Petrobras (PETR4): BTG reitera ‘compra’ e cita dividendos
O BTG Pactual reafirmou sua recomendação de compra para as ações da Petrobras (PETR4), mantendo a estatal como sua principal escolha no setor de petróleo e gás na América Latina. Apesar da distribuição de dividendos abaixo do esperado devido ao aumento do Capex no quarto trimestre de 2024, a casa avalia que o investimento na companhia segue atrativo, oferecendo um retorno total significativo.

Durante a conferência de resultados do 4T24, a CEO da Petrobras, Magda Chambriard, justificou o aumento inesperado dos investimentos como uma estratégia para reduzir os riscos de atraso no desenvolvimento do campo de Búzios. Ela também indicou que os desembolsos já seriam significativamente menores no primeiro trimestre de 2025 e que essa iniciativa poderia até resultar em um Capex reduzido para o ano como um todo.
No entanto, o BTG pondera que uma comunicação mais clara poderia ter suavizado a reação negativa do mercado. Três fatores contribuíram para o impacto negativo nas ações da Petrobras, segundo o relatório:
- O plano de negócios da companhia, divulgado em novembro, não previa esse aumento de investimentos.
- Em agosto de 2024, a Petrobras reduziu sua projeção de Capex para o ano, de US$ 18,5 bilhões para US$ 14 bilhões, mas agora, com essa reviravolta, essa mudança parece ter sido precipitada.
- Não houve qualquer anúncio de cortes de Capex ou de aceleração da curva de produção para 2025.
Esses fatores alimentaram as preocupações recorrentes do mercado em relação à alocação de capital da estatal.
Traumas do mercado e diferenças em relação ao passado
O BTG ressalta que o mercado tem dificuldades em superar os “traumas” passados com a Petrobras, principalmente em relação a investimentos elevados e mal direcionados. Contudo, o relatório argumenta que a situação atual é diferente.
O aumento do Capex foi totalmente direcionado ao core business da companhia, sem novos projetos em refino ou áreas não essenciais. Além disso, os mecanismos de governança corporativa seguem vigentes, evitando mudanças drásticas na estratégia da estatal.
Dividendos e valuation seguem atrativos
Mesmo com o aumento do Capex, o BTG mantém projeções favoráveis para os dividendos da Petrobras. A instituição estima que a companhia distribuirá US$ 11 bilhões em dividendos em 2025 (US$ 10 bilhões excluindo pagamentos extraordinários), o que implica um dividend yield de 14% e 12%, respectivamente. Em 2026, essa taxa pode subir para 16% (ou 14% sem os pagamentos extras).
As projeções da casa incluem:
- Capex de US$ 16,65 bilhões em 2025 (US$ 12,75 bilhões excluindo arrendamentos, métrica usada no cálculo de dividendos pela Petrobras);
- Produção de petróleo de 2,3 milhões de barris/dia;
- Preço do Brent a US$ 70/barril;
- Câmbio em R$ 5,80/US$.
Reação exagerada do mercado e oportunidade de compra
O relatório destaca que o mercado frequentemente superestima certos riscos quando se trata da Petrobras. O BTG vê boas razões para acreditar que o Capex de 2025 pode ser ainda menor do que os US$ 16,65 bilhões projetados, pois não há novas acelerações previstas e o risco de fusões e aquisições permanece baixo.
Apesar da queda de cerca de 10% nas ações desde a divulgação dos resultados do 4T24, o BTG avalia que esse movimento foi excessivo. A geração de fluxo de caixa livre (FCFE) continua robusta e, mesmo sob um cenário conservador, a Petrobras ainda oferece um dos dividend yields mais atraentes do setor.
A casa mantém seu preço-alvo para os ADRs em US$ 20 e para as ações PETR3 e PETR4 em R$ 58, o que representa um potencial de valorização de 54% para as ações ordinárias e de 67% para as preferenciais.
Combinado ao forte dividend yield de 14%, o BTG reafirma a Petrobras como sua principal recomendação no setor de petróleo e gás na América Latina.