As ações da Petrobras (PETR4) subiam na tarde desta quarta-feira (21), com o mercado repercutindo a notícia de que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aprovou com restrições a venda, pela estatal, da refinaria Lubrificantes e Derivados de Petróleo do Nordeste (Lubnor) para a Grepar.
Perto das 14h30, as ações preferenciais da Petrobras subiam 4,26%, cotadas a R$ 35,77, ajudando o Ibovespa a subir e romper o patamar dos 120 mil pontos.
Cotação PETR4
O colegiado seguiu o voto da relatora, Lenisa Prado, que condicionou o aval à venda da Lubnor a um acordo em controle de concentração (ACC), que deverá ser assinado em até 30 dias, sob pena de reprovação do negócio. Assim que a homologação do acordo for publicada, a Grepar está autorizada a assumir a operação.
A relatora defendeu o uso de remédios porque a venda da Lubnor sem restrições, em sua avaliação, resultaria em “evidente integração vertical, com grande possibilidade de causar fechamento de mercado a jusante, o que ocasionaria prejuízos aos concorrentes”.
Prado acrescentou sobre a proposta de acordo da Petrobras, destacando que, com ele, a Grepar assumiria compromissos de natureza comportamental para evitar prejuízos ao mercado:”Foram mantidas negociações entre as requerentes e o Cade”, citou
O negócio foi fechado com a Grepar há cerca de um ano. Em dezembro do ano passado, a Superintendência-Geral do Cade aprovou a operação da Petrobras sem restrições. Houve, contudo, um pedido de revisão da venda por parte das empresas concorrentes, que se sentiram afetadas pela decisão, como a Asfaltos Nordeste. A Lubnor é líder na produção de asfalto no País, e utiliza o petróleo pesado produzido no Espírito Santo e no Ceará, com capacidade de processar 8 mil barris por dia.
Inicialmente, o caso chegou ao Cade com a Grepar prevendo duas sócias, a Grecor Investimentos e a Greca Distribuidora. O acordo, por sua vez, como proposto pelas próprias interessadas, prevê uma “separação completa” entre a Greca e a Grepar na atuação, como um dos remédios em relação à integração vertical de mercado identificada pelo Cade, uma vez que a Greca, do mesmo grupo familiar, atua na distribuição de asfaltos.
“O acordo que foi negociado produziu dois conjuntos de remédio em relação a integração vertical, primeiro determinante do ponto de vista estrutural separação completa entre Greca e Grepar, ponto que me parece proposto pelos próprios requerentes, dizendo ter desistido de atuar de forma conjunto”, destacou o conselheiro Gustavo Augusto durante a sessão.
Uma segunda parte do acordo prevê obrigações comportamentais por parte da Grepar. Segundo apurou o Broadcast, deverá haver um monitoramento por auditoria independente – trustee – por cinco anos, além de previsão de solução arbitral para disputas de preço e criação de uma gerência de compliance. Essa repartição deverá investigar internamente qualquer denúncia de tratamento discriminatório entre concorrentes.
Petrobras: ‘Ações estão baratas apesar da alta recente’, diz Goldman Sachs
Em revisão, o Goldman Sachs elevou sua recomendação da Petrobras (PETR4) para compra, mirando um preço-alvo de R$ 41, ao passo que os papéis são negociados na casa dos R$ 30,50.
Os especialistas da casa destacam que mantém essa visão ainda que as ações da Petrobras tenham subido cerca de 33% no acumulado de 2023 (50% de alta, considerando os dividendos).
“Vemos um valuation atraente considerando cerca de 15% de rentabilidade de 15% no Fluxo de Caixa Futuro em 2024 a 2025 (abaixo da curva futura do Brent, de US$ 70 por barril. Isso, ante rendimento de um só dígito para grandes players globais ao considerarmos premissas de petróleo análogas”, diz a casa.
Além disso, os analistas destacam uma ‘clareada’ em alguns pontos que eram considerados riscos.
No caso dos dividendos da Petrobras, o Goldman Sachs destaca que “espera que a nova política de dividendos seja anunciado até o final de julho, mas a administração já mencionou que acredita que 25% o pagamento sobre os ganhos é muito baixo e também mencionou que recompras são uma opção”.
Sobre a política de preços da Petrobras, já anunciada pelo governo em meses passados, o Goldman Sachs destaca que há complexidade mas que os anúncios apontam que ela ainda “deve seguir tendências internacionais”.
Por fim, no que tange à alocação de capital, o Goldma Sachs aponta que o “Capex das iniciativas de baixo carbono fica de 6% do capex total até 15%, portanto limitando o valor a ser divulgado em novembro junto com o novo plano estratégico”.
“Notamos no entanto que mantemos a nossa preferência pelo Prio dentre as ações de petróleo e gás que cobrimos, considerando entrega operacional sólida, forte perspectiva de crescimento e valuation barato (cerca de 25% de rentabilidade do fluxo de caixa estimado para 2024) em risco político significativamente menor”, acrescenta o Goldman Sachs.
Com Estadão Conteúdo