Posse na Petrobras (PETR4): novo presidente defende atual política de preços e mais investimentos
O Conselho de Administração da Petrobras (PETR4) aprovou nesta quinta (14) a indicação do executivo José Mauro Coelho como presidente da estatal. O novo CEO da Petrobras tomou posse na tarde de hoje. O engenheiro substitui o general Joaquim Silva e Luna, demitido pelo presidente Jair Bolsonaro (PL).
Formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME) e com doutorado em Planejamento Energético pelo Programa de Planejamento Energético (PPE) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UFRJ), Coelho fez carreira na Empresa de Pesquisa Energética (EPE), de onde saiu após 12 anos para assumir a Secretaria de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis do Ministério de Minas e Energia.
Coelho tomou posse no comando da companhia em cerimônia transmitida virtualmente pelo site da Petrobras. Ele estava acompanhado do presidente do conselho de administração da estatal, Marcio Andrade Weber; do ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque; e de Rodolfo Saboia, diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Em um discurso de 15 minutos, o engenheiro defendeu que a prática de preço de mercado é uma condição necessária para criação de um ambiente de negócios competitivos, atração de investimentos e novos agentes econômicos no setor, além de garantir o abastecimento do mercado interno. Segundo ele, esse cenário permitiria elevar o aumento da concorrência, com benefício ao consumidor brasileiro.
“É importante ressaltar que, embora sejamos autossuficientes e exportadores de petróleo, somos importadores de vários combustíveis, como gás de cozinha, gasolina, diesel e querosene de aviação, o que impõe a agentes de mercado e governo federal grandes desafios para a garantia de abastecimento”, disse ele, que defendeu ainda uma melhor comunicação com a população.
“Redução da dívida abre espaço para mais investimentos”
“Muitas vezes, não conseguimos ter comunicação que chegue de forma palatável para o povo brasileiro. Maior interação com Congresso Nacional, com Executivo Nacional”, disse Coelho, que abriu seu discurso agradecendo a Deus e ao “senhor presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, pela confiança em mim depositada e indicação para ocupar o cargo”.
Coelho afirmou que o Brasil seria atualmente o sétimo maior produtor de petróleo do mundo e que a expectativa seria atingir a quinta posição mundial até 2030. Segundo ele, isso não seria possível sem o modelo de gestão que a empresa adotou a partir de 2017, no governo Michel Temer, e continuou a partir de 2019, no governo Bolsonaro. Para ele, isso permitiu “vultosos investimentos”, como no pré-sal.
“Em 2014, a dívida bruta da Petrobras era de cerca de US$ 160 bilhões, uma das maiores do mundo corporativo. Hoje, com o novo modelo de gestão da empresa, é inferior a US$ 60 bilhões. É a redução da dívida da Petrobras que abre espaço para fazer maiores investimentos”, disse o engenheiro em seu discurso de posse.
Ele sinalizou ao mercado, ainda, a manutenção de uma série de políticas da Petrobras, como desinvestimentos em campos maduros de petróleo, em refinarias de petróleo e no setor de gás natural, como no Gaspetro e no TBG . “Vamos ser aderentes ao plano estratégico 2022-2026, maximizando ativos de águas profundas e ultraprofundas”, afirmou Coelho, acrescentando que os investimentos em refino serão focados em locais próximos da produção.
Conselho da Petrobras: dois votos contrários a Coelho
O conselho de administração da Petrobras elegeu Coelho para a presidência da companhia por maioria de votos, segundo fontes. Dois conselheiros votaram contra o nome do engenheiro para o cargo. Um dos votos contrários partiu de Rosangela Buzanelli, representante dos trabalhadores no conselho. Outro voto contrário seria do conselheiro Marcelo Mesquita, representante de minoritários, segundo fontes ouvidas pelo Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado.
Coelho já havia sido eleito, na noite desta quarta-feira, para o Conselho de Administração da Petrobras, durante uma longa e tumultuada Assembleia Geral Ordinária (AGO). Sua eleição para o conselho fazia parte do rito de aprovação do presidente executivo da empresa. O Conselho de Administração da Petrobras tem 11 integrantes.
A assembleia desta quarta também elegeu o engenheiro Marcio Weber para a presidência do conselho de administração da Petrobras.
Os acionistas da Petrobras elegeram ainda os novos membros do Conselho de Administração da estatal. Além de Coelho e Weber, foram eleitos Sonia Julia Sulzbeck Villalobos, Luiz Henrique Caroli, Ruy Flaks Schneider e Murilo Marroquim. Os acionistas minoritários conseguiram emplacar Marcelo Gasparino e José Abdalla. Eduardo Karrer, Carlos Eduardo Lessa Brandão e Rodrigo Mesquita não foram eleitos.
Esse conselho composto por oito nomes foi quem elegeu José Mauro como novo presidente da estatal.
José Mauro: indicado do governo para a presidência foi aprovado pelo Comitê de Pessoas
José Mauro – graduado em química industrial e mestre em engenharia – foi indicado para assumir o posto de CEO da Petrobras na última semana, depois que Adriano Pires, inicialmente indicado para o lugar de Luna e Silva, declinou do cargo.
A Assembleia Geral Ordinária da Petrobras nesta quarta (13) foi marcada por erros técnicos. Primeiro foi o cálculo do número de votos mínimos necessários para eleição do Conselho de Administração, elaborado abaixo do correto. Pelas contas da mesa da assembleia, o mínimo deveria ser de 4.746.364.553 votos para entrar no Conselho, o que levou o presidente da assembleia a parabenizar os conselheiros Marcelo Gasparino e José Abdalla, indicados pelos minoritários, que já teriam sido eleitos na contagem que depois foi revisada. Refeitas as contas, o mínimo necessário subiu para 5.031.760.257, uma diferença de cerca de 300 mil votos.
Em seguida, a mesa voltou a informar que havia erro na contagem dos votos para eleger os oito membros do Conselho, a fase mais esperada da assembleia. Por quase duas horas, os técnicos da Petrobras se desdobraram para arrumar a situação, anunciando o resultado da eleição às 22 horas.
De acordo com o diretor Financeiro e de Relações com os Investidores da Petrobras, Rodrigo Araújo, o erro no cálculo do quórum da assembleia atrapalhou todo o processo de votação. Ele garantiu, no entanto, que o erro não iria prejudicar o resultado final da eleição.
“O que houve é que esse quórum foi calculado incorretamente em função do número de ADRs que votaram em voto separado, foi duplicado”, informou. “Vamos refazer o processo do voto múltiplo para assegurar a lisura do processo, mas o resultado será o mesmo do que após o refazimento”, completou.
Na última terça (12), o Comitê de Pessoas da Petrobras considerou que José Mauro Ferreira Coelho preenche todos os requisitos para ocupar a presidência da empresa. O grupo avaliou que não há nada que impediria a eleição dele na assembleia de acionistas desta quarta.
Com informações do Estadão Conteúdo