Petrobras (PETR4): veja a cronologia da crise ironizada por Prates e entenda a nova preocupação da estatal
Na última quinta-feira, o presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, ironizou a crise vivida pela estatal já há mais de uma semana, com rumores sobre a distribuição de dividendos e a possível indicação de Aloizio Mercadante como CEO.
“Que crise?”, disparou Prates durante evento da Associação Brasileira de Empresas de Bens e Serviços de Petróleo (Abespetro). No entanto, ao contrário do que o atual presidente da Petrobras afirma, a companhia vem sim passando por uma instabilidade, que se reflete na cotação das ações.
Relembre, a seguir, a cronologia da crise da Petrobras, que passa sobretudo por uma possível demissão de Prates e pela (não) distribuição dos dividendos extraordinários.
Prólogo: fritura de Prates e indefinição sobre dividendos
Na quarta-feira da semana anterior (03), a coluna Painel SA, da Folha de S. Paulo, afirmou que Jean Paul Prates, CEO da Petrobras (PETR4), estaria passando por um processo de fritura, em meio à crise iniciada pelo não pagamento de dividendos extraordinários e pedidos por uma atuação mais firme do governo na estatal.
Segundo a publicação, já haveria, inclusive, nomes de possíveis indicados circulando em Brasília. No mesmo dia, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reuniu com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para discutir sobre os dividendos da Petrobras.
Desenvolvimento: Mercadante e sinal verde para dividendos
A quarta-feira (03) terminou quente, e a quinta-feira (04) começou fervendo para a Petrobras. Logo pela manhã, a colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, publicou que Jean Paul Prates teria pedido uma reunião com o presidente Lula para conversar sobre ataques disparados contra ele por pessoas do próprio governo. De acordo com a jornalista, Prates estaria, inclusive, considerando deixar o cargo.
Logo depois, veio a verdadeira bomba: Aloizio Mercadante, presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), seria um dos nomes cotados para assumir a Petrobras, de acordo com Raquel Landim, da CNN Brasil. Ainda segundo a jornalista, a demissão de Prates seria iminente.
No entanto, não houve muito tempo para o investidor se lamentar. Isso porque, já no início da tarde, a coluna da Malu Gaspar, do jornal O Globo, informou que os ministros Fernando Haddad, da Fazenda, Alexandre Silveira, de Minas e Energia, e Rui Costa, da Casa Civil, teriam fechado um acordo para pagar os dividendos extraordinários que estavam retidos.
Segundo a publicação, teria sido dado sinal verde para a distribuição de 100% dos proventos, o que representa uma cifra de R$ 43,9 bilhões.
A montanha russa nas notícias, naturalmente, se traduziu em um sobe e desce alucinante nas ações PETR4. O papel abriu a R$ 38,47, tocou a mínima em R$ 37,43 e alcançou a máxima de R$ 39,48. Ao fim da sessão, teve queda de 1,41%, a R$ 37,88.
Ainda na quinta-feira, ao final do dia, o Estadão publicou que o presidente Lula teria orientado auxiliares a pedirem para a Petrobras realizar cálculos precisos sobre o quanto a empresa conseguiria pagar em proventos sem comprometer o plano de investimentos.
Já Julia Dualibi, da GloboNews, afirmou que a intenção do presidente da República seria pagar somente 50% do valor que ficou retido, ou cerca de R$ 22 bilhões.
O pregão já havia fechado, mas a quinta-feira foi longa para o investidor da Petrobras. Ainda havia tempo para o site Pipeline afirmar que Lula havia, de fato, feito um convite para Aloizio Mercadante assumir a presidência da Petrobras. Mercadante, por sua vez, teria demonstrado interesse na oportunidade.
À noite, a Petrobras enfim se manifestou sobre a novela. Em nota, a companhia afirmou que não havia decisão quanto à distribuição de dividendos extraordinários, e que o tema seria discutido apenas em assembleia com acionistas, marcada para o dia 25 de abril.
Epílogo: investigação, mais rumores e reunião com ministros
Após a tempestade de especulações, rumores e supostas informações exclusivas, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) abriu um processo administrativo para investigar as notícias divulgadas sobre a Petrobras.
Mas isso não mudou grande coisa. Na sexta-feira (05), foram divulgados novos rumores, dando conta de que Prates estaria “no limite” e que o governo teria orientado a Petrobras a pagar os dividendos por conta da percepção de que a Fazenda precisaria de mais recursos para conseguir manter a esperança do déficit zero em 2024.
Mais tarde, a notícia foi a de que Aloizio Mercadante, na verdade, seria indicado como presidente do conselho de administração da Petrobras, e Jean Paul Prates, mantido como CEO.
Posteriormente, surgiu a informação de que Lula havia convocado uma reunião com ministros no Palácio da Alvorada para tratar sobre a estatal. O encontro estava marcado para o domingo (07), e a expectativa era de que pudesse culminar em uma demissão de Prates.
O desligamento não aconteceu. A reunião, adiada para segunda-feira (08), não trouxe nada de novo. O que houve de mais concreto foi uma declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, dizendo que a decisão de distribuir ou não os dividendos cabe à Petrobras, mas que o tema está bem encaminhado, e a empresa, “robusta”.
Cenas dos próximos capítulos: reajuste dos combustíveis
Durante toda esta semana, a enxurrada de rumores seguiu. Alguns dão conta de que Prates será mantido, outros, que o presidente precisa atender alguns requisitos daqui em diante para continuar como CEO. Em um momento, informações de bastidores afirmam que serão pagos 50% dos dividendos, em outro, a notícia é a de que os ministros estão divididos e não há definição sobre o tema.
A tendência é que a novela siga ao menos até a assembleia de acionistas da companhia, marcada para o dia 25, ou até o momento que a Petrobras se pronuncie oficialmente. Mas isso não significa que os rumores não vão mexer na ação.
Enquanto isso, há outra preocupação para o acionista da Petrobras: o reajuste dos combustíveis. Isso porque a defasagem do preço da gasolina vendida no Brasil permanece alta, chegando a cerca de 19%.
A Petrobras está há mais de 170 dias sem reajustar a gasolina e, de acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), por 64 dias a janela de importação esteve totalmente fechada.
Caso a defasagem se amplie, a Petrobras pode se ver obrigada a mexer nos preços, o que pode gerar uma nova crise dentro da crise.