As ações da Petrobras (PETR4) dispararam no final da sessão desta sexta-feira (11) após novas informações sobre um iminente ataque da Rússia à Ucrânia.
As ações preferenciais da petroleira (PETR4) registraram 4,07% de ganhos, valendo R$ 33,76, enquanto as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) subiram 4,49%, para R$ 37,20.
Isso porque, com uma possível guerra entre a Rússia e a Ucrânia, muitos países do leste europeu poderão ter dificuldade de explorar o óleo ou até ter seus campos de petróleo atingidos, o que beneficiaria a estatal brasileira.
Além disso, caso os Estados Unidos concretizem as sanções contra a Rússia e o país – que é um grande exportador de petróleo – não consiga comercializar a commodity, a Petrobras também pode acabar favorecida.
Outras empresas sobem junto com a Petrobras
Ellen Wald, historiadora, presidente da Transversal Consulting e membro-sênior do Atlantic Council’s Global Energy Center, avalia que estas condições podem fazer o barril de petróleo ser comercializado US$ 10 a mais do que seria razoável para a situação, na casa dos US$ 80.
Conforme cotação nesta sexta (10), o barril do WTI é vendido por US$ 93,93, enquanto o Brent sai por US$ 95,04.
Com isso, outras petrolíferas brasileiras, além da Petrobras, também registraram ganhos no dia: PetroRio (PRIO3): 4,24% (R$ 25,80) e 3R Petroleum (RRRP3) subia 2,13% (R$ 39,37).
Preço do petróleo na disputa entre Rússia e Ucrânia
Wald avalia que já há um prêmio de risco para a cotação do barril de petróleo em função do cenário geopolítico, o que faz a commodity ser negociada a preço superior ao que ditam os fundamentos econômicos.
“E muito dessa situação tem relação com a situação entre a Rússia e a Ucrânia no momento. Definitivamente, há uma preocupação de que o que quer que aconteça leve a sanções, não necessariamente contra a produção de petróleo, mas contra o transporte e a comercialização”, disse ao Suno Notícias.
A historiadora disse ver com ceticismo a possibilidade de que, caso as forças militares russas decidam invadir a Ucrânia, haja uma aumento estrondoso na produção de petróleo e refinados a fim de suportar o esforço de guerra, fator que teria pressão baixista na cotação.
“Não é como na Segunda Guerra Mundial em que quantidades maciças de óleo foram necessárias para lutar a guerra. Sim, a Rússia precisa de combustíveis para abastecer os tanques, mas não é como se isso fosse causar um pico na demanda”, explicou. “O principal problema é a interrupção do fluxo de energia.”
Entre os entraves à comercialização, a especialista destaca a possibilidade, discutida por analistas, de excluir a Rússia do sistema Swift de pagamentos internacionais. Em resposta, Moscou disse que cortaria o fornecimento caso as nações europeias deixassem de pagar por ele, o que levanta à discussão de alternativas para as transações, e se esta seria uma medida efetiva.
“Seria difícil, mas não é impossível encontrar uma solução para pagar a Rússia em euros, ou em rublos russos”, destaca. “Seria desafiador por um tempo, mas há países como a Alemanha que estariam dispostos. Acho que veríamos uma alta temporária [no preço da commodity], mas, se os países continuassem a comprar, apesar da piora no mercado, não acho que haveria uma consequência de longo prazo.”
Em um cenário de interrupção do fornecimento de petróleo e derivados entre Rússia e a Europa, Wald observa que a nação siberiana poderia escoar a produção para a China, “que ficaria mais do que feliz em comprar os produtos sancionados com descontos”.
Do lado russo, ainda que houvesse uma redução de 50% no valor do petróleo em relação à cotação atual, a comercialização ainda seria vantajosa. Já para a Europa haveria uma reorganização das cadeias logísticas, e ambos os efeitos têm potencial de se anularem, com perspectiva de uma alta no curtíssimo prazo e queda no médio abaixo do nível atual.
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