Em entrevista à agência Bloomberg, o diretor-presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, disse que a estatal deve ficar mais cautelosa em relação à distribuição de dividendos à medida em que aumenta investimentos em energia renovável.
O executivo destacou realizar mudanças drásticas na estratégia da Petrobras, mas afirmou que a companhia precisa estar preparada para oportunidades de aquisição em energias renováveis e petróleo, além de petroquímica e fertilizantes.
O plano da Petrobras é que em dez anos, cerca de metade do faturamento da empresa venha de fontes eólicas, solares e de combustíveis renováveis. Segundo Prates, a companhia se prepara para aquisições já neste ano.
“Acreditamos que os comentários do CEO da Petrobras poderão ser recebidos negativamente pelos investidores, já que a maioria daqueles com quem interagimos nas últimas semanas estão focados no potencial anúncio de dividendos extraordinários a ser feito em conjunto com o balanço do 4T23, em 7 de março”, disseram os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Martins, do Goldman Sachs (GSGI34).
O banco tem recomendação de ‘compra’ para as ações de Petrobras, com preço-alvo a R$ 48,90 para as ações ordinárias (PETR3) e R$ 44,40 para as ações preferenciais (PETR4).
Perto das 16h00 desta quarta-feira (28), as ações de Petrobras cediam 4,60%, a R$ 40,67, segundo o Status Invest.
Cotação PETR4
Petrobras (PETR4) reservará unidades dedicadas à produção de SAF por maior valor agregado
O diretor de Transição Energética e Sustentabilidade da Petrobras (PETR4), Mauricio Tolmasquim, disse na última sexta-feira (23), que a estatal vai reservar as unidades dedicadas de produção de combustíveis renováveis para a produção de combustível de aviação sustentável (SAF, na sigla em inglês).
A estratégia se deve ao fato de o produto ter valor agregado superior ao de outros produtos, como o diesel R, que, por ora, vai seguir sendo produzido majoritariamente em unidades de coprocessamento de óleos vegetal e fóssil.
O diretor da Petrobras fez os comentários em seminário sobre biocombustíveis organizado pela Universidade Columbia, no Rio de Janeiro, em evento paralelo à agenda do G20 na cidade.
Tolmasquim detalhou que a unidade totalmente dedicada à produção de BioQAV na Refinaria Presidente Bernardes (RPBC), em Cubatão (SP), terá capacidade para produzir 15 mil barris por dia (bpd) do produto, enquanto a unidade a ser ativada no Polo Gaslub, no Rio de Janeiro, vai produzir 19 mil bpd.
Somada, a futura capacidade de 34 mil bpd vai representar até 30% do mercado atual brasileiro, volume, portanto, “relevante” nas palavras de Tolmasquim.
Ele lembrou que o plano estratégico da Petrobras até 2028 prevê investimento de US$ 1,5 bilhão em negócios de biorefino, sem contar pesquisa e desenvolvimento, que contam com recursos em separado.
O diretor da Petrobras afirmou que o biorefino segue como um dos principais focos da Petrobras em sua busca pela descarbonização de seus negócios, ao lado dos investimentos em novos combustíveis (Hidrogênio Verde e Amônia Verde) e geração de energia renovável (solar e eólica onshore e offshore).
Segundo o executivo, um dos principais focos da Petrobras em biocombustíveis de última geração tem a ver com as metas futuras de descarbonização obrigatórias nos mercados de aviação e de navegação – para o qual a Petrobras pretende fornecer metanol verde.
“Não tem oferta de combustível verde no mundo para isso. Trata-se de um grande mercado aberto. Existe um mercado e não tem oferta. Quem chegar tem um mercado totalmente disponível, o sonho de qualquer empresa”, diz Tolmasquim sobre os mercados de combustíveis renováveis para os setores de aviação e navegação.
Sem oferecer maiores detalhes, ele disse ainda que a Petrobras tem memorandos de entendimento com empresa europeia de navegação para o fornecimento de metanol verde e um outro, com empresa asiática, para cooperação na produção de amônia verde.
*Com informações de Estadão Conteúdo