encontra-se atualmente cerca de 80% concluída. No entanto, as obras estão paralisadas desde dezembro de 2014. Em 2017, a Petrobras tentou vender a fábrica, mas enfrentou dificuldades para concretizar a transação.
De acordo com fontes do periódico, a Sinopec demonstrou interesse no projeto à Petrobras. Está sendo discutida uma proposta na qual os chineses completariam a construção e receberiam parte da empresa em ações como contrapartida. Isso possibilitaria um reinício mais rápido das obras ainda este ano, conforme o plano da estatal.
Segundo a fonte, se a Petrobras optar por licitar novamente para retomar as obras de forma independente, o cronograma poderia ser adiado para 2025. A proporção de ações que a Sinopec teria no empreendimento em Três Lagoas ainda não foi determinada, pois esse aspecto depende dos acordos entre as duas empresas.