Petrobras busca conversar com economistas de presidenciáveis

Com o debate político cada vez mais acalorado e muitas vezes citando diretamente o futuro da Petrobras, seja para indicar sua privatização ou interferir mais no seu funcionamento, a direção da petrolífera decidiu procurar os candidatos para apresentar o estado atual da empresa.

Os encontros devem acontecer neste mês, antes das eleições, e estão sendo marcados. Os mensageiros da Petrobras serão três dos principais executivos da companhia, e sua mensagem será a mesma que costuma ser levada aos investidores: uma comparação da Petrobras em seu maior momento de crise, em 2014, e sua realidade agora, de recuperação financeira.

A coordenação do trabalho está nas mãos do diretor de Estratégia, Organização e Sistema de Gestão da Petrobras, Nelson Silva. Ele será acompanhado pelo diretor financeiro, Rafael Grisolia, e o diretor de assuntos corporativos, Eberaldo de Almeida Neto. A missão deles é mostrar que a dívida da empresa, que já chegou a R$ 500 bilhões, hoje se encontra em quase metade disso, e que há estratégias sendo executadas para equiparar a capacidade de investimento da estatal com as concorrentes até o início da próxima década.

O presidente da Petrobras, Ivan Monteiro, tem afirmado com bastante frequência que a gestão da companhia é independente e não sofre mais interferências do governo. Por exemplo, ministros e indicações políticas não tem mais lugar no conselho de administração, e decisões de investimento passaram a ser tomadas coletivamente.

Segundo economistas, a gestão da petrolífera de fato ficou mais independente. “A Operação Lava Jato causou um trauma e deixou o mercado mais vigilante e preocupado com a transparência”, afirma Gilberto Braga, professor de Economia e Negócios do Ibmec.

No entanto, isso não significa que possa haver interferência indevida na empresa por motivos políticos, no futuro. “A União tem poder majoritário entre os acionistas e um novo Presidente da República não teria dificuldade de mudar as regras internas mais uma vez”, afirma o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio. “Mas houve uma mudança na gestão corporativa e acredito que essa linha de preservação da empresa prossiga no próximo governo.”

Daniel Quandt

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