As ações da Petrobras (PETR4) afundavam mais de 10% no after hours em Nova York, às 22h, horário de Brasília. A estatal marcou para esta quinta, após o fechamento da B3, a divulgação dos resultados do quarto trimestre de 2023. Até as 22h15 o balanço não tinha sido divulgado. Circulava no mercado o rumor de que a estatal não anunciaria a distribuição de dividendos extraordinários. A estatal acabou soltando um comunicado às 22h20 sobre os dividendos – que serão levados à aprovação em assembleia. Em seguida, o balanço foi divulgado: a estatal reportou que o lucro do 4T23 caiu 28,4% ante o mesmo intervalo em 2022, chegando a R$ 31 bilhões.
Segundo o Broadcast, serviço de notícias do jornal Estado de S. Paulo, as notícias que circularam nos bastidores são de que a Petrobras não iria anunciar hoje os aguardados dividendos. Segundo fontes do Broadcast, o Conselho de Administração da Petrobras decidiu não pagar os dividendos extraordinários.
A projeção era de que os dividendos da Petrobras seriam anunciados hoje, data da divulgação do balanço, com valores entre US$ 4 bilhões e US$ 9 bilhões.
Às 22h20, a estatal divulgou fato relevante dizendo que levaria proposta de pagar US$ 14,2 bilhões aos acionistas:
“A Petrobras informa que seu Conselho de Administração (CA), em reunião realizada hoje, autorizou o encaminhamento à Assembleia Geral Ordinária (AGO), prevista para 25 de abril de 2024, da proposta de distribuição de dividendos equivalentes a R$ 14,2 bilhões. Caso haja aprovação da AGO, considerando os dividendos antecipados pela Companhia ao longo do exercício, ajustados pela Selic, os dividendos totais do exercício de 2023 totalizarão R$ 72,4 bilhões.”
O Broadcast diz que as fontes da petroleira revelaram que o conselho, dividido sobre o pagamento, não teria aprovado os proventos.
Na última quarta (28) as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) fecharam em baixa de 5,16% no Ibovespa após declaração do presidente da companhia, Jean Paul Prates, pregando uma possível “cautela” na distribuição de dividendos. Nesta quinta, as ações fecharam em queda de 1,1%.
Em comunicado ao mercado naquele mesmo dia, a Petrobras afirmou que “não havia qualquer decisão tomada em relação à distribuição de dividendos não declarados”.
Os dividendos da Petrobras, completa a empresa, seriam definidos com base na nova Política de Remuneração aos Acionistas da Companhia, que define que “em caso de dívida bruta igual ou inferior ao nível máximo de endividamento definido no plano estratégico em vigor e de resultado positivo acumulado, a serem verificados no último resultado trimestral apurado e aprovado pelo Conselho de Administração, a Companhia deverá distribuir aos seus acionistas 45% do fluxo de caixa livre”.
No comunicado, também não foi descartada a distribuição de dividendos extraordinários da Petrobras. A empresa destacou um trecho da sua política de remuneração que afirma que “a Companhia poderá, em casos excepcionais, realizar a distribuição de remuneração extraordinária aos acionistas, superando o dividendo mínimo legal obrigatório”.
Por fim, a Petobras reforçou que, por meio dessa política, busca garantir sua perenidade e sustentabilidade financeira de curto, médio e longo prazos, além de conferir previsibilidade ao fluxo de pagamentos da remuneração aos acionistas.
Petrobras (PETR4) deve ficar mais cautelosa quanto ao pagamento de dividendos, disse Prates em 28 de fevereiro
Em entrevista à agência Bloomberg na quarta (28), o diretor-presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, disse que a estatal deve ficar mais cautelosa em relação à distribuição de dividendos à medida em que aumenta investimentos em energia renovável.
O executivo destacou realizar mudanças drásticas na estratégia da Petrobras, mas afirmou que a companhia precisa estar preparada para oportunidades de aquisição em energias renováveis e petróleo, além de petroquímica e fertilizantes.
O plano da Petrobras é que em dez anos, cerca de metade do faturamento da empresa venha de fontes eólicas, solares e de combustíveis renováveis. Segundo Prates, a companhia se prepara para aquisições já neste ano.
“Acreditamos que os comentários do CEO da Petrobras poderão ser recebidos negativamente pelos investidores, já que a maioria daqueles com quem interagimos nas últimas semanas estão focados no potencial anúncio de dividendos extraordinários a ser feito em conjunto com o balanço do 4T23, em 7 de março”, disseram os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Martins, do Goldman Sachs (GSGI34).
O banco tem recomendação de ‘compra’ para as ações da Petrobras, com preço-alvo a R$ 48,90 para as ações ordinárias (PETR3) e R$ 44,40 para as ações preferenciais (PETR4).