A cotação do petróleo Brent ultrapassou, na última segunda-feira (7), a casa dos US$ 80 por barril pela primeira vez desde agosto, em meio a uma variação positiva de mais de 3% dos preços em uma única sessão. A forte alta, que está atrelada ao agravamento dos conflitos no Oriente Médio, refletiu nas ações das petrolíferas brasileiras, incluindo a Petrobras (PETR4).
A guerra em Israel já dura mais de um ano, mas o conflito se intensificou na semana passada, após o Irã disparar cerca de 200 mísseis em direção ao território israelense na terça-feira (1). Desde então, a escalada da guerra tem pressionado os preços do petróleo no mercado internacional.
“Os conflitos no Oriente Médio geralmente afetam diretamente a cotação do petróleo, uma vez que essa região é um dos principais polos de produção de petróleo do mundo”, explica Anderson Santos, especialista em mercado de capitais e sócio da Matriz Capital.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás (IBP), Arábia Saudita, Iraque, Irã, Emirados Árabes Unidos e Kuwait apareceram entre os dez maiores produtores de petróleo do mundo em 2023, sendo que todos eles fazem parte do Oriente Médio.
Com isso, os riscos de interrupção no fornecimento da commodity preocupam o mercado e contribuem para a elevação dos preços.
“Para a Petrobras e outras petrolíferas brasileiras, isso representa uma oportunidade de aumento nos lucros, pois com o petróleo mais caro no mercado internacional, elas conseguem vender sua produção a preços mais elevados. Contudo, essa situação também traz volatilidade ao mercado, o que pode impactar as ações de forma imprevisível, principalmente se houver mudanças rápidas no cenário geopolítico”, completa o especialista.
É hora de investir em Petrobras (PETR4)?
De acordo com Vanessa Leone, especialista em mercado de capitais e sócia da The Hill Capital, as ações da Petrobras podem continuar se beneficiando do cenário de alta do petróleo no curto prazo. No entanto, é necessário ainda considerar a volatilidade do mercado e a possibilidade de correções, que podem fazer com que as ações recuem.
“No médio prazo, a continuidade da alta dependerá de fatores como a estabilidade do conflito, políticas governamentais e a demanda global por petróleo. A recente alta pode continuar se os preços do petróleo permanecerem altos, mas também há o risco de uma correção se o mercado ajustar suas expectativas”, explica ela.
Além da estatal, as perspectivas também se estendem para outras petrolíferas brasileiras, como Prio (PRIO3) e Brava (BRAV3), empresa resultante da fusão entre 3R Petroleum e Enauta.
“No cenário internacional, empresas como ExxonMobil, Chevron, BP, Shell e TotalEnergies merecem atenção dos investidores, pois são grandes players no mercado de energia e tendem a se beneficiar da alta nos preços do petróleo”, destaca a sócia da The Hill Capital.
Quais outros setores podem ser impactados pelo conflito?
Os impactos da alta do petróleo e dos conflitos no Oriente Médio podem atingir não somente as petrolíferas.
Além do setor de petróleo e gás, o especialista destaca que segmentos como aviação e transporte costumam ser afetados negativamente, já que a alta nos preços dos combustíveis eleva diretamente os custos operacionais dessas empresas. Dessa forma, o cenário pode afetar companhias como Azul (AZUL4) e JSL (JSLG3), por exemplo.
Por outro lado, os especialistas destacam que as empresas de gás natural e energia renovável podem sofrer impactos positivos. Isso porque o cenário de volatilidade nos preços dos combustíveis fósseis pode fazer com que os investidores busquem alternativas mais sustentáveis e menos voláteis.
“Empresas de energia como Cosan (CSAN3) e Eneva (ENEV3), que têm exposição a combustíveis fósseis e ao gás natural, também podem sentir os efeitos do aumento dos preços, já que o gás natural é um substituto em algumas áreas de energia”, destaca Santos sobre outras empresas além da Petrobras que também podem ser impactadas pelo cenário.
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