Petrobras (PETR4) anuncia alta de 5,2% na gasolina e 14,2% no diesel; ações despencam

Depois de 99 dias de congelamento dos preços, a Petrobras (PETR4) anunciou nesta sexta-feira (17) que o valor da gasolina terá reajuste de 5,2%. O diesel, que estava há 39 dias sem mudança no preço, vai ser elevado 14,2%. Os preços valem a partir deste sábado (18).

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A gasolina passa a custar R$ 4,06 o litro nas refinarias da estatal, e o diesel, R$ 5,61 o litro.

O reajuste é decorrente da defasagem em relação ao preços no mercado internacional, seguindo a alta do petróleo e refletindo maior demanda e o fechamento de refinarias em meio à guerra no leste europeu.

Em reunião feita ontem, o conselho de administração da Petrobras autorizou os dirigentes da estatal a aplicarem reajustes.

De acordo com a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom), para alinhar o preço interno com o praticado no Golfo do México, de onde sai a maioria das cargas, o aumento deveria ser de R$ 0,57 para a gasolina e R$ 1,37 para o diesel, diante de defasagens de 13% e 21%,respectivamente.

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Reajuste da Petrobras irrita Bolsonaro

A alta dos combustíveis tem sido ponto de tensão entre a Petrobras e o governo neste ano. O presidente da República, Jair Bolsonaro, critica a companhia pelos altos lucros e distribuição de dividendos bilionários, e vinha pedindo para que novos reajustes não fossem feitos.

Após o ajuste, Bolsonaro criticou a decisão da empresa em redes sociais:

Na mesma rede social, o presidente também chamou lucro da estatal de “exagerado”, novamente, destacando que a empresa tem uma função social.

“O Governo Federal como acionista é contra qualquer reajuste nos combustíveis, não só pelo exagerado lucro da Petrobras em plena crise mundial, bem como pelo interesse público previsto na Lei das Estatais”, publicou Bolsonaro.

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Pelo estatuto da estatal, um eventual prejuízo provocado pelo seu acionista controlador (União) tem que ser compensado, ou seja, para segurar os preços em relação ao mercado internacional, a União teria que pagar a diferença à Petrobras.

Nos últimos dias, outras autoridades ligadas a Bolsonaro vieram a público reclamar da estatal, como o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), que disse em redes sociais que o presidente da Petrobras teria que renunciar “imediatamente”.

“Não por vontade pessoal minha, mas porque não representa o acionista majoritário da empresa – o Brasil – e, pior, trabalha sistematicamente contra o povo brasileiro na pior crise do país”, escreveu.

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No Governo Bolsonaro, diesel subiu 203% e gasolina quase 170%, diz FUP

A Federação Única dos Petroleiros (FUP) criticou nesta sexta-feira, 17, o aumento dos combustíveis anunciado pela Petrobras, mas culpou o presidente da República, Jair Bolsonaro, pela alta de preços, já que ele manteve a política de paridade de importação (PPI) da companhia, implantada pelo governo Michel Temer em 2016.

Segundo dados elaborados pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese/seção FUP), no Governo Bolsonaro, entre janeiro de 2019 e 17 de junho de 2022, o diesel nas refinarias subiu 203%, a gasolina, 169,1% e o GLP 119,1%. Enquanto isso, o salário mínimo aumentou 21,4% no período, destacou a FUP.

“O novo aumento do diesel e da gasolina, anunciado na mesma semana em que é aprovado no Congresso Nacional o Projeto de Lei Complementar (PLP 18), que reduz o ICMS sobre combustíveis, é mais um descaso do governo federal com o trabalhador brasileiro, a maior vítima da disparada dos preços dos derivados e descontrole da inflação”, disse em nota o coordenador-geral da FUP, Deyvid Bacelar, sobre o reajuste de 5,2% no preço da gasolina e de 14,2% no diesel, definido a partir de reunião extraordinária convocada às pressas, no feriado da quinta-feira, 16, pelo presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Márcio Weber.

Bacelar afirmou que “o presidente Jair Bolsonaro debocha dos brasileiros com seu discurso eleitoreiro contra reajustes de combustíveis”, já que manteve o PPI, e “a quatro meses das eleições, Bolsonaro se diz contrário às altas dos derivados, as quais deveria ter combatido desde o início de seu governo”.

Petrobras diz em nota que é sensível a momento que País e o mundo enfrentam

A Petrobras não cedeu às pressões do governo e de autoridades ligadas ao presidente da República, Jair Bolsonaro, e anunciou aumento dos preços do diesel e da gasolina nesta sexta-feira, 17. Em nota enviada à imprensa, a estatal afirmou que “é sensível ao momento que o Brasil e o mundo enfrentam”, de alta de preços, rebatendo declarações que vêm sendo feitas nas últimas semanas por Bolsonaro.

Nesta sexta-feira, o presidente afirmou que “a Petrobras pode mergulhar o Brasil num caos”, e relembrou a greve dos caminhoneiros de 2018, que parou o Brasil.

Na quinta-feira, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), chegou a dizer que a Petrobras “declarou estado de guerra ao povo brasileiro”, e que a empresa age como “inimiga do Brasil”.

Já o ministro da Casa Civil, Ciro Nogueira, do mesmo partido de Lira, disse que a Petrobras “não é de seus diretores. É do Brasil”.

Em nota, a estatal explicou nesta sexta que busca o equilíbrio de preços com o mercado global, e evita trazer a instabilidade do mercado internacional para o País, tanto que manteve o preços da gasolina congelado por 99 dias e do diesel por 39 dias, prática que não é comum a outros fornecedores no Brasil e nem fora do País.

A Acelen, por exemplo, única refinaria de grande porte privada brasileira, reajusta os preços semanalmente.

Ainda na mesma nota, a estatal disse que o mercado de energia passa por um momento desafiador, pelo impacto da recuperação econômica e da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que reduziram a oferta e aumentaram a demanda, principalmente por diesel.

Em resposta às críticas do governo a empresa explicou também, que apesar de impactar os preços, a conjuntura tem gerado recursos públicos bilionários, destacando que em 2021 pagou R$ 203 bilhões entre impostos, royalties e participações especiais, e que este ano, até julho, vai desembolsar R$ 32 bilhões para os cofres públicos.

Ações ON e PN despencam no Ibovespa

No mercado acionário, a reação do reajuste não foi boa. As ações da Petrobras despencaram 7,25%, a R$ 29,93 (PETR3), e 6,09%, a R$ 27,31 (PETR4).

Para a equipe de Research da Ativa Investimentos, apesar da movimentação da empresa ser compreensível pela defasagem frente aos preços internacionais, o que é positivo para as finanças da companhia, há pontos que merecem atenção.

“Em contrapartida, entendemos que a ação foi desenvolvida por lideranças que estão de saída da companhia, o que impede a dissolução das assimetrias referentes ao tema para os próximos meses”, dizem os analistas. “Apesar da iminência da continuidade deste risco, seguimos com recomendação de compra em PETR4, entendendo que a precificação do papel ainda apresenta positiva relação risco x retorno.”

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(Com informações do Estadão Conteúdo)

Victória Anhesini

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