A notícia da demissão do presidente da Petrobras (PETR4), Roberto Castello Branco, é vista com preocupação por agentes do mercado financeiro. Segundo analistas do mercado financeiro, a troca no comando, que deverá ser ocupado pelo general Joaquim Silva e Luna, deve mostrar que o governo de Jair Bolsonaro (sem partido) busca interferir diretamente e de forma negativa na gestão da companhia estatal.
Para Henrique Esteter, analista da Guide, a troca no comando da Petrobras sinaliza que ao governo Bolsonaro busca interferir diretamente na política de preços da estatal, o que pode interferir na recuperação da empresa baseada na política de desinvestimentos da companhia.
“Castello Branco pegou a empresa ainda muito endividada, conseguindo entregar um ótimo resultado. Não faz sentido trocar o CEO e colocar alguém que o presidente Bolsonaro não terá total controle. Se fosse para alguém que ele quisesse trocar apenas pela execução da empresa, não teria porque mandar embora o Castello Branco. A expectativa é que tenha si uma interferência muito grande na estatal e regredimos naquilo que a empresa vinha se tornando”, afirmou Esteter.
A análise é compartilhada por Henrique Lara, analista da Reach Capital. Segundo o profissional do mercado, a troca de comanda na Petrobras tem tudo para ser negativa para a empresa.
“A gente via com bons olhos a gestão do Castello Branco que vinha fazendo tudo para a Petrobras tudo que era do interessa da Petrobras. A notícia da troca pelo general ela, no máximo, pode ser neutra, mas tem tudo para ser negativa. Precisamos esperar quais serão os planos e estratégia de gestão, mas é de se esperar que se tenha algum nível de influência na companhia que não seja do melhor nível de influência para ela”, afirmou.
Já para Rodrigo Glatt, sócio da GTI Administração de Recursos, caso a mudança seja chancelada pelo conselho de administração, apesar de uma alteração na política de preços seja esperada, a Petrobras não deverá interromper os desinvestimentos que vem deixando a companhia menos onerosa.
“Assumindo que o Joaquim irá assumir, eu não espero que mude muita coisa pois já temos visto uma trajetória de aproximação com o mercado e isso deverá continuar. Não deverá ter uma mudança muito grande, talvez na política de preço ela estender um pouco os prazos no reajuste, mas não acho que nas demais coisas, como foco na priorização da exploração, venda de refinarias e campos maduros, devem mudar, elas devem continuar independente de quem seja o presidente da empresa”, afirmou
Bolsonaro demite presidente da Petrobras; ações sofrem
Apenas um dia após Jair Bolsonaro criticar os novos reajustes de preço da Petrobras (PETR4) e afirmar que haveria “mudanças” na companhia, o mandatário demitiu Roberto Castello Branco e indicou o general Joaquim Silva e Luna para a presidência da estatal.
Bolsonaro divulgou há pouco uma nota em suas redes sociais na qual diz que o “governo decidiu indicar o senhor Joaquim Silva e Luna para cumprir uma nova missão, como conselheiro de administração e presidente da Petrobras, após o encerramento do Ciclo, superior a dois anos, do atual presidente, senhor Roberto Castello Branco.”
Bolsonaro já havia sinalizado tanto em live na última quinta-feira (18) quanto em discurso hoje que planejava interferir na companhia.
O mercado financeiro recebeu mal a interferência de Jair Bolsonaro na Petrobras (PETR4). No after-market de Nova York, os ADRs (American Depositary Receipts) da estatal brasileira afundavam após a troca no comando da petroleira.