Petrobras (PETR4): critérios para dividendo extra ‘não foram atingidos’ e conselheiros ligados ao governo votaram contra a distribuição

Em documento encaminhado ao conselho de administração da Petrobras (PETR4), ao qual o jornal Valor Econômico teve acesso, a área técnica da diretoria de finanças da estatal defendeu que os critérios para embasar o pagamento de dividendos extraordinários “não foram atingidos”.

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Segundo a publicação, o texto diverge da proposta da direção da Petrobras, que sugeriu o pagamento de 50% dos dividendos. Ao Valor, a empresa negou e disse e que o documento se referia a “requisitos usados no passado” para autorizar ou não a distribuição desses recursos.

No balanço do 4T23 da Petrobras, divulgado na última quinta-feira (7), a estatal informou que não pagaria dividendos extraordinários referentes ao período. O jornal afirma que a decisão foi tomada pelo conselho de administração, que tem a palavra final – a equipe possui 11 integrantes, dos quais seis são ligados ao governo federal.

Ainda de acordo com o Valor, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou que os conselheiros ligados à União votaram contra a distribuição, enquanto os conselheiros privados votaram a favor. Prates optou por se abster.

A gerência-executiva de riscos empresariais, ligada à diretoria de finanças da Petrobras, afirma no documento ao qual o Valor teve acesso que “ao longo de 2022, os critérios necessários para o pagamento foram atingidos de tal forma que dividendos extraordinários foram submetidos pelo time técnico e aprovados pela alta administração no quarto trimestre daquele ano”. São eles:

  • Inexistência de “investimento constante no Plano Estratégico em risco por falta de orçamento”;
  • Dívida bruta abaixo do limite estabelecido no Plano Estratégico (PE), “com 90% de confiança no horizonte de até 24 meses”;
  • Excedente de caixa “em relação ao caixa mínimo, com 90% de confiança no horizonte de até 24 meses”.

No entanto, escreve o Valor, ao realizar a mesma análise para sustentar a distribuição de dividendos referentes ao 4T23, a avaliação foi diferente.

A partir daí, a área sugere no documento que “possíveis ações mitigatórias poderiam ser adotadas para tentar elevar o grau de confiança e fazer com que a análise de risco resultasse no atingimento dos critérios destacados”. Entre essas possíveis ações, estaria a “não realização total” das despesas de capital previstas “no horizonte da análise”, pontua o jornal.

“Essas ações, porém, constituem decisões estratégicas, que também dependem de deliberação do CA (Conselho de Administração), tendo em vista que estão intrinsicamente ligadas ao PE”, segue o texto.

Petrobras (PETR4): lucro cai 28,4% no 4T23, a R$ 31 bilhões; veja os motivos

No quarto trimestre de 2023 (4T23), o lucro líquido da Petrobras chegou a R$ 31,04 bilhões no 4T23, o que representa uma queda de 28,4% em comparação ao mesmo intervalo de 2022.

O consenso Bloomberg apontava que o lucro da Petrobras chegaria a R$ 30,6 bilhões. Outras casas de análise estimavam que esse número poderia variar entre R$ 31 bilhões e R$ 35 bilhões.

“Esse resultado é explicado principalmente pelo aumento das margens de derivados e dos volumes de óleo”, diz a estatal no documento que acompanha o balanço do 4T23 da Petrobras. “Por outro lado, as despesas operacionais aumentaram, principalmente devido a maiores gastos com impairment e abandono de áreas. Observamos também um resultado financeiro mais favorável, principalmente devido à valorização do real frente ao dólar. Além disso, o imposto de renda apurado foi menor.”

No acumulado de 2023, o lucro líquido da Petrobras ficou em R$ 122,8 bilhões, em comparação com R$ 180,6 bilhões em 2022 – retração de 32%.

receita líquida da Petrobras ficou em R$ 134,25 bilhões, baixa de 15,3% no ano. O Ebitda (Lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do 4T23 foi de R$ 66,8 bilhões, número 8,5% menor que a mesma etapa do ano anterior.

Outros resultados da Petrobras

Conforme o novo balanço da Petrobras, o lucro líquido recorrente totalizou R$ 41 bilhões no último trimestre de 2023, o que corresponde a um recuo de 6,3% sobre o valor registrado no 4T22, mesmo período do ano anterior.

