O lucro e o anúncio de um pagamento de quase R$ 32 bilhões em dividendos animaram os investidores da Petrobras (PETR4), que mostrou um balanço com aumento no preço internacional do petróleo e maior volume de venda de derivados. Os analistas, contudo, seguem divididos sobre o impacto da política na companhia.
Para o BTG, os ganhos de estoque no segmento de refino, que totalizaram R$ 3,6 bilhões, foram uma surpresa positiva, visto que, embora os preços do petróleo continuem em alta no mercado internacional, os preços domésticos estão abaixo da paridade. A Ativa viu os números como neutros e destaca que o anúncio de dividendos deve ser o impulsionador das ações nos próximos dias, não o balanço necessariamente.
A Ativa e o BTG Pactual mantiveram suas recomendações neutras para a petroleira. O Banco Safra destoou e recomenda compra para as ações da Petrobras.
Dividendos em 2021
A Petrobras anunciou mais um pagamento de dividendos para o exercício de 2021, de R$ 31,8 bilhões, equivalente a um dividend yield de 8%. De acordo com o BTG, esse montante combinado com o valor pago no segundo trimestre (R$ 31,6 bilhões), significa um yield de 11% antes do final do ano.
E não deve acabar por aí, porque o banco prevê que mais US$ 4 bilhões ainda poderiam ser anunciados com base nos lucros de 2021, se a política de pagar 60% do fluxo de caixa operacional for obedecida pela estatal.
“Para o próximo ano, e assumindo a política atual, estimamos um dividend yield de 20% (R$ 5,4/US$2,1 por ação/ADR)”, escrevem em relatório.
Dívida da Petrobras
Um dos pontos destacados pelo Safra como positivo é o cumprimento da Petrobras do seu plano de redução do endividamento. A alavancagem líquida da estatal encerrou o terceiro trimestre em 1,2x, queda de 0,3x em relação ao segundo trimestre e de -1,2x frente ao mesmo período do ano passado.
Este é o nível mais baixo de endividamento da Petrobras desde 2011. O avanço se deve a geração de fluxo de caixa entre julho e setembro, que somou US$ 6,4 bilhões (R$ 33 bilhões).
Com uma entrada extra de US$ 5,3 bilhões de desinvestimentos e acordo de coparticipação em Búzios, a empresa conseguiu pagar antecipadamente mais de US$ 6 bilhões em dívidas e atingir sua meta de dívida bruta de US$ 60 bilhões cinco trimestres antes da expectativa original.
Para o Safra, isso mostra que a Petrobras está focada “em ativos mais rentáveis e aumento do retorno para o acionista”, sustentando a postura positiva do banco em relação à empresa e a recomendação de compra para as ações PETR4, com preço-alvo de R$ 38,00.
Disciplina não compensa ruídos
O BTG vê a Petrobras como uma empresa disciplinada e destaca que os números do resultado do 3T21 da petroleira atestam o que a companhia “ainda” independente pode alcançar. “Se não fosse pelo barulho em torno de sua política de preços e o potencial impacto sobre como ela emprega dinheiro, a ação ofereceria uma das histórias de valor mais fortes que já vimos”, destaca o banco de investimentos.
A insegurança a respeito do que se pode esperar (antes e depois das eleições) sobre interferências na companhia é o que afasta a recomendação de compra pelo BTG. “Os múltiplos devem permanecer baixos, mesmo se comparados a pares de ‘baixa qualidade'”, mas, os analistas reiteram posição Neutra na estatal.
O Safra também reconhece o risco do aumento do ruído político sobre os preços dos combustíveis ocasionarem interferência na empresa, mas para o banco, o resultado disso deve ser “volatilidade no preço das ações”.
Pontos positivos e negativos sobre investir na Petrobras
O Safra destaca dois pontos positivos para investir nas ações da Petrobras:
- Sólida geração de fluxo de caixa;
- Plano estratégico indica que a empresa vai concentrar esforços em seus principais direcionadores de valor.
São três os pontos negativos que podem prejudicar as ações da Petrobras:
- É uma empresa estatal e não vemos uma privatização em andamento no curto prazo;
- Risco de ingerência politica;
- Outra greve de caminhoneiros também é uma preocupação.
Veja o balanço da Petrobras no terceiro trimestre aqui: