Petrobras (PETR4) perde R$ 34 bi em valor de mercado após saída de Prates; analistas apontam riscos com mudança de CEO

Após o anúncio da saída do presidente da Petrobras (PETR4), Jean Paul Prates, a empresa enfrentou queda no valor de mercado, nesta quarta-feira (15), perdendo R$ 34 bilhões em valor. As ações encerraram o dia com uma queda de mais de 6%, atingindo momentos críticos com mergulhos de até 8% para as preferenciais e quase 10% para as ordinárias.

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O impacto da baixa das ações da Petrobras se estendeu ao mercado acionário brasileiro, com o Ibovespa, índice de referência, caindo 0,38%, alcançando 128.027,59 pontos no fechamento, chegando a recuar para 127.029,30 no ponto mais baixo do dia. Enquanto isso, o dólar à vista registrou uma leve alta de 0,13%, encerrando o dia cotado a R$ 5,1368 na venda.

De acordo com dados da Elos Ayta Consultoria, a Petrobras viu seu valor de mercado caiir de R$ 543 bilhões para R$ 509 bilhões de um pregão para outro, o equivalente à capitalização da Hapvida (HAPV3).

No mercado de ações, as preferenciais (PETR4) fecharam o dia a R$ 38,40, com queda de 6,04%. No acumulado do ano, o papel apresenta uma valorização de 10,58%, enquanto nos últimos 12 meses, cresceu 84,31%. As ordinárias (PETR3) também sofreram uma queda, encerrando o dia com uma desvalorização de 6,78%, com valorização de 9,72% em 2024 e 69,92% em 12 meses.

Magda Chambriard, engenheira indicada pelo Ministério de Minas e Energia (MME), foi escolhida para assumir a presidência da Petrobras, sucedendo Jean Paul Prates, demitido pelo presidente Lula.

O conselho de administração da Petrobras, em fato relevante, anunciou a nomeação de Clarice Coppetti como presidente interina da companhia, após aprovar o término antecipado do mandato de Jean Paul Prates. Coppetti, diretora executiva de Assuntos Corporativos, deve assumir interinamente até a eleição e posse da nova presidente.

Essa troca de comando na Petrobras tem gerado análises divergentes entre os especialistas do mercado. Enquanto alguns destacam preocupações com a governança da empresa e seus reflexos negativos nas ações, outros apontam para aspectos que podem mitigar os riscos e impulsionar a performance financeira.

Citi diz que Petrobras tem capacidade de gerar caixa, mas alerta sobre riscos

A mudança na presidência da Petrobras levanta questionamentos sobre a continuidade dos pagamentos de dividendos, embora até o momento a estatal tenha mantido sua reputação como boa pagadora, diz relatório do Citi. Gabriel Barra, analista do banco, ressalta que a capacidade de sustentação desses pagamentos é uma incógnita.

Por outro lado, o Citi destaca os pontos positivos, incluindo a capacidade de geração de caixa da Petrobras, impulsionada pelo aumento da produção e dos preços do petróleo, além do controle do endividamento.

Outro aspecto positivo apontado é a crença dos investidores de que a Petrobras não conseguirá executar integralmente seu plano de investimentos, o que pode aliviar a pressão sobre suas finanças. A velocidade de implementação desse plano foi um dos motivos atribuídos à saída de Jean Paul Prates da presidência da estatal.

Entretanto, os analistas alertam para os riscos associados à mudança de liderança da Petrobras, apontando para a possível deterioração da governança como um fator negativo para as ações. Com esta sendo a 42ª mudança de CEO em 70 anos de história da empresa, a estabilidade executiva torna-se uma preocupação.

O Citi, em seu relatório, mantém uma recomendação neutra para as ações da Petrobras, destacando a expectativa de mudanças na alta administração no curto prazo, com a nova CEO assumindo o cargo em breve.

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BB-BI analisa trajetória de Prates, experiência de Chambriard e diz que investidores estão reféns de dois cenários

Os profissionais do Banco do Brasil (BB-BI) analisaram em relatório a trajetória e relevância de Prates na empresa. Lembram que o ex-presidente liderou a Petrobras por 16 meses, durante os quais alcançou vários marcos, incluindo recordes financeiros e operacionais. Pontuam que ele implementou mudanças importantes nas políticas comerciais e de dividendos da Petrobras, mantendo a empresa alinhada com padrões internacionais e reduzindo a volatilidade nos preços dos derivados.

Segundo o relatório, a mudança no comando ocorre logo após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2024 da Petrobras, que ficaram aquém das expectativas do mercado. No entanto, segundo os especialistas, as análises indicam que os fatores que contribuíram para esse resultado são considerados pontuais e refletem as condições de mercado.

“Como já ficou evidenciado em debates na mídia local, a mudança do comando está relacionada ao episódio da disputa sobre destino dos dividendos extraordinários, mas também passa pela escolha do presidente do conselho de administração e pela busca por um comando de perfil mais ‘nacionalista’, menos pró-mercado”, diz o analista do BB-BI, Daniel Cobucci.

Sobre a escolha de Chambriard, Cobucci pontua os 40 anos de experiência da profissional no setor, o que chamou de “uma escolha interessante em termos de experiência e adequação ao cargo”. No entanto, para ele, permanece a dúvida sobre qual será sua abordagem e mandato à frente da empresa.

Além disso, o relatório diz que um dos pontos de questionamento após essa mudança no comando da Petrobras reside na possibilidade de a companhia manter seu padrão de crescimento na produção com custos baixos, gerando boa geração de caixa e potenciais dividendos.

No entanto, há dúvidas sobre se o caixa gerado será direcionado para aumentar os investimentos acima do indicado pelo Plano de Negócios e Estratégia (PNE) atual. Esse cenário, conforme os estrategistas, poderia afetar o retorno dos projetos da Petrobras, levando os especialistas a preferir aguardar mais detalhes antes de manter ou alterar suas recomendações de compra para o papel.

Outro ponto destacado é a possível influência de um contexto político na mudança de comando da Petrobras. Caso essa seja a motivação por trás da alteração, espera-se que poucas mudanças concretas ocorram na estratégia da empresa. Nesse caso, os analistas mencionam a possibilidade de voltarem a recomendar a compra das ações da Petrobras, desde que os valores que atualmente norteiam o PNE (Plano Nacional Estratégico) da companhia sejam reafirmados.

Com base nesses cenários, o BB-BI diz que os investidores estão diante de uma escolha delicada. Eles podem optar por manter suas posições na Petrobras, seguindo a sugestão base, ou continuar adquirindo ações, mantendo a recomendação anterior. Essa última opção, segundo a análise, pode ser especialmente atrativa para aqueles que consideram os riscos mencionados como pouco expressivos, diante da possível continuidade da boa execução operacional e financeira que a Petrobras vem apresentando nos últimos anos.

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Murilo Melo

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