O presidente Jair Bolsonaro reagiu ao reajuste dos preços dos combustíveis anunciado mais cedo pela Petrobras (PETR4) com críticas duras à direção da companhia. Pediu a renúncia do CEO, José Mauro Coelho, demissionário desde 24 de maio e à espera da substituição, de acordo com o processo administrativo de troca do presidente da estatal. Bolsonaro sugeriu ainda, nesta sexta-feira (17), a criação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Congresso para investigar a atuação da empresa no aumento dos preços.
Segundo Bolsonaro, as altas da gasolina e do diesel são “inconcebíveis”. Bolsonaro explicou: “A ideia nossa é propor uma CPI para investigar o presidente da Petrobras, os seus diretores e também o Conselho Administrativo e fiscal. Nós queremos saber se tem algo errado nessa conduta deles.” AS declarações do presidente foram feitas em entrevista a uma rádio em Natal (RN).
De acordo com o presidente, a medida já é negociada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), junto a líderes partidários. “É inconcebível se conceder um reajuste, com combustível lá em cima e com os lucros exorbitantes que a Petrobras está tendo”, acrescentou Bolsonaro na entrevista.
O chefe do Executivo disse que a CPI da Petrobras é o caminho para “colocar a nu” e dar um “ponto final” no que chamou de “processo irracional” de aumento dos combustíveis.
Ele também voltou a atacar os lucros da estatal. “Ninguém consegue entender, é algo estúpido: a empresa lucra seis vezes mais que a média das petrolíferas de todo o mundo. As petroleiras fora do Brasil reduziram suas margens de lucro.”
Bolsonaro disse, ainda, que o presidente da Petrobras e o Conselho da empresa “traíram o povo brasileiro” ao anunciar o aumento nos preços.
Na manhã desta sexta-feira, a Petrobras anunciou que o preço da gasolina será reajustado no sábado, 18, em 5,2%, passando a custar R$ 4,06. Já o litro do diesel subirá 14,2%, para R$ 5,61.
Integrantes do governo Bolsonaro temem os impactos do salto dos combustíveis nos planos de reeleição do presidente. Como mostrou o Broadcast Político (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado), o governo pressiona pela saída imediata do presidente da Petrobras, José Mauro Coelho.
Acusações de boicote da Petrobras ao MME
Bolsonaro disse também nesta sexta-feira que o Conselho de Administração da Petrobras está “boicotando” o Ministério de Minas e Energia. O chefe do Executivo se referiu ao fato de a troca no comando da estatal ainda não ter ocorrido, apesar de ele já ter demitido em público o atual presidente da estatal
A ideia do Palácio do Planalto é emplacar Caio Paes de Andrade, ex-secretário de Paulo Guedes, no comando da empresa na semana que vem.
“Quando eu troquei o ministro de Minas e Energia, ele tinha carta branca para mexer no que estava abaixo dele. O ministro está há 30 dias tentando trocar o presidente da Petrobras e o conselho. O conselho não se reúne para dar o sinal verde para ele. Ou seja, estão boicotando o ministro das Minas e Energia”, reclamou Bolsonaro.
O chefe do Executivo disse esperar trocar o presidente da Petrobras nos próximos dias. “Com a mudança, podemos botar gente mais competente lá dentro para poder entender o fim social da empresa e não conceder esse reajuste, que destrói a economia brasileira, leva inflação para a população, causa perda de poder aquisitivo para toda a população que já vive uma situação bastante crítica”, declarou.
Na entrevista, Bolsonaro também afirmou que vai sancionar o projeto de lei que estabelece um teto de 17% para o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) sobre combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte coletivo. A proposta foi aprovada nesta semana no Congresso com apoio do Palácio do Planalto.
Pacheco defende conta de estabilização para alta dos combustíveis
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), saiu em defesa nesta sexta-feira, 17, da criação de uma conta de estabilização para atenuar a alta dos combustíveis. “Se a situação dos preços dos combustíveis está saindo do controle, o governo deve aceitar dividir os enormes lucros da Petrobras com a população, por meio de uma conta de estabilização de preços em momentos de crise”, publicou o parlamentar no Twitter, que cobrou “medidas rápidas e efetivas” por parte da empresa e da União para a crise.
Com apoio do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), o governo do presidente Jair Bolsonaro montou uma ofensiva sobre a Petrobras, após o anúncio de mais um reajuste dos combustíveis, e quer a renúncia imediata do dirigente da companhia, José Mauro Coelho.
Pacheco argumenta que é “inexistente a dicotomia” entre Petrobras e governo, considerando que a União é a acionista majoritária e a diretoria da empresa é indicada pelo Executivo. “Já que o governo é contra discutir a política de preços da empresa e interferir na sua governança, a conta de estabilização é uma alternativa a ser considerada”, publicou o presidente do Senado, destacando que o Senado já aprovou matérias legislativas para tentar conter a alta dos combustíveis.
Redução da margem de lucro
O presidente da República disse ainda que é possível reduzir a margem de lucro da Petrobras porque o “fim social” da empresa estaria previsto na Lei das Estatais.
Após o anúncio de um novo aumento nos preços dos combustíveis, o chefe do Executivo voltou a criticar a empresa, em linha com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL). “Você tem como reduzir essa margem de lucro, porque está previsto na lei das estatais que ela tem que ter um fim social”, declarou Bolsonaro, em entrevista a uma rádio em Natal.
Mais cedo, Lira disse que o governo Bolsonaro pode dobrar a taxação dos lucros da Petrobras para reverter em benefício ao consumidor. “Não custava nada para a Petrobras diminuir um pouco os seus lucros agora e esperar o resultado do que nós estamos fazendo, para diminuir a inflação dos mais vulneráveis. Ela não tem, absolutamente, nenhuma sensibilidade”, afirmou o presidente da Câmara, em entrevista à GloboNews.
Com informações do Estadão Conteúdo