Petrobras (PETR4) agrava perdas e encolhe R$ 23 bilhões em valor de mercado

Já abaladas pelo efeito Trump, que puxou para baixo as bolsas em todo o mundo e também as cotações do petróleo, as ações da Petrobras (PETR4) aprofundaram a desvalorização na B3 nesta segunda-feira (7). A queda foi acentuada depois da divulgação de que o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, procurou a estatal para pedir a redução no preço dos combustíveis. A informação sobre essa abordagem foi divulgada pela CNN Brasil.

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Só nesta segunda-feira, a Petrobras perdeu R$ 23,1 bilhões em valor de mercado. Com a quarta queda seguida do papel, a empresa furou o piso de setembro de 2023, recuando a R$ 445,8 bilhões. As ações ordinárias (PETR3) despencaram a R$ 35,63, queda de 5,57%; as preferenciais (PETR4), a R$ 33,18, queda de 3,97%; e a ADR da estatal na Nyse (a Bolsa de Nova York), a US$ 11,19, queda de 5,73%

O Estadão/Broadcast apurou que Silveira apresentou à Petrobras argumentos que na avaliação do governo justificariam a viabilidade da redução de preços de combustíveis. Dentre eles, é mencionada a perspectiva do aumento da produção de petróleo pelos países membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados, grupo conhecido como Opep+.

Na semana passada foi anunciado que a produção no mês que vem seria elevada em 411 mil barris por dia (bpd). O grupo de países mencionou “fundamentos saudáveis” e uma “perspectiva positiva” do mercado. O petróleo está em queda no mercado internacional, também puxado pelo temor de uma recessão causada pelo “tarifaço” anunciado na semana passada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e pelas consequentes retaliações de outros países.

Segundo interlocutores, o ministro Silveira fez uma argumentação à Petrobras baseada no cenário externo, reforçando o respeito à governança da companhia. Ainda de acordo com fontes, não foi apresentado um dado quantitativo de qual seria a redução nos preços considerada ideal para o governo.

Petrobras (PETR4) não comenta informação

O Ministério de Minas e Energia (MME) e Silveira foram questionados pela reportagem do Estadão/Broadcast, mas não comentaram a informação sobre o pedido de redução de preços. A Petrobras não se manifestou junto à CVM e disse que não comentaria a fala do ministro, nem apontou uma possível direção para o preço dos combustíveis.

O analista Vitor Sousa, da Genial, afirma que tanto diesel quanto gasolina negociam com prêmio em relação à paridade com os preços internacionais (PPI), da ordem de 5%.

“Existe espaço para cortar, o problema é o Brent voltar”, disse Sousa, referindo-se à alta volatilidade do petróleo no mercado internacional. A commodity estava em queda no final de março, mas voltou a se recuperar nos primeiros dias de abril, voltando a despencar com mais força após as taxações do governo de Donald Trump.

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Como lembra o analista da Ativa Investimentos, Ilan Arbetman, a estatal costuma evitar transferir a volatilidade dos preços para o mercado interno, com os últimos reajustes seguindo o mantra de petróleo e dólar mais baixos, o que não é o caso no momento, com a moeda americana passando de R$ 5,90. Ele vê, no entanto, que a porta de reajustes da estatal nunca está totalmente fechada.

Alta do dólar deve frear queda nos preços

Mesmo com a queda do preço do petróleo de quase 13% no mês, o dólar segue firme, em alta de quase 4% em abril. Para Arbetman, qualquer alteração nos preços no momento vai depender do que a companhia classifica como estrutural.

“Eu, por exemplo, não esperava o último reajuste”, disse o analista se referindo à queda de 4,6% anunciada pela empresa a partir de 1º de abril, em um momento em que o preço do petróleo se recuperava e dias após o ministro Silveira fazer as mesma afirmações de agora, de que “já era hora de a Petrobras analisar a redução de preços”.

Com a queda no valor do preço do petróleo no mercado internacional, o valor dos combustíveis nas refinarias brasileiras tem ficado mais caro em relação ao preço internacional, o que pode levar a Petrobras a reajustar principalmente o preço da gasolina, há 272 dias sem alteração. Uma eventual queda, porém, esbarra na alta do dólar, que se aproxima novamente dos R$ 6, refletindo a aversão ao risco por temor de uma recessão global que possa surgir em consequência da guerra das tarifas.

Em julho passado, a gasolina teve aumento de R$ 0,20 por litro nas refinarias da estatal. Na sexta-feira (4), o preço no Brasil estava em média 5% acima do Golfo do México, de acordo com levantamento da Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom).

No dia 1º de abril, a Petrobras (PETR4) reduziu o diesel em R$ 0,17 o litro, mas não mexeu na gasolina. Apesar dessa redução, o preço do diesel continua 5% mais caro no mercado internacional do que no Brasil. A queda de preços está arrastando para baixo também as ações da estatal, que já acumulam recuo de 9,85% no mês, no caso das ações preferenciais, e de 11,6% nas ordinárias.

Nos polos de importação de Itacoatiara, no Amazonas, e Aratu, na Bahia, a gasolina estava com o preço 7% acima dos preços externos no fechamento de sexta. Na média, o preço da gasolina está 5% mais caro do que no Golfo do México, usado como parâmetro para importação, o que poderia puxar uma redução de R$ 0,13 por litro no combustível.

Segundo o Centro Brasileiro de Infraestrutura (Cbie), os contratos futuros do petróleo e seus derivados registraram uma segunda sessão consecutiva de perdas substanciais na última sexta, levando os preços internos para uma diferença também de 5% em relação ao mercado internacional, no cálculo da consultoria. Hoje, a depressão continua, com a commodity do tipo Brent registrando queda de 1,71%, por volta das 15h, cotada a US$ 64,28 o barril.

“Em um novo capítulo do que vem se configurando como uma guerra comercial global, a China anunciou tarifas de 34% sobre quaisquer importações norte-americanas no país, alimentando a incerteza sobre o crescimento da atividade econômica no curto prazo“, avaliou o Cbie em relatório nesta segunda, ressaltando que o preço do barril foi ainda pressionado por um desempenho robusto do dólar e pela perspectiva de retorno da oferta da Opep+.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast em meados de março, a presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que poderia baixar os preços caso os combustíveis no Brasil fiquem muito mais caros do que os patamares praticados no mercado internacional. “Se o preço (no Brasil) ficar muito acima do mercado (externo) e enxergarmos que a tendência é essa, vamos mexer certamente. Da mesma forma, se ficar abaixo vamos mexer também”, disse a gestora.

Com Estadão Conteúdo

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Redação Suno Notícias

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