Após o presidente Jair Bolsonaro decidir na última sexta-feira (19) demitir o presidente da Petrobras (PETR4) Castello Branco por conta da alta do preço dos combustíveis imposta pela companhia, analistas agora recalculam suas projeções para a estatal. Tanto o UBS quanto o BTG Pactual (BPAC11) pontuam para a perda de credibilidade da companhia.
Apesar dos dois convergirem nesse assunto, as análises diferem. O UBS manteve a recomendação de compra da ação preferencial, com o preço-alvo em R$ 31, e o BTG rebaixou o mesmo papel para “neutro”, com preço-alvo em R$ 29. Às 10h40, as ações preferenciais da Petrobras caíam 19,39%, a R$ 22,03.
O UBS, em seu relatório, fala sobre o fato de que a Petrobras terá seu 39º diretor-executivo (CEO) em seus 68 anos: cada executivo fica à frente da estatal por cerca de um ano e sete meses, o que gera mudança de estratégias, cultura, direção e mina a credibilidade para os investidores de longo-prazo.
Para o BTG, a credibilidade já foi totalmente abalada. “Nós não temos mais confiança de que os pilares dos últimos dois anos serão mantidos”, disseram em referência às políticas adotadas recentemente pela Petrobras.
Bancos têm dúvidas quanto à manutenção das políticas da Petrobras
Essas mudanças incluem, por exemplo, a desalavancagem realizada através da venda de ativos, o foco no pré-sal e a tentativa de diminuir os riscos políticos através da venda de oito refinarias, o que, no longo-prazo, diminuiria a pressão sobre a Petrobras em relação ao custo dos combustíveis.
O UBS afirma que ainda vê um forte fluxo de caixa para 2021, o que, entretanto, pode mudar no caso de a Petrobras mudar sua política de preços e passar a subsidiar novamente os valores no mercado interno, como visto no período entre 2010 e 2014. O banco enfatiza que a manutenção da política de preço é algo “essencial” a sua tese de investimentos.
Para o BTG, apesar do bom fluxo de caixa, os investidores não devem pagar por isso enquanto as incertezas perdurarem. “Nosso caso básico ainda é que as mudanças não serão muito dramáticas, e estamos prontos a mudar nossa análise nos próximos meses se as circunstâncias melhorarem. Mas sentimos uma posição delicada caso os preços dos combustíveis continuem subindo no momento”, afirmam.
Para os dois bancos, há muitas questões, agora, a serem respondidas pela Petrobras. Política de preços, saída do conselho, dividendos, venda de ativos – tudo pode mudar.