Os investidores são aconselhados pelos analistas financeiros a manter a Petrobras (PETR4) em suas carteiras após a chegada da nova CEO Magda Chambriard, não apenas devido ao desconto da empresa em comparação com outras em países emergentes, mas também porque se espera que a abordagem prática do governo supere as preocupações sobre a mudança da liderança, os dividendos extraordinários e as mudanças no plano de negócios.
Em relatório, o BTG diz que os investidores da Petrobras esperavam um período tranquilo para a estatal, mas as mudanças recentes na administração da empresa e as decisões estratégicas geraram preocupações. Entretanto, o banco analisa que tanto a estatal quanto o governo têm defendido mais investimentos no setor, além da exploração. No último plano estratégico divulgado, a empresa aumentou seu investimento orgânico e adicionou uma carteira de ativos em avaliação.
Os estrategistas do BTG traçam três cenários para a situação da Petrobras. No pior cenário, a empresa entregaria um investimento de US$ 18,5 bilhões neste ano, sem distribuição extraordinária de dividendos da Petrobras. No cenário-base, a empresa investe 20% menos e aumenta apenas sua participação em alguns ativos. No melhor cenário, a Petrobras investe 30% a menos e distribui dividendos extraordinários.
Apesar do otimismo com a chegada de Chambriard, o BTG reconhece que a confiança na Petrobras depende de uma governança corporativa robusta para evitar mudanças rápidas na alocação de capital. “Vemos a indicação de Magda Chambriard como um sinal de que nomes politicamente expostos são improváveis para cargos executivos, mas os riscos não são zero e o ruído em mudanças adicionais, incluindo a diretoria de compliance, continua preocupante”, diz os analistas sobre a nova CEO da petroleira.
Chambriard pode mudar gestão da petroleira nos próximos dias
O Citi avalia que a aprovação de Magda Chambriard para a presidência da Petrobras, em reunião do conselho de administração realizada mais cedo, pode levar a mudanças na gestão da empresa nos próximos dias. De acordo com o banco, a nova executiva deve buscar aumentar o ritmo de desembolso de investimentos da Petrobras para atingir o guidance de Capex da empresa, o que pode impactar o pagamento de dividendos ordinários, dado que a política de remuneração dos acionistas é baseada em 45% da geração de fluxo de caixa livre (FCF).
Em relatório, os analistas Gabriel Barra e Andrés Cardona dizem que a Petrobras ainda pode gerar um fluxo de caixa significativo devido ao crescimento da produção, altos preços do petróleo e alavancagem controlada. Além disso, a governança da empresa e as leis que protegem os acionistas minoritários, como a Lei das S.A.s e a Lei das Estatais, oferecem segurança quanto à alocação futura e atualmente limitam o risco de desvalorização.
O banco também destacou como positivo o fato de que o governo federal brasileiro está considerando 100% dos dividendos extraordinários da Petrobras em suas estimativas, conforme noticiado pela imprensa brasileira. Esse pagamento é considerado provável pelo governo.
No dia 15 deste mês, também em relatório, a XP Investimentos disse que a inesperada troca de gestão da Petrobras traz uma incerteza considerável ao cenário de investimento da estatal, o que aumenta o seu nível de risco.
Esse contexto, segundo os estrategistas, provavelmente suscitará preocupações entre os investidores minoritários sobre a possibilidade de interferência do acionista majoritário (ou seja, o governo) na condução da empresa. “Esse contexto provavelmente levantará preocupações dos investidores minoritários sobre o possível risco de interferência do acionista majoritário (ou seja, o governo) na gestão da empresa”, pontuaram os analistas.
O BTG Pactual tem recomendação de compra para Petrobras, com preço-alvo em US$ 19 para os recibos de ação (ADRs) negociados na Bolsa de Nova York (Nyse), potencial de alta de 27,6% sobre o fechamento de ontem. Em contrapartida, o Citi mantém uma recomendação neutra para as ações da Petrobras, com um preço-alvo de US$ 15 para os American Depositary Receipts (ADRs), o que representa um potencial de valorização de 0,7% em relação ao último fechamento dos papéis.