Nesta segunda-feira (08), a Petrobras (PETR4) anunciou um reajuste nos preços da gasolina e do gás de cozinha. E para entender os possíveis reflexos do movimento nas ações da empresa, o Suno Notícias conversou com Tales Barros, assessor na Status Invest Assessoria de Investimentos.
Tales, como isso pode fazer preço nas ações, afetar a companhia e até mesmo os balanços da Petrobras?
É interessante a gente olhar esse reajuste na gasolina primeiro pelos olhos do acionista. Então, é claro, o aumento de preço pode implicar em um aumento consequente no lucro da empresa.
Nesse caso da Petrobras, a ideia é que ela deva agregar também não só no lucro, mas um incremento no caixa e consequentemente impactar positivamente a geração de dividendos da Petrobras, que é um ponto valioso para o acionista.
Mas indo um pouco mais além disso, ela pode significar também um certo nível de diminuição de chance de uma eventual intervenção política na empresa, que já é tão peculiar, dada a natureza da própria empresa, em termos de ações.
Quando a gente vê uma empresa que passou recentemente por uma mudança de uma governança, seguir firme com aquilo que ela já havia proposto, que já era proposto desde meados de 2023, quando houve essa mudança na dinâmica de preço dos combustíveis, e ela acabar reafirmando essa política através desse reajuste, pode diminuir um pouco essa incerteza e passar um pouco mais de tranquilidade para o mercado.
Consequentemente, a credibilidade passada através da gestão tende a ter uma certa relevância quando a gente considera, ainda que não tenha fechado totalmente, uma diminuição considerável na diferença de preço. O chamado deságio, entre o preço praticado lá fora e aqui. Desde o fim do PPI, da paridade de preço internacional, esse ajuste tende a diminuir um pouco e também tende a ser muito bem visto pelos acionistas, sobretudo os que têm uma visão de mais longo prazo.
O balanço do 1T24 da Petrobras veio um pouco machucado, em parte por conta dessa defasagem. Então de que forma essa atual estratégia da Petrobras de não adotar a política de paridade internacional está sendo vista?
Eu vejo com bons olhos. Vale lembrar que esse resultado do primeiro trimestre de 2024 um pouco abaixo das expectativas era em um outro contexto. Ainda que seja um intervalo de tempo pequeno, de março para cá, a gente está falando de quatro meses.
Convém relembrar que em março, no momento do fechamento do balanço, mais ou menos, o dólar estava ali abaixo do 5, o brent estava aos 83 dólares por barril, o cenário era completamente oposto ao que a gente está vendo agora.
Então acho que esse reajuste vai ser muito bem equacionado dentro do balanço da empresa, muito por conta disso. Haja visto que houve essa mudança de cenário, esse ajuste para diminuir um pouco mais o deságio da gasolina. Então naturalmente o impacto a ser observado, eu acredito que vai ser bastante positivo.
E como está a percepção geral sobre a Petrobras? Em especial para você que está falando com os clientes o tempo todo. Existe algo a mais para acrescentar?
Eu acredito que a Petrobras é uma escolha quase que perene para o investidor, junto com o Vale (VALE3), como outras empresas já das mais antigas aí na Bolsa. Ainda que a gente tenha observado interferências ao longo da história dela, em termos de performance, no longuíssimo prazo, a exposição tem se justificado.
Então o investidor aqui, o investidor da Status Assessoria, entende que a Petrobras é uma empresa com bastante valor a gerar para ele. É muito raro eu ver algum investidor aqui que quer trocar as ações da Petrobras por outra empresa.
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