Petrobras (PETR4): ações desabam após relatório de produção e pressionam o Ibovespa
As ações ordinárias (PETR3) e preferenciais (PETR4) da Petrobras despencam nesta quinta-feira (27) no Ibovespa, pressionando o índice, com o mercado repercutindo os dados do último relatório de produção da estatal, em que reportou uma queda anual na produção total no segundo trimestre.
No fechamento, as ações ordinárias da Petrobras (PETR3) recuaram 5,63%, a R$ 33,52, enquanto as ações preferenciais (PETR4) caíam 5,19%, cotadas a R$ 29,39.
Cotação PETR4
No segundo trimestre, a Petrobras registrou uma produção total, em média, de 2,64 milhões de barris de óleo equivalente por dia equivalente (boe, petróleo e gás natural), uma queda de 0,5% na comparação com o mesmo trimestre de 2022. Em relação ao primeiro trimestre deste ano, houve queda de 1,4%.
As informação estão no relatório de produção da Petrobras, divulgado na noite desta quarta-feira (26).
Essa queda de produção, informou a Petrobras, teve a ver com “maior volume de perdas por paradas e manutenções; declínio natural de campos maduros e desinvestimentos”.
Também motivou e acentuou a queda da Petrobras outra notícia. Segundo apurou a Coluna do Estadão, gente de peso e influente junto ao governo dá conta de que haverá mudanças “o quanto antes” na diretoria da Petrobras e que a gestão de Jean Paul Prates estaria desagradando Lula e o PT. Fontes ouvidas pelo Broadcast já falam na saída de Prates do comando da estatal – um ruído que contribui para ampliar incerteza sobre a estatal no momento em que a política de dividendos segue no foco de atenção do mercado.
Dados de produção destacam nova estratégia de precificação, diz BTG
Segundo analistas do BTG Pactual, os dados de produção de vendas divulgados pela Petrobras destacam a nova estratégia de precificação de combustível da empresa. Para o banco, preços menores da estatal em relação à paridade de importação no segundo trimestre reforçam a vantagem competitiva do combustível fóssil sobre o etanol, apesar dos desinvestimentos de ativos.
“Com visibilidade sobre a rentabilidade atual do negócio de refino ainda baixo, acreditamos que as margens do segmento serão um dos principais focos do mercado, possivelmente proporcionando uma melhor avaliação da gestão quanto ao crescimento da quota de mercado”, pontuou.
O BTG também espera que a Petrobras anuncie uma possível mudança na sua política de dividendos até o final desta semana.
“Admitimos que nos tornamos menos pessimistas em relação à Petrobras nos últimos meses, mas as vantagens potenciais não parecem mais tão claras quanto antes. Recomendamos que os investidores aguardem até que haja mais clareza sobre a alocação de capital da empresa”, acrescentou a instituição.
O BTG tem recomendação “neutra” para as ações da Petrobras, com preço-alvo a US$ 14,00 para as ADRs.
Esperamos resultados sólidos, apesar de ventos contrários, diz Santander
Em relatório, analistas do Santander pontuaram que apesar de uma menor produção no segundo trimestre, e vários ventos contrários – como preços mais baixos do petróleo e impostos de exportação do material – esperam que a Petrobras entregue um Ebitda sólido de US$ 12,4 bilhões no período, sustentando um dividendo robusto de US$ 3,1 bilhões, assumindo que os resultados incorporam uma nova política de dividendos.
O Santander tem recomendação “outperform” para as ações da Petrobras, o equivalente a “compra”, com preço-alvo a US$ 19,00 para as ADRs.
Outros números do relatório
No segundo trimestre, a produção comercial da Petrobras foi de 2,312 milhões de boe/d, queda de 0,9% ante o segundo trimestre de 2022, e queda de 1,7% contra o trimestre anterior.
A produção de petróleo da Petrobras foi de 2,102 milhões de barris por dia (bpd) no segundo trimestre deste ano, 0,6% menor do que no segundo trimestre de 2022. Já em relação ao trimestre anterior, a queda foi de 1,8%.
Já a produção de gás natural da Petrobras totalizou 501 mil boe/d, queda de 0,2% na comparação com um ano antes, mas 0,4% acima do volume produzido no primeiro trimestre de 2023.
Segundo o documento, o volume de vendas de derivados no 2T23 aumentou 1,5% em relação ao 1T23, principalmente por conta da gasolina, em razão da maior competitividade.
A produção de derivados, por sua vez, subiu 9,4%.
“Esse aumento foi suportado por uma maior disponibilidade das refinarias, após a realização de importantes paradas programadas ocorridas no 1T23 (unidades da REVAP, REFAP e RPBC), além do maior FUT de 93% no 2T23”, diz o relatório da Petrobras.
A produção no pré-sal bateu novo recorde trimestral de 2,06 milhões de boed, o equivalente a 78% da produção total da Petrobras, superando o recorde anterior de 2,05 milhões de boed.
As vendas de diesel tiveram alta de 0,8% no segundo trimestre, com volume de produção equiparado ao volume de vendas.
“O aumento das vendas é explicado, principalmente, pela sazonalidade de consumo, usualmente mais fraca no primeiro trimestre de cada ano devido à redução da atividade econômica, o que foi parcialmente atenuado pelo aumento do teor de mistura obrigatória de biodiesel a partir de abril de 2023”, diz a Petrobras.
Vendas de gasolina têm alta
As vendas de gasolina subiram 15,7% na base anual, considerando ganho de participação da gasolina sobre o etanol hidratado no abastecimento dos veículos flex, assim como do aumento do mercado ciclo Otto.
“Por causa desses mesmos fatores, as vendas do 1S23 da Petrobras foram 9,3% superiores às do 1S22, sendo as maiores para um primeiro semestre nos últimos 6 anos”, diz a empresa.
A geração de energia elétrica ficou estável em relação ao trimestre anterior, visando atender à demanda nacional pelo vapor, com alocação de parte da geração em oportunidades comerciais relacionadas à exportação para a Argentina.
Segundo o relatório, as vendas de gás natural apresentaram estabilidade em relação ao primeiro trimestre, permanecendo no patamar médio de 50 milhões de m³/dia.