Os investimentos da Petrobras somaram US$ 3,6 bilhões no 4T23, com aumento de 5% sobre o trimestre imediatamente anterior (3T23), sobretudo em razão dos investimentos mais elevados em paradas do refino programadas.

No setor de exploração e produção, os investimentos da companhia foram de US$ 2,8 bilhões no último trimestre do ano passado, o que é 5% inferior ao montante investido no 3T23, sobretudo por conta das “postergações de marcos dos projetos de novas unidades de produção próprias de Búzios”.

O relatório de resultados da Petrobras destaca que o retorno sobre o capital empregado (ROCE) teve uma queda anual de 4,6 pontos percentuais (p.p.) no quarto trimestre de 2023, chegando a 11,2%.

A companhia também apresentou um lucro bruto de R$ 72,6 bilhões no 4T23. Em relação ao 4T22, o lucro em questão foi 5,2% menor. No mesmo período de comparação, as despesas operacionais aumentaram 79,6%, alcançando R$ 32,655 milhões.

Ao final do quarto trimestre de 2023, o fluxo de caixa livre caiu 14,7%, a R$ 39,854 bilhões. A dívida líquida avançou 7,7% na base anual, para US$ 44,698 bilhões, e a alavancagem financeira da Petrobras chegou a 0,85 vez (+0,22 p.p. a/a).

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Petrobras (PETR4) propõe pagamento de dividendos de R$ 14,2 bilhões; veja valor por ação

conselho de administração da Petrobras autorizou o encaminhamento de uma proposta para a Assembleia Geral Ordinária (AGO), que decidirá sobre o pagamento de dividendos no valor de R$ 14,2 bilhões.

Conforme comunicado na última quinta-feira (7), a assembleia que decidirá sobre o novo pagamento de dividendos da Petrobras está prevista para acontecer no dia 25 de abril de 2024.

dividendo da Petrobras teria o valor de R$ 1,09894844 por ação preferencial e ordinária. A primeira parcela é de R$ 0,54947422 por ação preferencial e ordinária, enquanto a segunda parcela tem o valor de R$ 0,54947422 por ação preferencial e ordinária.

A proposta prevê que a data de corte para os proventos seja 25 de abril de 2024 para as ações da Petrobras que são negociadas na B3. No caso das ADRs negociadas em Nova York, a data de corte será em 29 de abril de 2024.

Para quem detém ações da companhia (negociadas na B3), o pagamento da primeira parcela será feito em 20 de maio de 2024, enquanto a segunda parcela é paga em 20 de junho de 2024.

Já para quem possui as ADRs da Petrobras (Bolsa de Nova York), os pagamentos acontecem a partir de 28 de maio de 2024 e 27 de junho de 2024.

Detalhes sobre os dividendos da Petrobras

Se houver aprovação da Assembleia, os dividendos totais referentes ao exercício de 2023 somarão R$ 72,4 bilhões, já levando em conta os dividendos antecipados pela empresa durante o exercício, e também os ajustes pela Selic.

Segundo a Petrobras, essa proposta de pagamento de dividendos está em linha com a política de remuneração aos acionistas, que tinha sido aprovada no dia 28 de julho de 2023.

Conforme a política de remuneração da Petrobras, a companhia vai distribuir 45% do seu fluxo de caixa livre aos investidores se o seu endividamento bruto estiver igual ou acima do patamar máximo de endividamento descrito no plano estratégico em vigência, que é de US$ 65 bilhões.

Além disso, a Petrobras afirma que os dividendos propostos já consideram o preço de ações recompradas durante o quarto trimestre do ano passado, no valor de R$ 2,7 bilhões, assim como contabiliza a correção pela Selic em relação às antecipações de proventos referentes ao exercício social de 2023, de R$ 1,1 bilhão, descontados do montante total da remuneração aos investidores.

Desempenho das ações de Petrobras

No fechamento da última sexta-feira (8), as ações preferenciais de Petrobras (PETR4) caíram 10,57%, a R$ 36,12.

Cotação PETR4

Gráfico gerado em: 11/03/2024
1 Dia

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Giovanni Porfírio Jacomino

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