Petrobras (PETR4) chega a cair 5% após balanço; BTG reiteira indicação de compra
As ações da Petrobras (PETR4) abriram o pregão nesta quinta-feira (29) em forte queda, após a divulgação dos resultados do terceiro trimestre na última noite. Os papéis da petroleira chegaram a tombar 5% logo após o sino de abertura, mas arreferecam a tendência negativa e caem 2,09%, a R$ 18,27, por volta das 11h. O BTG Pactual (BPAC11), no entanto, reiterou a recomendação de compra.
A Petrobras teve um prejuízo de R$ 1,546 bilhão no período entre julho e setembro — o consenso do mercado era por um lucro de R$ 505 milhões, segundo dados compilados pelo FactSet. Em contrapartida, o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado da companhia cresceu 2,6%, para R$ 33,440 bilhões.
Segundo os analistas Thiago Duarte, Pedro Soares e Daniel Guardiola do BTG, os resultados deram suporte à visão otimista sobre as ações. O Ebitda veio em linha com o esperado, e poderia ter sido registrado um lucro líquido de R$ 3 bilhões se ajustado por itens não recorrentes.
A dívida líquida da companhia totalizou US$ 66,2 bilhões, uma redução de US$ 12,2 bilhões na comparação com o final do terceiro trimestre do ano passado — e esse é um ponto importante para o banco de investimento. Os analistas pontuaram que a queda no endividamento líquido beneficiou o fluxo de caixa da empresa, que também apresentou uma alavancagem financeira estável, de 2,3 vezes o Ebitda dos últimos 12 meses.
Os custos de extração de petróleo ficaram em US$ 4,5 por barril de óleo equivalente (boe), queda de 43% frente aos US$ 7,9 por boe do terceiro trimestre de 2019. Segundo a empresa, 60% do ganho veio de redução de custos e aumento da eficiência e o restante da desvalorização do real. No pré-sal, o custo de extração ficou em US$ 2,3 por boe.
De acordo com o BTG, as ações da Petrobras tiveram um desempenho inferior ao barril de petróleo Brent em praticamente todos os momentos da pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Com base na faixa de preço do Brent, de US$ 41, os analistas entendem que o preço das ações atualmente negociam com um rendimento de 24% sobre o fluxo de caixa para o acionista (FCFE).
Os analistas do BTG, no entanto, entendem que os investidores não estão dispostos a pagar por esse fluxo de caixa antes que haja maior visibilidade sobre a distribuição de proventos pega companhia — o que, segundo eles, pode acontecer antes do que o esperado.
Petrobras altera política de remuneração dos acionistas
Antes da divulgação dos resultados, a Petrobras informou, na manhã da última quarta-feira (28), que alterou sua política de remuneração dos acionistas. Segundo o fato relevante, o pagamento de dividendos passará a ser compatível com a geração de caixa da estatal.
Dessa forma, com as alterações aprovadas pelo Conselho, quando o endividamento bruto da petroleira estiver acima de US$ 60 bilhões, poderá ser apresentada a proposta de distribuição de dividendos, sem apuração de lucro contábil, quando a dívida líquida dos 12 meses anteriores apresentar uma queda, a depender do entendimento da direção quanto à sustentabilidade financeira da empresa. Assim, a distribuição de proventos será limitada à redução da dívida líquida.
Com as mudanças, que fazem com que a Petrobras possua maior flexibilidade na distribuição de dividendos, contando com uma dívida bruta já na casa dos US$ 80 bilhões, os analistas do BTG consideram que a petroleira poderá passar a distribuir os lucros mais cedo do que o esperado pelo mercado.