Petrobras (PETR4): reunião que presenteou Bolsonaro com joias também discutiu venda de ativos da estatal

Na mesma reunião em que o governo da Arábia Saudita deu joias de presente ao ex-presidente da República, Jair Messias Bolsonaro, foi debatida a venda de ativos da Petrobras (PETR4). É o que revela um telegrama obtido pelo portal de notícias G1. Além dos desinvestimentos da estatal, outro tópico discutido foi a possibilidade de o Brasil integrar a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).

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Conforme mostra o documento, assinado pelo embaixador Marcelo Della Nina, a conversa aconteceu em 22 de outubro de 2021. Bolsonaro não estava no encontro, que contou com a presença do ex-ministro das Minas e Energia brasileiro, Bento Albuquerque, o então assessor-especial da pasta, Christian Vargas, e o príncipe Abdulaziz bin Salman bin Abdulaziz Al Saud.

Em dado momento da reunião, Vargas teria indagado ao príncipe sobre a “compatibilização entre o setor de petróleo dos países da OPEP+ e o do Brasil, onde as companhias petroleiras são de capital aberto.”

Ainda segundo o telegrama do embaixador, o ex-assessor do MME prosseguiu, dizendo que “a Petrobras passa por processo de desverticalização e de alienação de seus ativos ‘downstream’, como parte de reformas do setor de energia que apontam para a crescente liberalização do mercado, no qual os entes estatais encontram limitações legais para intervir.”

Joias e a venda da refinaria da Petrobras

No telegrama ao qual o G1 teve acesso, em momento algum é citado que as joias dadas ao ex-presidente da República seriam uma contrapartida à venda dos ativos da Petrobras. As peças de diamante, avaliadas em R$ 16,5 milhões, foram apreendidas no aeroporto de Guarulhos (SP) por não terem sido declaradas à alfândega brasileira.

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Tanto a Polícia Federal e o Senado quanto a própria estatal abriram investigações para apurar a suposta relação entre a venda da Refinaria Mataripe (antes Landulpho Alves ou Rlam) e os presentes dados pelo governo da Arábia Saudita ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

Isso porque, embora a refinaria tenha sido comprada pela Mubadala, do Emirados Árabes Unidos, o país saudita tem participação no fundo — o que tem sustentado as suspeitas levantadas.

Outro ponto que chama a atenção na venda desse ativo da Petrobras é que a Rlam foi adquirida pela Acelen, braço do fundo árabe Mubadala por US$ 1,8 bilhão. Na avaliação do Instituto de Estudos Estratégicos de Energia, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep), o preço ficou 50% abaixo do estimado e, para o BTG Pactual (BPAC11), foi 30% menor do que o esperado.

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Janize Colaço

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