As ações da Petrobras (PETR4) subiram nesta terça-feira (24), em dia de ajuste após o tombo da véspera e com os investidores ainda repercutindo a notícia de que seu conselho de administração aprovou, por maioria, a submissão de proposta de revisão do seu estatuto social à assembleia geral extraordinária (AGE), com o objetivo é criar uma reserva de remuneração de capital.
No fechamento, as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) valorizaram 1,27%, cotadas a R$ 35,80, enquanto as ações ordinárias (PETR3) avançaram 1,96%, a R$ 39,10. O Ibovespa fechou em alta de 0,87%, aos 113.761,72 pontos.
Cotação PETR4
Na segunda-feira (23), a informação de que o conselho da Petrobras aprovou uma proposta de mudança em seu estatuto social não foi bem recebida pelo mercado, que classificou o movimento como “um passo atrás”.
Segundo Fábio Lemos, analista da Fatorial Investimentos, houve um grande estresse do mercado com a dubiedade do primeiro informe sobre questões de governança e dividendos, o que inclusive levou a companhia a perder mais de R$ 20 bilhões em valor de mercado no dia de ontem.
Em um segundo informe, ainda no final da tarde de segunda-feira, a companhia justificou que apenas está se antecipando para que qualquer alteração judicial feita na Lei nº 13.303/2016 (Lei das Estatais) seja adequada no estatuto.
Entretanto, lembra Lemos, nada está decidido – não há nem mesmo uma data para essa AGE. “Mais uma vez, vemos o motivo de desconto da Petrobras frente a seus pares, o famoso desconto de estatal, já que ficou claro a intenção de, em algum momento, a empresa alterar questões de governança”, destaca.
Relembre o caso
Por maioria, o conselho de administração da Petrobras aprovou o encaminhamento da proposta de revisão do seu estatuto social à Assembleia-Geral Extraordinária (AGE) – que deve acontecer até o início de dezembro, segundo o diretor de governança e relação com investidores da Petrobras, Mario Spinelli, em entrevista ao Estadão/Broadcast.
O objetivo da revisão do estatuto da Petrobras é criar uma reserva de remuneração do capital, visando “assegurar recursos para o pagamento de dividendos, juros sobre o capital próprio, suas antecipações, recompras de ações autorizadas por lei, absorção de prejuízos e, como finalidade remanescente, incorporação ao capital social”.
Mesmo após a decisão, a política de remuneração aos acionistas das Petrobras permanece inalterada, disse a empresa. A proposta, contudo, reforçou a incerteza sobre dividendos extraordinários e os receios com relação a uma potencial interferência política na companhia.
Ainda segundo fontes informaram ao Broadcast, os conselheiros da Petrobras que representam acionistas privados da estatal votaram contra as mudanças no estatuto social. Segundo uma dessas fontes, eles estariam ‘mimados’ com os ganhos que receberam nos últimos anos e alegaram que seria ilegal manter recursos da reserva do fluxo de caixa livre, já que não há destinação definida, mas foram vencidos pelos votos favoráveis às alterações.
BTG sobre Petrobras: ‘sinal amarelo’ foi ligado
Em relatório, o BTG Pactual afirmou que a visão positiva do banco em relação à tese de investimento da Petrobras está ligada mais à confiança sobre os mecanismos de defesa da estatal, que impediriam uma “guinada de 180 graus” na alocação de capital, do que aos “pagamentos volumosos que deveriam se tornar mais recorrentes”.
“Afirmamos também que grandes tentativas de alterar o estatuto/Lei das Estatais e reduzir a responsabilidade da equipe de gestão/conselho de administração poderiam reduzir o nosso otimismo”, acrescentaram os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte.
O BTG tem recomendação de ‘compra para as ações da Petrobras, com preço-alvo a R$ 39, embora reconheça que um ‘sinal amarelo’ foi ligado.
Petrobras: revisão do estatuto não é decisiva para dividendos, diz Itaú BBA
Em relatório, o Itaú BBA afirmou não enxergar o anúncio da Petrobras como decisivo para a materialização ou não de dividendos extraordinários.
Para o banco, a decisão sobre quanto será pago depende de dois fatores principais: quanto a empresa pretende investir nos próximos anos e a relevância dos dividendos da Petrobras no apoio à meta do governo de expandir as receitas fiscais.
“Esperamos obter uma visão mais clara das ambições de investimento da empresa com o Plano Estratégico 2024-28, no final de novembro”, acrescentou o Itaú BBA, pontuando ainda que não está definido ainda o tamanho potencial e as métricas que serão levadas em consideração para a constituição da reserva de remuneração de capital.
O Itaú BBA traz uma recomendação ‘market perform‘ para as ações da Petrobras, com preço-alvo de R$ 38.