Petrobras (PETR4): Lula fez convite a Mercadante para assumir presidência da empresa, diz site
O presidente Lula fez um convite ao atual presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, para assumir a presidência da Petrobras (PETR4), conforme afirmaram fontes ao site Pipeline nesta quinta-feira (04).
Aloizio Mercadante teria demonstrado interesse na oportunidade, segundo o Pipeline. Não há confirmação se essa troca será imediata, porque, como destacou uma das fontes ao site noticioso, “trata-se da Petrobras e do governo. A qualquer momento, tudo pode mudar”.
Enquanto isso, o atual presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, estaria batendo de frente com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira. Em declarações dadas ao jornal Folha de S.Paulo, Silveira reconheceu a existência de conflito entre sua função e a do presidente da Petrobras – porém, destacou que vê as discordâncias como algo saudável e não pessoal.
Em um intensa artilharia contra sua liderança na Petrobras, Prates tem buscado ministros e líderes partidários nos últimos dias em uma tentativa de se manter à frente da estatal, segundo o jornalista Lauro Jardim, do jornal O Globo. Durante essas conversas com aliados, Prates tem afirmado que conseguiu cumprir sua missão de proteger a empresa de influências políticas e até mesmo de interferências do governo.
Prates busca uma reunião com Lula hoje para discutir o assunto e solicitar um apoio mais firme do presidente. No entanto, de acordo com as fontes, o desfecho dessa situação ainda é incerto.
Na tarde desta quinta, Prates publicou no X, antigo Twitter, um print de uma suposta mensagem de WhatsApp. Na conversa, uma pessoa não identificada pergunta: “Jean Paul vai sair da Petrobras?”, e a resposta que aparece no diálogo é: “Acho que após as 20h02. Vai pra casa jantar… E amanhã, às 7h09, ele estará de volta na empresa, pois sempre tem a agenda cheia”.
Nos bastidores, aliados dão como certo Aloizio Mercadante substituir Prates na liderança da Petrobras. Por outro lado, a escolha de um possível novo presidente da Petrobras enfrenta resistência, principalmente devido a uma possível reação negativa por parte do mercado, além da necessidade de encontrar um nome adequado para ocupar o cargo no BNDES.
A jornalista Julia Dualibi, da GloboNews, escreveu em seu blog no G1 que esse cargo no BNDES, conformando-se a nomeação de Mercadante à Petrobras, já tem um nome cotado: Nelson Barbosa deve assumir o BNDES.
Barbosa foi ministro do Planejamento e da Fazenda no governo Dilma Rousseff, e é diretor de Planejamento do BNDES.
Entenda por que Prates deve ser dispensado da presidência da petroleira
A principal causa de instabilidade para a permanência de Jean Paul Prates na presidência da Petrobras surge predominantemente de dentro do próprio governo. Entre seus opositores mais proeminentes estão os ministros Alexandre Silveira, responsável pelas Minas e Energia, e Rui Costa, da Casa Civil.
Nas últimas semanas, o cerco contra Prates aumentou, e as ameaças à sua permanência no cargo atingiram um nível sem precedentes no governo Lula. A controvérsia se originou da postura do CEO em relação à distribuição dos dividendos extraordinários da Petrobras, adotada no início de março.
Prates defendia uma distribuição mais ampla desses dividendos aos acionistas, enquanto Lula e Silveira discordavam. Em 8 de março, uma sexta-feira, as ações da Petrobras despencaram 10% na Bolsa brasileira (B3) quando foi anunciada a decisão de se reter os dividendos. Essa notícia resultou em uma perda de quase R$ 56 bilhões em valor de mercado da empresa em um único dia.
Além disso, devido à mesma questão, Prates enfrentou contestações de representantes dos petroleiros, que têm direito a um assento no conselho de administração da empresa.
Petrobras: controvérsia sobre dividendos
No início de março, a diretoria da estatal apresentou ao conselho uma proposta para pagar metade dos R$ 43,9 bilhões em dividendos extraordinários aos acionistas da Petrobras, retendo a outra metade. Em teoria, essa solução parecia satisfazer a todos os envolvidos.
Entretanto, o conselho optou por reter toda a quantia em um fundo de reserva. Segundo o estatuto da empresa, esse fundo deve ser utilizado para remunerar os acionistas ou, se necessário, cobrir possíveis prejuízos. A proposta ainda está sujeita à aprovação da Assembleia Geral Ordinária, agendada para 25 de abril.
Nesta quinta-feira (4), as ações da Petrobras voltaram a oscilar fortemente com novos rumores sobre a saída de Prates da presidência. No mercado financeiro, os investidores inicialmente reagiram negativamente quando a CNN e a GloboNews divulgaram que o Planalto considerava o nome de Mercadante. No entanto, após a especulação de uma possível distribuição dos dividendos extraordinários, que estão reservados, as ações voltaram a subir.
Por volta das 18h, a Petrobras divulgou um comunicado sobre a questão dos dividendos.
A Petrobras afirmou após o fechamento do mercado nesta quinta-feira, 4, que não há decisão quanto à distribuição de dividendos extraordinários.
A petrolífera relembra que, no fato relevante divulgado no início de março, o Conselho de Administração da empresa propôs à Assembleia Geral Ordinária (AGO) que o valor de R$ 43,9 bilhões referente ao lucro remanescente do exercício de 2023 seja integralmente destinado para a reserva de remuneração do capital.
Dessa forma, a Petrobras informa que “a competência para aprovar a destinação do resultado, incluindo o pagamento de dividendos, é da Assembleia Geral de Acionistas, que será realizada no dia 25 de abril deste ano”.
O comunicado da empresa surge após rumores circularem no mercado na sessão de hoje, tratando da expectativa de que a estatal reveria a retenção do pagamento dos dividendos extraordinários. Em meio a outros fluxos de notícia sobre a empresa, os papéis deixaram a alta e fecharam em baixa de 0,46% (PETR3) e 1,41% (PETR4).
A Petrobras não é o único alvo do governo Lula em suas tentativas de influenciar a gestão de empresas. A Vale (VALE3) também enfrentou uma situação semelhante recentemente, sofrendo uma queda significativa no valor de mercado em março.