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Defasagem dos combustíveis pode custar R$ 4,5 bi a menos em dividendos da Petrobras (PETR4)

Petrobras diz que dividendos não são pagos com dívidas. Foto: André Motta de Souza / Agência Petrobras

Sede da Petrobras. Foto: André Motta de Souza / Agência Petrobras

O reajuste mais recente da Petrobras (PETR4) ainda não conseguiu alinhar o preço dos combustíveis com os valores internacionais. Na última sexta-feira (17), a empresa anunciou um aumento de 5,2% para gasolina e 14,2% para o diesel. Mas associações do setor e especialistas apontam que o reajuste está longe de acabar com a disparidade em relação ao preços do petróleo nos mercados do exterior. E mais: essa defasagem pode afetar os dividendos bilionários pagos aos acionistas da estatal.

A Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom) diz que, para equilibrar o preço interno com o praticado no Golfo do México, de onde sai a maioria das cargas de petróleo, o reajuste deveria ser de R$ 0,57 para a gasolina e de R$ 1,37 para o diesel, diante de defasagens de 13% e 21%, respectivamente.

Em contas realizadas por analistas do BTG Pactual (BPAC11) para o portal Exame, a cada US$ 15 de defasagem nos preços dos combustíveis usados pela Petrobras, em relação à cotação internacional do petróleo, afeta o Ebitda anual da companhia no total de R$ 7,5 bilhões.

O balanço do primeiro trimestre da Petrobras mostra que o Ebitda ajustado recorrente foi de R$ 78,7 bilhões, ou seja, quase 10% desse impacto da defasagem dos preços dos combustíveis. Nas contas dos analistas, isso leva a R$ 4,5 bilhões a menos em dividendos aos acionistas.

Dois efeitos foram considerados dentro da conta: a venda feita pela Petrobras, assim como as compras, já que a companhia adquire o que o país não consegue produzir para importação. Conforme a análise do BTG Pactual, o desconto praticado pela companhia é de cerca de 25% na gasolina e de 7% no diesel.

Novo presidente da Petrobras terá ‘freio para reajustes’ em ano de eleição; entenda

O indicado para ser o próximo presidente da Petrobras (PETR4), Caio Mario Paes de Andrade, não deve ter a caneta em mãos para segurar novos reajustes.

Para ter sucesso em postergar aumentos para depois das eleições como espera o governo, terá de convencer os membros da atual diretoria ou esperar uma renovação completa dos indicados do governo ao conselho de administração da Petrobras.

Só assim conseguirá selecionar um novo alto escalão da estatal e garantir maioria para aprovar pautas desejadas pelo governo e, com isso, atrasar eventuais aumentos nas bombas de combustíveis.

Fontes próximas da estatal consultadas acreditam que o próximo presidente da companhia, que deverá ser confirmado no posto nos próximos dias, deverá tentar segurar um novo ajuste ao menos até as eleições.

Uma fonte que conhece de perto as regras da empresa diz que, se Andrade seguir esse caminho, terá de elaborar uma documentação provando que não houve prejuízos ao mercado ou a acionistas com o atraso de se alcançar a paridade dos preços internacionais.

Se não conseguir, poderá até ser questionado na Justiça “na pessoa física“.

Cotação

As ações preferenciais da Petrobras fecharam em queda de 1,85%, a R$ 26,45. No ano, perdem 9,73%.

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