Apesar das últimas semanas terem sido de notícias negativas sobre a Petrobras (PETR4), o BTG mantém visão positiva sobre a estatal, esperando que a empresa continue superando seus pares em 2024. Para os analistas, a estatal continuará pagando robustos dividendos, uma vez que um cenário de não distribuição resultaria numa posição de caixa crescente nos próximos anos.
“Vemos as ações sendo negociadas com um dividend yield atraente de 13% em 2024 (sem pagamento extraordinário) com um brent a US$ 75/tonelada. Se incorporarmos os preços spot do petróleo, bem como os atuais níveis de produção de petróleo da empresa no nosso modelo (6% acima do guidance), a Petrobras estaria sendo negociada a um dividend yield de 15% este ano”, diz o BTG, que recomenda compra dos papéis da Petrobras.
Segundo o banco, a tese de investimento é baseada em quatro pilares:
- Projeções do mercado para a produção, preços do petróleo e capex são conservadores, levando potencialmente a novos ajustes positivos
- Abordagem ainda pragmática do acionista controlador, apesar da decisão da empresa de reter momentaneamente lucros em sua reserva de capital,
- A ausência de grandes fusões e aquisições que possam prejudicar as distribuições de caixa;
- Mecanismos robustos de governança corporativa.
O Santander, por sua vez, rebaixou a recomendação das ações da Petrobras de compra para neutra, reduzindo o preço-alvo (2024) para R$ 47,00 (vs. R$ 52,00 anteriormente). No entanto, o banco vê a Petrobras ainda com sólidos fundamentos, mas sem dividendos extraordinários.
“Acreditamos que a visibilidade em relação à alocação de capital de curto prazo diminuiu significativamente, especialmente dada a posição de caixa de US$ 18 bilhões no ano fiscal de 2023 (vs. a posição de caixa de referência de US$ 8 bilhões) e o apetite por M&A. Além disso, sem dividendos extraordinários, vemos a Petrobras negociando com um dividend yield de 9%, o que está em linha com os pares da América Latina/Europa”, afirma o Santander.
Mas apesar da volatilidade das ações, o Santander acredita que, em 2024, do ponto de vista operacional, os resultados da Petrobras serão sólidos pelo foco em Exploração & Produção (E&P) e margens de refino positivas, além que o capex sob controle deverá manter a dívida bruta abaixo de US$ 65 bilhões, com alavancagem em nível confortável.
Petrobras não pode só gerar lucro para pagar acionista, diz ministro
O ministro de Minas e Energia (MME), Alexandre Silveira, disse na segunda-feira (01) ter considerado uma “distorção” o governo ser classificado de intervencionista no episódio da retenção dos dividendos extraordinários da Petrobras.
“Nós nada mais fizemos do que exercer nosso direito de discutir com nossos conselheiros indicados pelo governo, dentro da lei, respeitada a governança da Petrobras e a sua natureza jurídica, a destinação correta dos dividendos extraordinários“, disse ele, em entrevista à GloboNews.
“Não podemos admitir que a Petrobras tenha o único e exclusivo objetivo de ter lucros exorbitantes para poder distribuir a seus acionistas”, disse.
Silveira afirmou que os dividendos ordinários, que obrigatoriamente devem ser distribuídos aos acionistas, foram “cumpridos rigorosamente”, enquanto os extraordinários foram encaminhados para uma conta de contingência que serve exclusivamente para pagar dividendos. “Existe clara demonstração de resistência do mercado em consequência da boca torta que eles adquiriram nos últimos anos, em especial nos quatro anos de governo (Jair) Bolsonaro, que eles faziam o que queriam com o Brasil”, disse.
O ministro afirmou que o governo Lula quer que a Petrobras tenha muito lucro e seja altamente competitiva, mas não deixará de fiscalizar o que a companhia está fazendo do ponto de vista de seu plano de investimentos.
“Não abriremos mão e não nos faltará coragem de discutir e de dialogar de forma permanente com o setor privado, com as nossas empresas, a fim de que se possa compatibilizar crescimento nacional com geração de emprego e renda e cumprimento do compromisso do governo que é cuidar do povo brasileiro, em especial do povo mais pobre”, disse.
A Petrobras anunciou, no início do mês passado, com a divulgação do seu resultado anual, a retenção do equivalente a R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários, que o mercado esperava que fossem distribuídos. A decisão provocou um enorme ruído, por conta dos sinais de ingerência do governo na administração, e fez com que a empresa perdesse R$ 56 bilhões em valor de mercado em um único dia.
Na semana seguinte, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, rebateu em suas redes sociais os questionamentos à administração da estatal. Segundo ele, a decisão do conselho de administração foi orientada pelo “presidente da República e pelos seus auxiliares diretos”.
Prates escreveu que falar em “intervenção” na empresa é “querer criar dissidências, especulação e desinformação”. Segundo ele, o mercado “ficou nervoso” que foram retidos dividendos extras a “caráter de adiamento e reserva”. A empresa disse que esses recursos não poderiam ser usados para outra coisa que não o pagamento de dividendos – ou seja, que voltariam para o bolso dos acionistas em algum momento.
Petrobras é retirada da carteira de dividendos da XP; veja os motivos
A XP Investimentos divulgou sua nova carteira recomendada de ações focada em dividendos, contando com duas novas mudanças no portfólio. Uma delas foi a saída da Petrobras das recomendações, dando lugar a um aumento de exposição na Cemig (CMIG4), cuja posição era de 5% e agora é de 10%.
Segundo a XP, a Petrobras vem passando por um desempenho negativo na Bolsa de Valores depois que seu conselho de administração decidiu continuar com seus dividendos sendo definidos pela fórmula mínima, no valor de US$ 2,9 bilhões, o que representa 3% de rendimento.
Desempenho anual das ações da Petrobras
Cotação PETR4
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